quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Iniciação - Templo Luís de Camões - 08/12/2011




Ornamentação do Templo Luís de Camões




Ven.'. M.'. Mario Dias de Mesquita



Ir.'. Antônio Carlos (Tuninho)



Nosso Ven.'. M.'. Feliz com os preparativos executados pelos IIR.'. de Nossa Loja




Ir.'. Paulo César Cabral




IIR.'. Paulo César e Paulo Barroso




Felicidades a Abraços de Toda Família Lazaro Zamenhof aos Iniciados:

Bruno Veloso de Mesquita

Bechara Joris Theme Neto

Roberto Medeiros Junior

A Lição de Fogo


Adaptação: Irmão Sergio Coaracy Pontes
Or.'. de Cacoal (RONDÔNIA)
 
Um irmão de uma determinada loja, ao qual freqüentava regularmente, sem nenhum aviso deixou de participar de suas atividades.

Após algumas semanas, o Irmão Hospitaleiro daquela loja decidiu visitá-lo. Era uma noite muito fria.

O Hospitaleiro encontrou o irmão em casa sozinho, sentado diante da lareira, onde ardia um fogo brilhante e acolhedor.

Adivinhando a razão da visita, o Irmão deu as boas-vindas ao Hospitaleiro, conduziu-o a uma grande cadeira perto da lareira e ficou quieto, esperando.

O Hospitaleiro acomodou-se confortavelmente no local indicado, mas não disse nada.

No silêncio sério que se formara, apenas contemplava a dança das chamas em torno das achas de lenha, que ardiam.

Ao cabo de alguns minutos, o Hospitaleiro examinou as brasas que se formaram e cuidadosamente selecionou uma delas, a mais incandescente de todas, empurrando-a para o lado.

Voltou então a sentar-se, permanecendo silencioso e imóvel.

O irmão prestava atenção a tudo, fascinado e quieto.

Aos poucos a chama da brasa solitária diminuía, até que houve um brilho momentâneo e seu fogo apagou-se de vez.

Em pouco tempo o que antes era uma festa de calor e luz, agora não passava de um negro, frio e morto pedaço de carvão recoberto de uma espessa camada de fuligem acinzentada.

Nenhuma palavra tinha sido dita desde o protocolar cumprimento inicial entre os dois irmãos.

O Hospitaleiro, antes de se preparar para sair, manipulou novamente o carvão frio e inútil, colocando-o de volta no meio do fogo.

Quase que imediatamente ele tornou a incandescer, alimentado pela luz e calor dos carvões ardentes em torno dele.

Quando o Hospitaleiro alcançou a porta para partir, seu anfitrião disse:

- Obrigado. Por sua visita e pelo belíssimo sermão. Estou voltando ao convívio da Loja. Que o G\A\D\U\ te abençoe!

Reflexão : Aos irmãos de uma loja vale lembrar que eles fazem parte da chama e que longe da maçonaria eles perdem todo o brilho. Aos Veneráveis vale lembrar que eles são responsáveis por manter acesa a chama de cada um e por promover a união entre todos os irmãos, para que o fogo seja realmente forte, eficaz e duradouro.

Versos de Ouro de Pitágoras

PREPARAÇÃO:

1- Aos Deuses imortais o culto consagrado

2- Rende; e tua fé conserva.Prestigia

3- Dos sublimes Heróis a imárcida lembrança

4- E a memória eteral dos supernos Espíritos.


PURIFICAÇÃO:

5- Bom filho, reto irmão, terno esposo e bom pai

6- Sê; para amigo o amigo da virtude

7- Escolhe, e cede sempre a seus dóceis conselhos;

8- Segue de sua vida os trâmites serenos;

9- Sê sincero e bondoso, e não o deixes nunca

10- Se possível te for:pois uma lei severa

11- Agrilhoa o poder junto à necessidade.

12- Está em tuas mãos combater e vencer

13- Tuas loucas paixões; aprende a domina-las.

14- Sê sóbrio, ativo e casto; as cóleras evita.

15- Em público, ou só, não te permitas nunca

16- O mal;e mais que tudo a ti mesmo respeita-te.

17- Pensa antes de falar, pensa antes de agir.

18- Sê justo.Rememora:um poder invencível

19- Ordena de morrer: e os bens e as honrarias,

20- Fáceis de adquirir, são fáceis de perder.

21- Quando aos males fatais que o Destino acarreta,

22- Julga-os pelo que são:suporta-os, procura,

23- Quão possível te seja, o rigor abrandar-lhes:

24- Os Deuses, aos mais cruéis não entregam os sábios.

25- Como a verdade, o erro adoradores conta.

26- O filosofo aprova, ou adverte com calma,

27- E, se o erro triunfa, ele se afasta, o espera.

28- Ouve e no coração grava as minhas palavras,

29- Fecha os olhos e o ouvido a toda prevenção;

30- Teme o exemplo de um outro, e pensa por ti mesmo:

31- Consulta, delibera e escolhe livremente.

32- Deixa aos loucos o agir sem um fim e sem causa:

33- Tu deves contemplar no presente o futuro.

34- Não pretendas fazer aquilo que não saibas.

35- Aprende: tudo cedo à constância e ao tempo.

36- Cuida em tua saúde: e ministra com método

37- Alimentos ao corpo e repouso ao espírito.

38- Pouco ou muito cuidar evita sempre; o zelo

39- Igualmente se prende a um e a outro excesso.

40- Têm o luxo e a avareza defeitos semelhantes

41- Deves buscar em tudo o meio justo e bom.


PERFEIÇÃO:


42- Que se não passe um dia, amigo, sem buscares

43- Saber:que fiz eu hoje?E, hoje,que olvidei?

44- Se foi o mal, abstém-te; e, se o bem, persevera.

45- Meus conselhos medita;e os estima;e os pratica;

46- E te conduzirão às divinas virtudes.

47- Por esse que gravou em nossos corações

48- A Tétrade sagrada, imenso e puro símbolo,

49- Fonte da natureza, e modelo dos Deuses,

50- Juro.Antes,porém,que a tua alma,fiel

51- A seu dever,invoque, e com fervor, os Deuses,

52- Cujo socorro imenso e valioso e forte

53- Te fará concluir as obras começadas.

54- Segue-lhes o ensino, e não te iludirás:

55- Dos seres sondarás a mais estranha essência;

56- Conhecerás de tudo o princípio e o termo.

57- E, se o céu permitir, saberás que a Natura,

58- Em tudo semelhante, é a mesma em toda parte;

59- Conhecedor assim de todos teus direitos,

60- Terás o coração livre de vãos desejos.

61- E saberás que o mal que os homens cilicia,

62- De seu querer é fruto; e que esses infelizes

63- Procuram longe os bens cuja fonte em si trazem.

64- Seres que saibam ser ditosos, são mui raros.

65- Joguetes das paixões, oscilando nas vagas.

66- Rolam, cegos, num mar sem bordas e sem termo.

67- Sem poder resistir nem ceder à tormenta.

68- Salvai-os grande Zeus, abrindo-lhes os olhos!

69- Mas, não: aos homens cabe, - eles, raça divina,

70- O erro discernir, e saber a Verdade.

71- A natureza os serve. E tu que a penetraste,

72- Homem sábio e ditoso, a paz seja contigo!

73- Observa minhas leis, abstêm-se das coisas

74- Que tua alma receie, em distinguido-as bem;

75- Sobre teu corpo reine e brilhe a Inteligência

76- Para que, te ascendendo ao Elter fulgurante

77- Mesmo entre os Imorais consigas ser um Deus!

O Balandrau

A - INTRODUÇÃO

Alguns IIR.'. defendem que o traje maçônico correto é o terno escuro, de preferência preto ou azul-marinho, especialmente em Sessões Magnas, sendo tolerado o uso do Balandrau. Outros, defendem a idéia de que tanto em Sessões Magnas, quanto Econômicas, pode-se usar apenas o Balandrau.
Ocorre que, no Brasil, com a sua formação católica, ainda de um passado recente, não se desligou ainda do “Traje de missa”. As instituições maçônicas dentro dessa mentalidade, ainda preconizam e algumas exigem até em Sessões Econômicas ou Administrativas, o traje formal completo e, ainda por cima negro, onde branca é só a camisa.
Devemos levar em consideração também, que o traje masculino sofreu e sofre variações, através dos tempos, inclusive de povo para povo. Em algumas partes do mundo, principalmente em regiões quentes dos Estados Unidos, os maçons vão às Sessões até em mangas de camisa.


B - A ORIGEM DO BALANDRAU

Balandrau – do latin medieval balandrana, designa a antiga vestimenta com capuz e mangas largas, abotoada na frente; e designa também, certo tipo de roupa usada por membros de confrarias, geralmente em cerimonias religiosas.
Embora alguns autores insistam em afirmar que o Balandrau não é veste maçônica, o seu uso, na realidade remonta a primeira das associações de ofício organizadas (Maçonaria Operativa), a dos “Collegia Fabrorum”, criada no século VI a.C., em Roma. Quando as legiões romanas saiam para as suas conquistas bélicas, os collegiati acompanhavam os legionários para reconstruir o que fosse destruído pela ação guerreira, usando nesses deslocamentos uma túnica negra. Da mesma maneira, os membros das confrarias operativas dos Franco-maçons Medievais (séc. XIV e XV), quando viajavam pela Europa Ocidental, usavam o Balandrau negro.
Segundo outros autores, o uso do Balandrau teve início nas funções do Primeiro Exp\, durante os trabalhos de Iniciação em que atendia o profano na C\ de RR\.

C - O PORQUE DO PRETO EM NOSSO TRAJE

Inicialmente devemos dizer que não existe “cor” Preta, e sim uma ausência de cor que forma o preto. Também podemos dizer que o Branco não é uma cor; este é composto por um conjunto de cores primárias.
Cor é Energia e Luz, segundo Leonardo da Vinci, Isaac Newton e Johann Kepler, que formularam teorias a respeito das cores, em tratados mundialmente conhecidos. O olho humano está limitado para perceber as emissões luminosas compreendidas entre 400 e 700 milimícrons. Dentro da luz visível temos dois extremos: Vermelho – com 718,5 milimícrons e a Violeta com 393,4 a 486,1 milimícrons.
Podemos observar que o Violeta é a cor de mais baixa freqüência dentro do espectro visível. Entretanto, como o Preto é a ausência de cor ele não está nesta escala. Mas sendo o Violeta a cor que mais se aproxima do Preto, e sendo o Violeta a cor de menor comprimento de onda, conclui-se que o Preto é ausência de cor, pois absorve todas as outras cores.

D - O PRETO COMO ABSORVENTE DE RADIAÇÕES

Várias são as ciências e filosofias que estudam as radiações físicas ou espirituais.
Fisicamente temos um exemplo prático: os tanques de combustíveis de uma refinaria, quando acondicionam gases metano, propano e outros, que não podem ser aquecidos, são pintados na cor branca ou prata, pois esta reflete a luz solar evitando o aquecimento. Ao contrário, existem fluídos que para manterem a viscosidade suficiente para serem transportados, como o óleo lubrificante, necessitam manter uma temperatura mínima. Nestes casos, os tanques são pintados de preto para absorverem calor da radiação solar.
No campo da Astronomia, temos os chamados buracos negros. De todas as teorias formuladas até hoje, temos uma única certeza: trata-se de uma região negra onde toda a forma de radiação, independente de sua freqüência é absorvida.
Do lado Esotérico temos várias fontes que empregam as cores como radiações benéficas. Mesmo no reino vegetal e animal, cada qual tem a sua vibração e cada vibração a sua cor. Tudo isso ficou provado com o invento da máquina Kirlian, com o qual podemos obter fotografias das “auras” das pessoas, plantas e objetos. Essas auras são coloridas.
Hoje temos a Cromoterapia, que utiliza de luzes de várias cores para “curar”. Muito utilizada na era de ouro da Grécia e no antigo Egito (Babilônia), Índia e China. Hoje sabemos que a cor pode curar, acalmar ou irritar, dependendo da sua freqüência.
No Espiritismo de Kardec sempre se utilizaram os passes magnéticos, que também são medidos em freqüência. Portanto, podemos afirmar que os passes magnéticos também emitem cor. Da mesma maneira que atuam as cores no processo de cromoterapia, os passes atuam nos Chacras ou Centros de força.

Segundo o espiritismo e a cromoterapia, os chacras são :

Ø BÁSICO – localiza-se na base da espinha dorsal. Capta a força primária e serve para reativação dos demais centros. Cores: roxo e laranja forte;

Ø GENÉSICO – localiza-se na região da púbis. Regula as atividades ligadas ao sexo;

Ø ESPLÊNICO – localiza-se na região do baço. Regula a circulação dos elementos vitais cósmicos que, após circularem se eliminam pela pele, refletindo-se na aura. Cores: amarelo, roxo e verde;

Ø GÁSTRICO – localiza-se no plexo solar, influi sobre as emoções e a sensibilidade e sua apatia produz disfunções vegetativas. Cores: roxo e verde;

Ø CARDÍACO – localiza-se no coração. Regula emoções e sentimentos. Cores: rosa e dourado brilhante;

Ø LARÍNGEO – localiza-se na região da garganta, regula as atividades ligadas ao uso da fala. Cores: prata e azul;

Ø FRONTAL – localizado na fronte, também conhecido como a terceira visão. Regula as atividades inteligentes, influi no desenvolvimento da vidência. Cores: roxo, amarelo e azul;

Ø CORONÁRIO – localiza-se na parte superior, no cérebro e tem ligação com a epífise. É o chacra de ligação com o mundo espiritual. Cores: branco e dourado.


E - A COR PRETA NA RITUALÍSTICA

Em nossas reuniões, dentro do Templo, muitas são as vibrações emanadas de todos os nossos IIrm\, sejam eles Offic\ou não. Principalmente durante a abertura do L\ L\ temos a formação da Egrégora. Este é um momento em que todos nós emitimos radiações, e ao usarmos a veste preta, estaremos absorvendo todas essas energias, reativando os nossos chacras.
Se examinarmos a ritualística, em uma Iniciação, por que o candidato não está nem nu nem vestido? Entre outras razões, é para que tenha seus chacras totalmente expostos para que emita e receba vibrações. Como está com os olhos vendados, sua percepção estará mais aguçada em todos os sentidos. Receberá todas as impressões sonoras, sentirá odores e nossas vibrações.
Nossa Bolsa de Proposta, tem seu interior negro. Assim, nada do que ali for depositado “sairá”, somente nossos VV\MM\ tem conhecimento do seu conteúdo, em primeira instância.

F – REGULAMENTO GERAL

No Regulamento Geral da Grande Loja do Paraná, no Cap. V - Das Sessões e Ordem de Trabalho nas Lojas :
Art. 95 - Nas Sessões Magnas é obrigatório o uso de traje escuro e gravata preta.
& 1º - Nas demais sessões o traje é o comum com paletó e gravata
& 2º - É permitido o uso de Balandrau, preto e longo, mangas largas e compridas e colarinho fechado.
& 3º - Uma vez adotado o uso do Balandrau, deve o mesmo ser generalizado a todos os membros da Loja, em todas as sessões.
Art. 94 – Em nenhuma sessão poderá o Obreiro apresentar-se sem estar revestido de seu avental.

G - CONCLUSÕES

Como vimos anteriormente, grande é a controvérsia do uso ou não de Terno ou na ausência deste, o Balandrau. No Brasil, e só no Brasil, convencionou-se o uso deste, e de acordo com os Estatutos de várias Obediências o Balandrau é “tolerado” em Sessões Econômicas.
Em um ponto, os IIrm\ têm opiniões coincidentes: o Balandrau é veste talar, deve ir até os calcanhares, e pode ser considerado um dos primeiros trajes maçônicos, sendo plenamente justificado o seu uso em Loja.
Se observarmos nosso padrão climático e o tecido mais leve, nos parece ser uma boa alternativa o seu uso. O Balandrau tira de nós a aparência de riqueza, do saber, da ambição, da vaidade, ao contrário de outra vestes talares, nos iguala e nos mostra que, independentemente de qualquer posição profana, somos todos iguais, todos IIrm\em todos os momentos.
Como havia dito, em algumas partes do mundo os maçons vão às sessões até em mangas de camisa, mas portando evidentemente o avental, que é o traje maçônico. E trabalham muito bem, pois a consciência do homem não está no seu traje: “o hábito não faz o monge”. Não é usando um traje formado por parelho (de “par” já que “terno” no dicionário é referente ao traje de três peças: calça, colete e paletó), que vai fazer o maçom.
Quando usamos Terno preto ou o Balandrau, permanecem descobertos nossos chacras: frontal, laríngeo e coronário. Assim poderemos emitir, receber e refletir vibrações diretamente em nossos centros de força, pois estes estarão descobertos. Em contrapartida, nosso chacras mais sensíveis estarão protegidos de enviar vibrações negativas durante os trabalhos.

 
H – CONCLUSÃO DAS CONCLUSÕES

Mas, cabe neste momento uma pergunta:
Todos nós durante os trabalhos irradiamos apenas boas vibrações?
- É claro que Não...
Portanto, podemos e devemos sempre reservar alguns minutos no Átrio (ou S\dos PP\PP\), preparando-se espiritualmente para nossa reunião. Se adentrarmos ao Templo, munidos de sentimentos inferiores e negativos, estaremos contribuindo para que não haja Harmonia e não ocorra um Trabalho J\ e P\.
“ A Consciência do Homem está no seu Interior ! ”

Bibliografia :
BRAGA FILHO, Fowler Theodoro – O Traje maçônico e a cor Preta, Revista A Trolha, Londrina, n.º 88, ano 1994;
CASTELLANI, José – Consultório Maçônico - Vol. VII – Ed. A Trolha, ano 2000;
CASTELLANI, José – Dicionário Etimológico Maçônico – Vol. I, Ed. A Trolha, ano 1997 (2a ed.);
CASTELLANI, José – O Venerável Mestre, Revista A Trolha, Londrina, n.º 86, ano 1993;
CORTEZ, Joaquim Roberto Pinto– A Indumentária, Revista A Trolha, Londrina, n.º 155 – pág. 38, ano 1999;
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda – Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Ed. Nova Fronteira, 1ª edição, ano 1988;
GRANDE LOJA DO PARANÁ - Regulamento Geral, Curitiba, ano 2002;
MARCELINO, George Washington T. – O Pavimento Mosaico, Revista A Trolha, Londrina, n.º 155 – pág. 28, ano 1999;
PUSCH, Jaime – ABC do Aprendiz, Ed. do Autor, Tubarão-SC, ano 1982;

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Tabernáculo: As Origens do Templo de Jerusalém

RESUMO: Este artigo procura tratar das origens do Templo de Jerusalém, considerado o símbolo da união entre os hebreus, a materialização da Aliança a representação do seu contato com Deus. A edificação deste Templo teve como base as medidas repassadas a Moisés no Monte Sinai, quando da entrega dos Mandamentos. Moisés edificou o Tabernáculo, um Templo portátil, que serviu de abrigo a Lei e ao culto enquanto os hebreus vagavam pelo deserto, até que conquistassem Canaã e erigissem o seu Templo definitivo, no Monte Moriá em Jerusalém, tarefa que coube ao Rei Salomão.

Texto concebido para apresentação em Sessão de Grau de Aprendiz Maçom na Aug\ e Resp\ Loj\ Simb\ "Cavaleiros da Luz" Nº 60, Or\ de Cornélio Procópio, filiada à GRANDE LOJA DO PARANÁ. Apresentação, ocorrida no dia 21 de Maio de 2003 da E\ V\.




Introdução:

Em um artigo recente, tratamos das “Escolas do Pensamento Maçônico”[1], sendo que colocamos sobre as origens da Maç\, realizando então um estudo breve sobre as citações que foram feitas pelo Ir\ Joaquim Gervásio de Figueiredo, historiador e pesquisador Maç\, em sua obra "Dicionário de Maçonaria". Nesta obra, colocou-se a sobre a importância do Antigo Testamento da Bíblia, para a simbologia maçônica:

" (...) As origens da Ordem Maçônica se perdem nas brumas da Antigüidade. Sendo que os escritores maçônicos do século XVIII especularam sua história sem o devido espirito critico ou cientifico, baseando seus conceitos em uma crença (quase) literal na história e na cronologia do Antigo Testamento (...)” (FIGUEIREDO: 1998, p239)

No conjunto do Antigo Testamento, destacamos a figura do Rei Salomão e do Templo de Jerusalém, primeiramente por ele edificado, como essenciais ao pensamento, a compreensão e a compreensão do ideal maçônico.

O Templo de Jerusalém, foi a grande obra arquitetônica dos hebreus, símbolo do orgulho e da unidade nacionais e no seu entorno concentraram-se as atividades pertinentes a vida religiosa e, como não poderia deixar de ser, e também a vida política da nação, como era característicos das sociedades do Antigo Oriente (GIORDANI: 1987, p247).

Os MMaç\ de uma forma geral atribuem uma importância extrema ao Templo de Jerusalém, em especial ao construído por Salomão, filho de Davi, Rei de Israel, confirmada esta importância por José Castellani:

" (...) Os Templos Maçônicos, da mesma maneira que as Igrejas, têm a sua origem no Tabenáculo Hebreu e no templo de Jerusalém; a semelhança entre eles e as igrejas é devida ao fato de ambos serem construídos, na Idade Média e no Início da (Idade) Moderna, pelo Maçons de ofício, que eram, principalmente construtores de templos, membros de associações monásticas ou de associações leigas dirigidas pela Igreja. Sendo a Igreja herdeira direta do judaísmo, não é de se estranhar que seus Templos fossem baseados no santuário de Jerusalém

Analisando-se as duas construções religiosas hebraicas, pode-se Ter uma idéia de sua influência sobre a orientação e a decoração dos Templos Maçônicos (...)” (CASTELLANI: 1996, p163)

Todas as atribuições simbólicas do Templo em Jerusalém, talvez não poderiam ser todas exemplificadas neste trabalho, que se pretende seja realizado em nível de Aprend\Maç\, e que apresenta como o objetivo principal e central, realizar um estudo, sobre a construção deste Templo, sua importância para a consolidação do monoteísmo judaico e para a Simbologia Maç\. Inicialmente trataremos do Tabernáculo Hebraico, posteriormente utilizado como modelo por Salomão, na edificação do Templo, que foi reconstruído pelo menos outras duas vezes.

Tabernáculo - O Templo Precursor:
 
     O Tabernáculo Hebraico, cujo nome em grego significa Tenda (em hebraico, suká), era o santuário (mishcán) usado pelos hebreus quando eram nômades e vagavam pelo deserto após a saída do Egito. Chamado também de Tenda da Reunião, era no Tabernáculo que eram realizados os serviços religiosos, até a chegada em Canaã. O Tabernáculo era, portanto, um Templo móvel, que podia ser montado e desmontado conforme as necessidades de transferência dos povos nômades. Segundo a Bíblia, Moisés recebeu no Monte Sinai as instruções para construir este Templo portátil, para a guarda da lei e que deveria acompanhar o povo durante a sua peregrinação (CASTEL-LANI: 1996, p163).

As medidas do Tabernáculo, como já dito, teriam sido repassadas por Deus (Javé) diretamente a Moisés e serviram de referência para a construção do Templo em Jerusalém, e para as demais reconstruções que se fizeram necessárias e possíveis:

" (...) Este Santuário consistia num templo em tenda e num único átrio circundante

O Templo tinha 30 CV de comprimento por 10 CV de largura e de altura. Na fachada, tinha 5 colunas; uma parte superior de 4 CV de cortina caindo sobre as colunas, como se fosse um entablamento; e uma cortina de abrir e fechar, do cimo das colunas até ao fundo, que tapava os restantes 6 CV de baixo. No interior, era dividido em 2 compartimentos: o Santo, de 20 CV de comprimento por 10 de largura e de altura; e o Santo do Santos, com 10 CV de comprimento, de largura e de altura. Entre o Santo e o Santo dos Santos, havia 4 colunas e uma outra cortina dependurada do cimo ao fundo, que servia de porta.

Caixa de texto: O átrio tinha 100 CV de comprimento por 50 CV de largura, e era cercado por cortinas de 5 CV de altura, presas em colunas espetadas no chão. A cortina da porta era a oriente e media 20 CV de largura por 5 CV de altura. Era uma porta tripla, com 2 colunas no meio e outras 2 a delimitá-la dos lados. As cortinas que circundavam o átrio mediam, portanto, metade da altura do Templo.

O altar dos holocaustos era de bronze e media 5 CV de comprimento e de largura por 3 CV de altura. Não teria, portanto, nenhuma rampa
Confirmando as dimensões e o formato do Tabernáculo Hebraico, Castellani coloca que o mesmo era formado por um série de quatro tendas sobrepostas, sendo a mais interior delas o “Santo dos Santos”, onde ficava guardada a Arca da Aliança.

Confirmação da Existência do Tabernáculo:

Durante muito tempo a maioria dos estudiosos achavam que o Tabernáculo seria apenas uma lenda, um mito criado pelos hebreus e posteriormente incorporado a Bíblia. A confirmação de que povos do Oriente Médio utilizavam-se de Templos em forma de tenda, foi conseguida pelo arqueólogo israelense Beno Rothenberg, que descobriu um pequeno ídolo em forma de serpente de bronze que era cultuado em um santuário em forma de tenda, na região bíblica das minas de cobre, em Timna:
"(...) Quanto a serpente de bronze, trata-se de um sinal, de forças mágicas para curar os feridos (...) até no Templo em Jerusalém teria existido a efígie de tal ídolo (...) um sábio alemão, H. Gressmann, opinou que a “serpente de bronze” bíblica deve ser proveniente dos mitannitas, como os quais os israelitas entraram em contato, em sua passagem pelo deserto.

Segundo a Bíblia, os mitannitas descendiam de Quatura, mulher de Abraão (...) e Jetro, um sacerdote mitannita, era o sogro de Moisés, cujas palavras e conselhos o genro ouviu e aceitou (...)Teria sido Jetro que os israelitas deviam o estranho culto da serpente

A pequena e delicada serpente, de brilho dourado, estava no tabernáculo de um santuário de tenda. Esse detalhe constitui o coroamento da descoberta, feita por Rothemberg, pois com esse achado marcou um tento arqueológico-bíblico de extraordinário alcance, visto que desde o século XIX críticos da Bíblia das mais diversas tendências e ‘escolas’ sempre puseram em dúvida a existência daquele santuário, do tabernáculo, do qual a Bíblia fala tão explicitamente e fornece tantos detalhes (...)” (KELLER: 2000, p168-169)


Foram encontrados os buracos dos postes, e até mesmo pedaços dos tecidos dos toldos. Estes achados vieram a confirmar primeiro a existência e por fim a utilização destes santuários móveis pelos povos dos desertos, para a realização de seus trabalhos religiosos.

Conclusões:

O que nos cabe por fim destacar em relação ao Tabernáculo de Moisés, é que suas medidas foram depois transpostas para a construção que o Rei Salomão conduziu no Monte Moriá, e que se transformou no símbolo da unidade judaica: o Templo de Jerusalém.

Outra conclusão é resta muitos pontos a pesquisar sobre o Tabernáculo, principalmente sobre os instrumentos e objetos utilizados no culto, com certeza muito se encontraria em relação a Ordem Maçônica.

Outro ponto a destacar, é o fato de que devido a complexidade do tema “Templo de Jerusalém”, outros artigos deveram ser escrito em continuidade a este sobre o Tabernáculo, artigos que já estão sendo trabalhados por sinal e que em breve deverão ser expostos e divulgados e agrupados a este em uma publicação maior.


BIBLIOGRAFIA:


CAMINO, Rizzardo da; CAMINO, Odéci Schilling da. Vade Mécum do simbolismo Maçônico. São Paulo: Madras, 1999;

CASTELLANI, José. O Rito Escocês Antigo e Aceito: História, Doutrina e Prática. 2ª ed, Londrina: A Trolha, 1996;

CERONI, Marcello Francisco. O Surgimento da Maçonaria. Brasília: Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil (CMSB), 2000;

FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. Dicionário de Maçonaria. São Paulo: Editora Pensamento, 1998,

GIORDANI, Mário Curtis. História da Antiguidade Oriental. 8ª ed. Petrópolis: Vozes, 1987;

GRANDE LOJA DO PARANÁ. Maçonaria: um informativo para quem não é maçom. Curitiba: Grande Loja do Paraná, 2000;

KELLER, Werner. E A Bíblia Tinha Razão. 25ª ed. São Paulo: Melhoramentos, 2000.

KOSHIBA, Luiz. História: origens, estruturas e processos. São Paulo: Atual, 2000

LINHARES, Marcelo. História da Maçonaria: Primitiva, Operativa e Especulativa. 2ª ed. Londrina: A Trolha, 1997.

O TEMPLO PROVISÓRIO DE MOISÉS: Tenda da Reunião. Disponível em Acesso em 10 Mai 2003;

    · Obreiro do Quadro da Aug\ e Resp\ Loj\ Simb\ "Cavaleiros da Luz" Nº 60, Or\ de Cornélio Procópio, Auspiciada pela GRANDE LOJA DO PARANÁ, tendo sido iniciado em 25 de junho de 1997, Secretário por duas vezes e atual Chanceler;

· Professor Graduado e Pós-Graduado em História e Geografia;

· Docente do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná - CEFET-PR, Unidade de Cornélio Procópio;

· Docente do Quadro Próprio do Magistério da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, lotado no Colégio Estadual “Castro Alves” Ensino Fundamental, Médio e Profissional, em Cornélio Procópio.

O Despertar da Consciência

Arthur Aveline - MM, ARLS Dos Obreiros da Arte Real nº 154
Porto Alegre - RS, GLMERGS

O progresso da Humanidade tem seu início na aplicação das leis de justiça, de amor e de caridade. Princípios sempre defendidos por nossa Sublime Instituição que, justamente por isso, é considerada progressista. Aonde não há Justiça e amor vigora a barbárie e a violência. A Justiça nada mais é do que o respeito ao direito de cada um. É a base para a convivência em sociedade, por conseqüência, mola mestra do desenvolvimento. O amor, por sua vez, substituiu o personalismo. É o triunfo sobre o ego, já que o amor, por definição, é incondicional e não exige retorno.





O amor, juntamente com a Justiça, é outra conquista importante do homem no interminável processo de evolução. O amor é elemento fundamental — um verdadeiro alicerce — na formação de uma personalidade sadia; gera e incentiva um comportamento equilibrado. Uma criança amada é mais confiante em si mesma, tem mais auto-estima, por isso desenvolve seu potencial de forma mais uniforme e rápida, transmitindo aos seus semelhantes o amor recebido.
Amar é ser consciencioso e fazer aos outros apenas o que deseja para si. Amar é compreender as fraquezas e defeitos do outro, é relevar seus erros e saber perdoar. Quem cresce sem amor fatalmente será um adulto seco e desprovido de compaixão, com um senso de justiça deturpado e deficiente.
A caridade é o terceiro ponto desse alicerce, estendido para outras fronteiras além do círculo familiar e fraternal do Homem e do Maçom. Para se viver a caridade precisa-se desenvolver virtudes.
E o que é virtude? Nosso rituais definem muito precisa e apropriadamente o que vem a ser virtude: "é uma disposição da alma que nos induz à prática do bem".
Construir Templos à virtude é cultivar a permanente disposição para querer o bem, é ter a coragem de assumir valores e enfrentar os obstáculos que dificultarão a subida, rumo ao conhecimento.
Logo, para vivenciar a justiça, o amor e a caridade é necessário antes de tudo ser virtuoso.
Platão, no século V a.C., já mostrava a virtude como esforço de purificação das paixões. Dizia que o compromisso do homem virtuoso está vinculado à razão que determina o exercício prático, o domínio do corpo.
Para Aristóteles, a virtude é a eqüidistância entre dois vícios: um por excesso, outro por falta. Ele nos alerta sobre a necessidade de sermos prudentes e buscarmos o justo meio, sem o excesso e sem a falta.
Só conseguiremos o justo meio a partir da reflexão sobre as duas partes, utilizando a razão, a justiça e o amor pra não haver enganos, a partir do auto-conhecimento, que nos proporcionará a consciência da nossa realidade atual, e assim, saindo das sombras da ignorância, poderemos atingir elevados patamares, desenvolvendo valores conquistados.
Esses valores e virtudes, indispensáveis no Maçom, são conquistados através da vontade, imbuída de razão. Se temos direitos, temos também deveres, e não somente para com os nossos IIr.:, para com nossos familiares, para com a sociedade, mas principalmente para com nós mesmos, para com o nosso trabalho interior, para o desbaste de nossa Pedra Bruta. A síntese desses deveres está em cumprir com nossa obrigação, para conosco e para com nossos Irmãos. Não podemos somente ser Luz no caminho alheio, temos que, antes de nada, ser Luz no nosso próprio caminho.
Muitas vezes esquecemos de olhar para nós mesmos, em se tratando de mudanças e transformações. Exigimos que os outros mudem, sem no entanto, fazer nada para sair de onde estamos. Não deve haver lugar em nossos Templos para a hipocrisia, para a luta pelo poder, para a vaidade.
E a virtude onde fica? E a Fraternidade, o objetivo de servir, de ser caridoso? Será que esse nunca foi o objetivo? Teria sido apenas uma Luz que se apagou? Onde estão nossos valores, sempre ensinados mas nem sempre empregados?
Na verdadeira Maçonaria não deve haver espaço para brigas por cargos, para a disputa política. A verdadeira Maçonaria é aquela em que vivenciamos o Amor, a Fraternidade, a Verdade, o Dever e o Direito. A verdadeira Maçonaria é aquela que nos proporciona o prazer indescritível de abraçar um Irmão; é aquela que faz com que a convivência fraternal seja um prazer e não uma obrigação semanal.
Precisamos reavaliar nossas atitudes, nossos comportamentos e valores. Estamos realizando o trabalho que chamamos maçônico com respeito e humildade ou com arrogância e orgulho? Estamos realmente cumprindo o que juramos, de forma livre, quando conhecemos a V.: L.:? Estamos realmente cavando masmorras ao vício e levantando Templos à virtude?
Nossa Ordem precisa sair do imobilismo que se encontra. Precisamos, com união e respeito, debater mais nossos problemas em Loja; precisamos aprender a criticar e, principalmente, aprender a ouvir críticas; precisamos, acima de tudo, ser mais tolerantes com os outros e menos tolerantes com nós mesmos; precisamos desbastar nossa Pedra, não a do nosso Irmão.

As Quatro Virtudes Cardiais

Virtude = tendência para o bem, que deve ser ensinada, vigilantemente, desde os primeiros anos de vida.
O número 4, segundo Pitágoras, representa a justiça pois 4 corresponde a soma de dois números pares e iguais (2 + 2), o quadrado também cumpre a mesma função. Justiça: idéia de proporcionalidade, medida, adequação. A virtude das virtudes, já que sua completa realização corresponde ao bem comum. O bem que não é só meu, nem teu, mas que inclui a comunidade, beneficiando a cada um e a todos, simultaneamente.
A justiça aponta para a finalidade da ação e a prudência é a mestra do como fazer: "Para bem agir, é necessário não apenas fazer algo, mas fazer como se deve, ou seja, é necessário agir de acordo com uma opção bem regrada e não apenas por impulso ou paixão." Esta frase de São Tomas de Aquino resume aquilo que é o agir virtuoso: a prudência.
Todavia, a vida nos coloca situações onde o exercício da prudência torna-se difícil. É necessário seguir em frente, sem titubear, mesmo não sentindo a força suficiente para tanto. Nestes momentos, se faz presente a coragem. Coragem virtude de iniciar, de buscar novos caminhos, de não nos imobilizarmos. Afrontar o perigo, mas com prudência (não em excesso), sem se deixar levar pela covardia, nem seduzir pela temeridade.
Justiça, prudência, coragem já temos um triângulo. Falta uma última para fecharmos o quadrado.
A virtude restante fala do contentamento com o uso de nossos prazeres sensuais (comer, beber, cheirar, transar, olhar...) virtude busca do bem. O bem a forma justa, adequada, harmoniosa. Como temperar uma salada: o azeite, o sal, o limão, a mostarda, o gergelim. Todos os temperos devem estar proporcionais, nem mais, nem menos. A medida certa, saborosa. A quarta virtude é a temperança.
Temperança, que para mim, tempera as outras três virtudes (justiça, prudência, coragem) todas vivenciadas na justa medida. Deste modo, o quadrado circula e as quatro virtudes transformam-se numa só. Qual?
Para ela não temos um conceito definido, é só uma idéia. As quatro virtudes cardeais são uma só, formam um quadrado mutante que circula para o bem do planeta.

A Interpretação e o Entendimento dos Símbolos

Ir\ Roberto Bondarik, bondarik@cp.cefetpr.br
A\R\L\S\ “Cavaleiros da Luz” nº 60 - G\ L\ P\, Oriente de Cornélio Procópio – Estado do Paraná

RESUMO: Baseado na análise de um texto escrito pelo português Fernando Pessoa, o presente trabalho realiza uma estudo sobre as cinco condições ou qualidades para o perfeito entendimento e interpretação dos símbolos. Estas condições seriam a Simpatia, a Intuição, a Inteligência, a Compreensão e a Graça ou Revelação. Seu conteúdo pode ser aplicado aos símbolos das mais diversas origens, tanto maçônicas, religiosas ou profanas.
PALAVRAS-CHAVE: Símbolos; Simbologia; Maçonaria;
1 - INTRODUÇÃO:
A Ordem Maçônica baseia os seus muitos princípios e os seus diversos ensinamentos em símbolos e rituais. Podemos afirmar que uma das principais características da Maçonaria, seja justamente aquela de procurar velar e proteger os seus muitos segredos dos olhos daqueles que ainda sejam considerados profanos. A maneira encontrada pela Ordem Maçônica para ministrar os seus muitos segredos e ensinamentos aos seus Iniciados, é procurar sempre faze-lo utilizando-se de símbolos e metáforas (CAMPANHA, 2003, p.38). Esta Simbologia Maçônica, sua interpretação e o seu entendimento são as ferramentas utilizadas pelos maçons para os seu constante escavar de masmorras ao vício e no seu permanente edificar e levantar de templos às virtudes:
“Para tornar sua doutrina mais facilmente assimilável, como também para inspirar conceitos mais amplos, a Maçonaria transmite seus ensinamentos por meio de símbolos. Cada maçom vê nestes símbolos conforme o seu grau de evolução, sem contudo afastar-se dos fundamentos da doutrina (...)” (GRANDE LOJA DO PARANÁ, 2000, p.3).
Em seu “Dicionário de Maçonaria”, uma obra que consideramos fundamental, Joaquim Gervásio de Figueiredo, nos coloca uma interessante definição da Ordem Maçônica, em que procura destacar a importância da utilização de símbolos para a difusão dos princípios maçônicos:
“A Maçonaria é um sistema sacramental que, como todo sacramento, tem um aspecto externo visível, consistente em seu cerimonial, doutrinas e símbolos, e acessível somente ao maçom que haja aprendido a usar sua imaginação espiritual e seja capaz de apreciar a realidade velada pelo símbolo externo (...)” (FIGUEIREDO, 1998, p.231).
Na Maçonaria a maior parte dos símbolos e metáforas que são utilizados, provêm da antiga atividade profissional e corporativa dos pedreiros medievais. Construtores que eram, principalmente de Igrejas, grandiosas Catedrais, sólidos castelos e fortalezas, os pedreiros medievais organizados em uma Corporação[1], constituíam a Maçonaria Operativa que evoluiu para as Organizações Maçônicas Simbólicas e Especulativas contemporâneas:
Podemos, com base no trabalho desenvolvido pelos pedreiros medievais, concluir que existiam três diferentes grupos de instrumentos operativos. Cada um destes instrumentos estava ligado a uma das fases da construção. Cada fase exigia do construtor um nível diferente de conhecimento para a sua execução e finalização:
· A medição ou especificação do tamanho e do formato das pedras;
· O desbaste, adequação das formas e o polimento para dar o acabamento adequado às pedras;
· A aplicação e o assentamento das pedras na construção.
Estes conjuntos de instrumentos necessários a execução de cada etapa da obra., indicam na Ordem Maçônica, simbolicamente os diversos Graus que nela existem. Cada Grau, representa dentro da organização de cada Rito Maçônico, todo um conjunto de conhecimentos que são considerados necessários ao aperfeiçoamento e ao crescimento moral e ético dos Maçons.
Uma das muitas certezas que a vida em sociedade e a evolução do conhecimento humano nos deram, foi a de que nem todos os homens assimilam de maneira semelhante as mensagens da Simbologia Maçônica. Como se coloca em alguns rituais: devemos pensar mais do que falamos. A reflexão e a conseqüente meditação são essenciais a compreensão da linguagem maçônica. O avanço pelos diversos graus, portanto não deve ser considerado pelo tempo que esta sendo empregado, não devem ser conduzidos pela pressa. o que deve ser levado em conta é o esforço individual e o desprendimento pessoal de cada Maçom, conforme o seu potencial e capacidades para poder galgar com segurança e sabedoria os degraus da Escada de Jacó.
A linguagem simbólica ou metafórica é característica das sociedades iniciáticas, pois exige-se do interprete dos símbolos, na maioria das vezes um conhecimento que somente será possível existir, se este já for um iniciado naqueles mistérios, cujos símbolos se pretende analisar. Este contato possibilita uma maior familiaridade e um convívio mais profundo e significativo. E este é, ao nosso ver o caso da Maçonaria.
“Herdeira espiritual das Sociedades Inciáticas da Antigüidade, a Maçonaria perpetua o tradicional método iniciático na ensinança de suas doutrinas. Por este sistema que se funda no simbolismo, isto é, na interpretação intuitiva dos símbolos, o ensino maçônico torna-se muito pessoal e praticamente autodidático. É com efeito, como tão bem explicou o eminente escritor maçom J. Cornelup: ‘ O próprio de um símbolo é de poder ser entendido de várias maneiras, segundo o ângulo sob o qual ele é considerado’, de modo que ‘um símbolo admitindo apenas uma única interpretação não será verdadeiro símbolo’ (...)”. (ASLAN, 2000, p.5).
Procuramos considerar neste trabalho, que a Maçonaria seja acima de tudo e antes de qualquer outra consideração a seu respeito, apresentada como uma sociedade iniciática. O indivíduo, que é denominado simplesmente de profano, somente consegue adentrar a Maçonaria através de um cerimonial próprio de iniciação[2]. A cerimônia de Iniciação, somente encontra paralelos quando é comparada a um “Rito de Passagem”, evento comum a muitas culturas e mesmo civilizações ao longo da história.
“(...) os ritos de passagem se associam às grandes mudanças na condição do indivíduo. As principais transições marcadas por estes ritos são o nascimento, a entrada na vida adulta, o casamento e a morte.
Tais ritos costumam simbolizar uma Iniciação. O nascimento é a iniciação na vida, enquanto a morte é a iniciação em uma nova condição no reino dos mortos, ou na vida eterna.
De uma forma ou de outra, todas as sociedades tem ritos de passagem, mesmo aquelas em que a religião não desempenha nenhum papel na vida pública. Em geral, é grande a importância deles nas culturas agrárias, nas religiões primais. Nestas, os ritos de passagem estão claramente ligados às noções de tabu. Tabu é uma palavra polinésia adotada pelo historiadores da religião para indicar uma severa proibição, restrição ou exclusão, e se aplica a algo que é considerado perigoso ou impuro (...)” (HELLERN, 2000. p.28)
Partindo deste pressuposto, podemos colocar que a ocasião representada pela Iniciação Maçônica, pode ser concebida como um novo nascimento, ou ainda mais claramente, trata-se de um nascimento maçônico, onde o neófito é submetido a diversas provas ritualísticas, que irão demonstrar a sua coragem, força de espirito e determinação em adentrar a ordem:
“(...) O iniciado é pois um homem que se libertou de paixões, de constrangimentos e de superstições, pode avançar no desconhecido, nas trevas da ignorância, apoiado no conhecimento que ganhou sobre si próprio e sobre a Natureza, e depois partilhar com outros este estádio de elevação da sua consciência.
O iniciado é pois alguém que atingiu a Luz, a compreensão de si, dos outros e da Natureza, e assim goza com discrição do saber e o poder adquiridos, antecipa o futuro, trabalha o presente, e recorda-se do passado. O verdadeiro iniciado não se abate, não desiste, não se rende aos homens sem espiritualidade (...) A iniciação maçônica é típica das sociedades secretas, em especial das corporações de mesteres da idade média (...)” (CARVALHO, 2002, passim)
2- SIMBOLOGIA:
Os símbolos aliados às metáforas e a prática da analogia sempre foram utilizadas na transmissão de informações e mensagens, principalmente aquelas que são consideradas religiosas ou até mesmo esotéricas. Assim foi com o cristianismo ao longo de sua evolução, e também com a imensa maioria das religiões que existem na atualidade ou que já existiram. Uma cerimônia religiosa ou ritual é um exemplo prático da riqueza representada pelos símbolos, bem como da sua utilização, assunto a que fazemos referência neste trabalho.
“(...) A cerimônia religiosa desempenha um papel importante em todas as religiões (...) invoca-se ou louva-se um deus ou vários deuses, ou ainda manifesta-se gratidão a ele ou a eles. Tais cerimônias religiosas, ou ritos, tendem a seguir um padrão bem distinto, ou ritual (...)” (HELLERN, op. cit., p. 25).
Ao analisarmos o conjunto das cerimônias pertencentes e próprias de uma religião, qualquer que seja ela, conhecido também como culto ou liturgia, encontraremos ai o maior número das representações simbólicas desta mesma religião:
“(...) A palavra culto (do verbo latino colere ‘cultivar’) é empregada em geral para significar ‘adoração’, mas na ciência das religiões é um termo coletivo que designa todas as formas de rito religioso (...)” (Idem).
O objetivo do culto é procurar promover ou mesmo estabelecer um contato efetivo entre o fiel, a pessoa que crê, e o sagrado, o divino, o sobrenatural, enfim um contato com Deus ou ainda com os deuses cultuados. Neste ponto é que reside a sua maior representação simbólica. A prática dos cultos costuma ser efetivada em locais que também são considerados dotados e revestidos por um profundo valor simbólico, como os templos, as mesquitas, as igrejas e as sinagogas. Procurar explicitar e analisar as causas do surgimento das religiões e do misticismo[3] entre os homens, neste trabalho, seria uma realização com certeza de extrema importância e utilidade. Porém, acabaríamos por certo fugindo ao objetivo central e principal deste trabalho que se apresenta como sendo o de procurar estudar e entender a forma de utilização e também a utilidade dos símbolos e da linguagem simbólica.
Cabe-nos também aqui procurar destacar que a Ordem Maçônica, ou simplesmente Maçonaria, não é todavia e muito menos pode vir a ser encarada como uma religião[4]. Nem mesmo pode ser considerada um sociedade dogmática[5]. A Maçonaria, porém, utiliza-se em seus diversos rituais e em sua simbologia própria, influência de muitas outras religiões e seitas que existiram ou ainda existem no mundo. Esse aspecto em particular da Ordem Maçônica, já foi também afirmado por José Castellani em diversas oportunidades:
" (...) Embora a Maçonaria não seja uma religião e nem seja uma ordem mística, ela utiliza, em seus rituais, na sua simbologia e na sua estrutura filosófica e doutrinária, os padrões místicos de diversas seitas, associações e civilizações antigas, principalmente os relativos às religiões e às ordens iniciáticas de cunho religioso daqueles povos que representaram o alvorecer das civilizações e que representam o alvorecer das civilizações e que concentravam, desde o século V a. C., em torno dos rios Tigre e Eufrates e do Mar Mediterrâneo. (...) [A Maçonaria] nascida em sua forma moderna, nas asas das aspirações liberais e libertárias dos povos subjulgados pelo poder real absoluto e pelos privilégios do clero, ela, também, é liberal e libertária, evolutiva e adaptável às épocas, racional e democrática. Para armar todavia, a sua doutrina moral, ela buscou o simbolismo nascido da mística de civilizações perdidas na noite dos tempos; e o simbolismo, fonte de espiritualidade oculta, será, sempre, por mais que a cibernética e a materialidade dominem o mundo, uma LUZ no caminho da humanidade (...)” (CASTELLANI: 1996. p.92)
3 – CONDIÇÕES PARA O ENTENDIMENTO DOS SÍMBOLOS:
Sobre a interpretação e o correto entendimento dos símbolos, bem como dos próprios ritos ou rituais, quer sejam eles religiosos ou mesmo filosóficos, Fernando Pessoa teceu algumas poucas, mas mesmo assim muito importantes considerações. Cabe, no entanto ressaltar, antes de qualquer outra consideração, que Fernando Pessoa é um dos mais importantes escritores da língua portuguesa de todo o século XX. Segundo ele próprio, que por diversas vezes claramente destacou, nunca pertenceu a Maçonaria, apesar de nutrir por esta instituição um profundo respeito, consideração e apreço. Em um artigo jornalístico, intitulado “Associações Secretas: Análise Serena e Minuciosa a Um Projeto de Lei Apresentado ao Parlamento[6]”, e publicado no Diário de Lisboa no início do ano de 1935, Fernando Pessoa faz uma defesa e uma apologia muito bem fundamentada da Maçonaria e dos direitos do homem. Porém ele procura enfatizar de maneira bastante clara a sua condição de não maçom, destacando as dificuldades advindas de tal condição. Ele destaca as barreiras e limitações naturais que são encontradas por aqueles que não pertencem à Ordem Maçônica, para pesquisar sobre os seus conteúdos e os seus muitos mistérios:
“(...) Não sou maçom, nem pertenço a qualquer outra Ordem semelhante ou diferente. Não sou, porém, anti-maçon, pois o que sei do assunto me leva a ter uma idéia absolutamente favorável da Ordem Maçônica (...) assunto muito belo, mas muito difícil, sobretudo para quem o estuda de fora (...)” (PESSOA, 1935, passim).
Fernando Pessoa em uma nota preliminar ao seu livro “Mensagem”, disponibilizado no site da Loja São Paulo nº 43 (http://www.lojasaopaulo43.com.br/referencias.php), nos coloca aquelas que seriam consideradas como as cinco condições básicas ou qualidades necessárias para a mais perfeita interpretação e compreensão dos símbolos:
“O entendimento dos símbolos e dos rituais (simbólicos) exige do intérprete que possua cinco qualidades ou condições, sem as quais os símbolos serão para ele mortos, e ele um morto para eles. (PESSOA: 2003, passim)
Estas cinco condições ou qualidades fundamentais ao entendimento dos símbolos e da linguagem simbólica e que são expostas, listadas e qualificadas por Fernando Pessoa, seriam as seguintes:
· Simpatia;
· Intuição;
· Inteligência;
· Compreensão;
· Graça ou Revelação.
4 – SIMPATIA:
A primeira destas condições que nos são apresentadas e exaustivamente explicitadas por Fernando Pessoa, trata-se da Simpatia:
“(...) A primeira é a simpatia; não direi a primeira em tempo, mas a primeira conforme vou citando, e cito por graus de simplicidade. Tem o intérprete que sentir simpatia pelo símbolo que se propõe interpretar. (...)” (PESSOA: 2003, passim)
Em primeiro lugar, por simpatia, devemos entender e procurar compreender a afinidade e a atração natural que sentimos pelo símbolo que nos é apresentado. Parece-nos óbvio que somente um símbolo que promova uma atração para o interprete e que lhe pareça simpático, poderá transmitir alguma mensagem que lhe sirva como um ensinamento. Como uma das muitas provas desta colocação, apresentamos o caso que é representado pela “Cruz Suástica”, que foi usada como um símbolo, dístico e emblema pela Alemanha Nazista, hoje a suástica nos representa apenas o ódio e a intolerância racial. Tornou-se um símbolo emblemático e odioso do totalitarismo e da opressão, mesmo que alguns estudiosos e escritores tentem destacar o seu original ou inicial significado simbólico de progresso. Causa-nos estranheza o fato de que alguns escritores mesmo aqueles que são maçons, tenham tentado constantemente, mesmo que de maneira inconsciente reabilitar a suástica.
Dentro ainda da análise deste conceito de simpatia e em relação a Ordem Maçônica, podemos, como um exemplo simples, rapidamente analisar o significado do Esquadro e do Compasso justapostos e aquilo que a nós representam. Apenas não iremos no entanto procurar considerar ou nos aprofundarmos muito na análise dos significados que representam cada um destes instrumentos operativos de maneira distinta[7].
Para qualquer maçom e até mesmo para aqueles que da Maçonaria não façam parte, mas que assim mesmo possuam sobre ela algum parco conhecimento, o Esquadro e o Compasso quando justapostos ou entrelaçados passam a significar e acabam por representar praticamente a própria Instituição da Maçonaria:
“(...) O símbolo da Maçonaria remete aos instrumentos dos trabalhadores que, na Idade Média dominavam as técnicas de construção em pedra: O COMPASSO, que desenha círculos perfeitos, representa a busca da perfeição pelo homem; A letra G, no centro de tudo, vem de GOD, ‘Deus’ em inglês. Para os maçons, é Ele o Grande Arquiteto do Universo; O ESQUADRO, que forma ângulos retos, lembra que o homem deve levar uma vida igualmente reta: ética e Honesta (...)” (SUPERINTERESSANTE, 2001, p.39)
Não existe, portanto um símbolo que se apresente de uma maneira mais simpática aos maçons e também não existe um que seja também, tão mais representativo da Ordem Maçônica do que este representado pelo Esquadro e pelo Compasso quando se encontram entrelaçados. O símbolo que é formado por esta imagem, representa a medida justa que deve ser característica de todas as ações dos maçons e dos seus corpos regulares, lembra-os que não podem se afastar da justiça e da retidão determinados pelos seus profundos princípios:
“(...) Quando entrelaçam-se o Esquadro e o Compasso, formamos o mais significativo Emblema da Maçonaria de todos os tempos. Os chineses, muitos séculos antes de Cristo, já usavam esse símbolo, sugerindo ordem, regularidade e propriedade.
De todos os símbolos dos Painéis primitivos e dos atuais, o mais forte, o mais consciente , ainda é o Esquadro e o Compasso entrelaçados. Cada um desses símbolos possui vida própria, inclusive com vida anterior ao advento da Maçonaria que nós conhecemos como Operativa. Todavia unidos, formando um terceiro símbolo, um poderoso Emblema que embora tenha tido vida anterior à Maçonaria, tornou-se um símbolo maçônico por excelência em todos os Ritos. (...) (KAPFENBERGER FILHO, 2001, p. 7-8)
Devemos também ter a consciência de que o significado que procuramos enxergar e encontrar em um símbolo, enquanto maçons, é justamente e necessariamente o seu sentido e representações maçônicos. Procuramos encontrar e enxergar e absorver a sua mensagem e significados éticos e morais, absorvendo aquilo que não for possível e claramente perceptível dos seus ensinamentos.
5 – INTUIÇÃO:
Dando continuidade e seqüência às colocações e ao pensamento que foi exposto por Fernando Pessoa, analisaremos desta feita, aquela que é colocada como a segunda das condições ou qualidades necessárias para a interpretação e para um perfeito entendimento e compreensão dos símbolos:
“(...) A segunda é a intuição. A simpatia pode auxiliá-la, se ela já existe, porém não criá-la. Por intuição se entende aquela espécie de entendimento com que se sente o que está além do símbolo, sem que se veja. (...)” (PESSOA, 2003, passim)
Podemos compreender por intuição a ocorrência da percepção clara das verdades, sem que, no entanto seja perceptível a intermediação e a utilização do raciocínio. A intuição seria como que a primeira impressão, mais do que um palpite ou impressão, ela se apresenta como sendo uma certeza inconsciente, a imagem que nos marca em definitivo e a representação que nos é causada por um símbolo. Esta impressão é primeiro formada pela simpatia que nos é despertada por este símbolo.
“A Intuição da forma como é vista pela filosofia, torna-se um dos sentidos mais importantes dentro do Estudo Maçônico, principalmente na interpretação dos símbolos(...)
O método discursivo, para a investigação e o conhecimento do objeto em estudo, adota uma metodologia indireta, analisando-o sob vários aspectos, aprimora sua tese até atingir por completo o conceito do objeto. Há uma relação direta entre o objeto analisado e o indivíduo que o analisa.
Note-se ai que a intuição é primordial entre nosso pensamento e o objeto pensado. Sem a intuição não teríamos idéias novas, não haveria evolução.” (CAMPANHA, op. cit., p.38)
6 – INTELIGÊNCIA:
A terceira das condições ou qualidades para se obtenha a perfeita compreensão e o entendimento dos símbolos, apresentada por Fernando Pessoa, trata-se pois da inteligência. Compreendida como uma condição ou qualidade que atua conjuntamente e correlacionando-se de maneira análoga com as demais condições anteriormente citadas, a inteligência se apresenta como um fator considerado fundamental e essencial para a compreensão dos símbolos, das metáforas e das analogias que nos são colocadas constantemente dentro dos ensinamentos maçônicos:
“A terceira é a inteligência. A inteligência analisa, decompõe, reconstrói noutro nível o símbolo; (...) Não direi erudição, como poderia no exame dos símbolos, é o de relacionar no alto o que está de acordo com a relação que está embaixo. Não poderá fazer isto se a simpatia não tiver lembrado essa relação, se a intuição a não tiver estabelecido. Então a inteligência, de discursiva que naturalmente é, se tornará analógica, e o símbolo poderá ser interpretado. (...)”(PESSOA, 2003, passim)
Cabe-nos ressaltar, porém, que a inteligência atua de uma maneira paralela a razão, sendo que com esta chega a ser confundida. Sabemos da importância que é atribuída a razão[8] pelos maçons, pois dentro da Ordem Maçônica, a razão deve acabar por se sobrepor ao misticismo.
Cabe destacar novamente a inter-relação que é apontada por Fernando Pessoa, colocando que uma condição ou qualidade interpretativa, no tocante aos símbolos, nada vale e nada representa se não atuar em conjunto com a outra. A simpatia é um sentimento importante para despertar o interesse e por lançar nossos olhares sobre o símbolo, a intuição nos faz ver além da imagem representada pelo símbolo, nos fazendo buscar seus mais profundos significados e fazendo-o revelar a sua mensagem oculta. Por fim, a inteligência nos faz relacionar todos estes significados e mensagens com os outros que já foram, em momentos anteriores decodificados e assimilados. A inteligência sintetiza as informações recebidas, procurando compreende-las de uma maneira que seja profunda e integral.
7 – COMPREENSÃO:
É a qualidade representada pela inteligência que nos encaminha para a compreensão que é a quarta condição ou qualidade necessária para a interpretação dos símbolos e a assimilação da linguagem simbólica. A compreensão pode ser também considerada como o entendimento completo, praticamente a perfeita e a total absorção e a fixação da mensagem e os significados que nos são transmitidos pelo símbolo:
“(...)A quarta é a compreensão, entendendo por esta palavra o conhecimento de outras matérias, que permitam que o símbolo seja iluminado por várias luzes, relacionado com vários outros símbolos, pois que, no fundo, é tudo o mesmo. Não direi erudição, como poderia ter dito, pois a erudição é uma soma; nem direi cultura, pois a cultura é uma síntese; e a compreensão é uma vida. Assim certos símbolos não podem ser bem entendidos se não houver antes, ou no mesmo tempo, o entendimento de símbolos diferentes. (...)”(Idem, op. cit.)
Ao decodificar e compreender a mensagem transmitida pelo símbolo, o interprete deve sintetiza-la e passar a procurar nela o seu íntimo e pessoal significado e representação.
8 – GRAÇA OU REVELAÇÃO:
Por fim Fernando Pessoa nos coloca a quinta que é também a ultima das qualidades ou condições fundamentais para o entendimento e a interpretação dos símbolos. Condição ou qualidade esta que, em sua opinião, é a que possui uma maior e mais profunda dificuldade para a sua definição e a sua completa compreensão. A Graça, que é esta quinta condição acaba possuindo uma das mais dispersas possibilidades concretas de entendimento e assimilação imediata:
“(...) Direi talvez, falando a uns, que é a graça, falando a outros, que é a mão do Superior Incógnito, falando a terceiros, que é o Conhecimento e a Conversação do Santo Anjo da Guarda, entendendo cada uma destas coisas, que são a mesma da maneira como as entendem aqueles que delas usam, falando ou escrevendo (...)”(Idem, op. cit.)
Nos parece bastante claro que Fernando Pessoa ao realizar a sua explanação sobre esta quinta qualidade ou condição, nos coloca frente a frente com uma possibilidade, que ele considera bastante profunda da intervenção de um poder superior que poderia ser considerado, conforme as suas palavras como que divino. Um intervenção de poderes sobrenaturais que atuando na capacidade de compreensão acabariam dando um clareamento das idéias. A ação desta “Luz” divina sobre a compreensão dos significados das mensagens, a representação e o ensinamento dos símbolos para aqueles que seriam os seus interpretes. Pode ser que neste momento ocorra aquilo a que muitos denominam simplesmente de “insight”. Esta intervenção ou atuação do “Superior Incógnito”, do “Ser Supremo”, do “Grande Arquiteto do Universo”, enfim, a intervenção de Deus ou dos deuses, poderia e pode ser simplesmente chamada de Revelação.
De nada adiantaria ao ser humano possuir a simpatia por um símbolo, conseguir adquirir capacidades para enxergar através deste. Conseguir ver além das suas formas e dos seus contornos, com o uso da intuição. Possuir a inteligência necessária para analisá-lo, a capacidade exigida e necessária para compreende-lo e as habilidades para sintetizar os seus conteúdos, de nada adiantaria todos esses dons e qualidades se não lhe for revelado pelo Grande Arquiteto do Universo um íntimo e pessoal significado para este símbolo.
Um exemplo prático que poderíamos usar para ilustrar de maneira mais clara e objetiva esta quinta condição ou qualidade, seria o significado atribuído à Estrela de Davi para os judeus, e aquele atribuído à Cruz para os cristãos. Estes símbolos revelam significados religiosos e íntimos que transcendem a simples compreensão humana, que não poderiam jamais ser traçados em papel ou outro material que fosse. O sentimento sagrado, esotérico, pessoal e intimo que estes símbolos transmitem aos fiéis destas religiões não podem ser simplesmente dissecados e compreendidos pela razão humana. São sentimentos que teriam sido colocados por Deus diretamente no coração e na alma de cada ser humano.
Sem a atuação e a manifestação desse Dom divino jamais se compreenderia o significado de um símbolo com toda a magnitude esotérica e mística que ele poderia representar. Portanto, o seu significado seria incompleto.
9 - CONCLUSÕES:
A Ordem Maçônica, atuando como uma autêntica escola provedora dos mais profundos ensinamentos éticos e morais, necessita como nenhuma outra instituição procurar continuadamente afirmar, reafirmar e principalmente procurar repassar os seus diversos princípios aos seus membros e também à sociedade em que ela se insere. Devido as suas origens corporativas, desde os mais remotos tempos, a Maçonaria procurou sempre traçar paralelos e estabelecer analogias entre os seus princípios morais e ensinamentos éticos, utilizando-se como base os instrumentos laborais dos pedreiros medievais.
“(...) Embora não haja documentação que o comprove, deve-se admitir que os Maçons Operativos, os franco-maçons, usavam seus instrumentos de trabalho como símbolos de sua profissão, pois caso contrário não se teria esse simbolismo na Maçonaria Moderna. A existência desse simbolismo é a mais evidente demonstração de que houve na Inglaterra, contatos diretos entre os Maçons Modernos e os franco-maçons profissionais, e demorados o suficiente para que essa transmissão se consolidasse (...).” (PETERS, 2003, passim)
Ambrósio Peters, nos coloca ainda aqueles que seriam considerados os símbolos principais e essenciais a existência da atual Maçonaria Especulativa (Simbólica). Cabe destacar também que são destes símbolos que os Maçons metaforicamente retiram os princípios básicos e os seus principais ensinamentos éticos e morais:
“(...)O trabalho dos franco-maçons, limitava-se aos canteiros de obras e à construção em si. Os instrumentos que eles usavam eram o esquadro, o compasso e a régua para determinar a forma exata das pedras a serem lavradas, o maço e o cinzel, para dar-lhes a forma adequada, e o nível e o prumo, para assentá-las com perfeição nos lugares previstos na estrutura da obra. Eram, portanto três diferentes grupos de instrumentos, cada qual representando uma etapa da obra, a saber: a medição ou a determinação do formato das pedras, o desbastamento das pedras para dar-lhes a forma adequada e finalmente a aplicação das peças lavradas na construção do edifício.
Cada trabalhador tinha para sua tarefa, instrumentos apropriados que indicavam a especialidade de cada um. Os Mestres mediam e transmitiam suas instruções aos aprendizes, estes executavam as instruções dos Mestres, e os Companheiros aplicavam os trabalhos dos aprendizes na estrutura da obra (...)” (Idem)
Possivelmente a linguagem simbólica utilizada pela Maçonaria, na atualidade somente encontre paralelos significativos, se comparada, com aquela que é utilizada ainda nos dias de hoje pela Igreja Católica. A igreja Católica que talvez seja ainda a única outra instituição que na atualidade ainda faça uso de símbolos e metáforas para poder ministrar os seus ensinamentos, conforme nos foi afirmado por Nicola Aslan (ASLAN, 2000, p.5).
Como já colocamos neste trabalho, o significado de um símbolo, é íntimo e pessoal para cada pessoa ou interprete. A interpretação dos símbolos depende da formação de cada pessoa ou ainda da maneira como estas qualidades que aqui procuramos retratar, se manifestam em cada um individualmente. Tais afirmações encontram respaldo nas afirmações de Luís Roberto Campanha, quando fez referência ao chileno Moisés Mussa Battal:
“(...) As escolas filosóficas caracterizam-se por serem criadas por um mentor intelectual, possuem um sistema ideológico, verifica-se nela uma certa uniformidade de pensamento e ação, desenvolvem seu trabalho em torno do ser, do conhecer e do valer, atuam nas áreas da metafísica e da ciência, assumem aspectos esotéricos e exotéricos.
A Escola Maçônica difere em alguns aspectos das escolas filosóficas, pois não foi fundada por um pensador, seu sistema ideológico não é fixo, se adapta às evoluções do mundo e da cultura, sua doutrina e prática não são ortodoxas, pois o Símbolo permite uma interpretação ampla e variada, fundamenta suas preocupações nos problemas do ser, do saber e do valer, não exige obediência cega a ela dando a todos a liberdade de pensamento.
A Maçonaria, mais que uma escola filosófica, é uma escola que permite o livre exame, a crítica, a dúvida metódica, a aceitação de postulados, ainda que superficiais, no intúito de melhorar a condição humana, individual e coletiva (...)” (CAMPANHA, op. cit., p.34-35).
Porém, Theobaldo Varoli Filho, em seu livro “Simbologia e Simbolismo da Maçonaria”, da Editora A Trolha, nos coloca algumas posições contrárias e contraditórias às afirmações de Luís Roberto Campanha. O principal ponto seria a questão da liberdade de opinião como recurso para a livre interpretação dos Símbolos Maçônicos.
Theobaldo Varoli Filho, nos coloca que dentro da Maçonaria, devemos ao interpretar um Símbolo Maçônico, sempre procurar analisá-lo justamente do ponto de vista maçônico. A Maçonaria nos coloca algumas tradições, princípios e significados gerais que devem ser sempre respeitados, caso contrario desvirtuaríamos os objetivos da Sublime Ordem:
“(...) A Loja Maçônica não é lugar de psicanálise, onde cada um interpreta os Símbolos como lhe aprouver. Esta é a resposta que damos aos que afirmam que os Símbolos Maçônicos são livremente interpretados subjetivamente e livremente, isto é, licenciosamente (...) É importante assinalar que o Símbolo Maçônico é sempre ideológico e não simplesmente ideográfico.
O símbolo Maçônico se distingue por sua universalidade e como expressão de idéias pacificamente aceitas pela humanidade civilizada. Por conseguinte, o maçom não deve ‘particularizar’ o Símbolo a seu gosto. Todo Símbolo Maçônico é de comunicação nos âmbitos da Sublime Instituição, ainda que, por motivos históricos, não seja originário da Maçonaria, mas de tradições morais profanas. Assim o Maçom licencioso prejudica a comunicação iniciatória universal. É Obreiro pernicioso e vaidoso, ainda que invoque a liberdade de opinião a seu favor, a sua falsa maneira de defender-se e de impor as suas inventivas pessoais.
Ainda, todo Símbolo Maçônico requer interpretação coerente, lógica, e inspiradora de lições morais.

Aprendendo com Irmãos

Durante toda a vida estamos aprendendo, seja de forma deliberada, quando nos inscrevemos em curso, ou quando entramos em contato com pessoas que mesmo sem ter essa intenção nos ensinam as mais diversas coisas, às vezes muito mais valiosas do que as aprendias nos bancos escolares.
A criança, campo fértil para o ensino e aprendizagem, vai dia a dia conhecendo o mundo que a cerca e aprende a interagir com ele, por mais inóspito que seja. Com o decorrer da idade nosso aprendizado vai mudando, algumas vezes aprendemos na escola, outras vezes com os mais velhos, amigos e até com estranhos.



Entretanto algumas vezes deliberadamente nos colocamos no caminho do aprendizado, um momento especial é quando aceitamos ingressar na Maçonaria. Uma pergunta que ouvi mais de uma vez foi "O que você ganha fazendo parte da maçonaria?", de fato ganhar no sentido material da expressão nós não ganhamos nada, talvez até percamos uma vez que a ordem nos impõe algumas obrigações de ordem pecuniária, no entanto o "ganho" em fazer parte da Ordem Maçônica é justamente o ensinamento que recebemos diariamente, quando nos confrontamos com a moral maçônica. Os valores morais da ordem são sólidos a ponto de modificar nossa visão do mundo.
Ao ingressar em uma sociedade que tem por fim aprimorar o homem, não é possível ficar indiferente, e a primeira coisa que nos vem à mente é fazer uma autocrítica para saber por onde começar essa mudança. Quem de nós não reconhece seus próprios defeitos, mesmo que não tenha a coragem de admiti-los publicamente.
Recentemente tive a oportunidade de reunir-me com alguns irmãos para tratar de assuntos de nossa Loja e em determinado momento um irmão me perguntou seu o ingresso na Ordem me havia modificado de alguma maneira, confesso que embora no momento não tive dificuldade em admitir que eu havia mudado nesse período, somente depois, pensando melhor é que pude avaliar o quanto foi grande essa mudança. Apesar de ter ingressado a alguns poucos anos na instituição meus valores hoje são outros, quando olho para outra pessoa consigo ver além da imagem material que essa pessoa possui. Isso não se obtém facilmente, mas com muito estudo e perseverança, hoje tomo decisões com mais tranqüilidade e com melhor avaliação de todos os aspectos envolvidos, o conhecimento nos traz a serenidade para tomar decisões, isso evidentemente não impede que erremos, mas certamente erramos menos.
A Maçonaria, dado a seu aspecto universal e ecumênico, onde convivem pessoas de todos os povos, raças e religiões, é possivelmente a única entidade com condições de realmente levar a fraternidade a todos os recantos da terra, seus ensinamentos permeiam a sociedade em diversos níveis, visto que temos em nossas fileiras Irmãos de todas as classes sociais. Se isso, no entanto é um privilégio, por outro lado nos impõe uma obrigação, pois de nada serviria uma organização com essas características se ela não tiver o poder de transformar o mundo. Hoje vemos diariamente nos meios de comunicação atrocidades sendo cometidas em várias partes do planeta, e parece que isso não consegue mais nos indignar. Em que momento deixamos que isso ocoresse conosco? Como pode um pai de família ouvir com indiferença que uma criança foi molestada sexualmente dentro de sua própria casa pela pessoa que devia protege-la, em que momento perdemos nossa capacidade de revolta e indignação?
Onde estão os milhões de maçons espalhados pela terra, quando essas ações se perpetuam? A pouco tempo ouvi de um eminente maçom uma frase que no primeiro momento me chocou, mas depois percebi que ele tinha a mais completa razão; dizia ele que a Maçonaria é respeitada por todos os setores da sociedade, menos pelos próprios maçons. Ele dizia isso no sentido de que o maçom não percebe a força que tem e não age por que não acredita em seus próprios méritos.
Nossos irmãos em outros tempos modificaram a face deste mundo, derrubaram monarquias absolutistas, interviram decisivamente na independência de vários países, inclusive o nosso, libertaram escravos e tornaram o mundo mais humano. E nós no conforto de nossos lares não temos a coragem de organizar uma ação que modifique esse estado de coisas em que vivemos.
A criança que hoje nasce espera receber de nós o exemplo e a sinalização do caminho a ser seguido, se o que ensinarmos for indiferença e inércia, não podemos esperar que eles aprendam coisa diversa.
A oportunidade que temos de reunirmos, semanalmente em um ambiente reservado, onde podemos tratar livremente de qualquer assunto, é um privilégio que não podemos desperdiçar, lembrem-se que os nossos irmãos de outrora chegaram a ser mortos simplesmente por serem maçons.
De que vale o conhecimento e o aprimoramento pessoal que adquirimos se isso não for o motor de algo maior que nós mesmos? Acredito que a solução de graves problemas estão mais próximos da solução do que nós imaginamos, basta vencermos alguns vícios, como orgulho e vaidade e unirmos em torno de um objetivo comum. Já dizia o filósofo "Você pode escolher o que plantar, mas será obrigado a colher o fruto de seu trabalho"
Álvaro Rodriguez Perez
M M ARLS Morada do Sol 227
Oriente de Araraquara –SP
Aprendendo com os Irmãos
por Álvaro Rodriguez Perez

Maçonaria: uma estrela que brilha em silêncio



Sem sombra de dúvida, nenhuma organização é tão fascinante e ímpar quanto a gloriosa maçonaria. Com a missão de tornar homens bons, melhores, ela conseguiu a proeza de permanecer intacta às intempéries da vida, mantendo-se firme como os preceitos que a impulsionam.
Com a trilogia: Igualdade, Fraternidade e Liberdade, digna de atenção, pois, conceitos modernos e indispensáveis para um convívio melhor, na sociedade, há séculos são conhecidos, praticados e divulgados por seus integrantes.
Hoje se fala muito em ecumenismo, como forma de resposta aos conflitos religiosos, contudo, a maçonaria foi a primeira entidade em que a fé individual foi utilizada como instrumento de integração, e não como combustível para sangrentas guerras, provando que todos somos filhos do mesmo Criador, ou seja: irmãos, e podemos viver realmente como tal, independente da religião a que pertençamos.
Atualmente, percebemos que o racismo é uma patologia temível, que coloca em risco a humanidade, notamos então o valor, do exemplo da fraternidade maçônica, pois esta abomina todas as formas racismo.
A filantropia, um de seus estandartes, tem uma característica própria que deixa esse gesto mais nobre: o silêncio, em que, na grande maioria das vezes, nem o próprio beneficiado tem conhecimento de seu benfeitor, esse condimento, não só deixa caracterizada a verdadeira caridade, como nos ensina que não devemos fazer as coisas boas, se podemos fazê-las perfeitas.
Num universo tão eclético, seus congregados, aprendem a honrar três grandiosos pontos, que são sagrados em todos os lugares: Deus, Pátria e Família, independente da cultura, esses tópicos são uma unanimidade do que mais valioso um povo pode possuir. Percebemos que quando tais ícones são desonrados, as conseqüências são enormes.
Porém, investida de tais predicados, foi sempre alvo constante de perseguições, injúrias, e preconceitos, pois jamais se alienou perante as mudanças globais, mostrando-se como obstáculo para caprichos de déspotas, prova disso é que até os nossos dias, estórias “fantásticas” pulverizadas nas mentes férteis das massas, associando à Maçonaria elementos malignos: “os maçons praticam magia negra” etc, são presentes e geram relatos tão absurdos, quanto à maldade de quem os criaram.
Certamente, o que foi fundamental para que ela não se tornasse apenas uma mera coadjuvante na história da humanidade foi a dedicação e a disciplina de seus integrantes, pois apesar das lutas não se inclinou para os problemas, ao contrário, a cada obstáculo se fortaleceu.
Privilegiando os excluídos, defendendo a ética, respeitando as autoridades, incentivando a paz, lutando conta vícios e cultivando a moral, ela segue firme sua jornada que é a disseminação desses valores, que são tão grandiosos e estão além do nosso plano material, pois a certeza da imortalidade da alma e a crença da existência de um Ser Supremo, são os geradores de tanta energia positiva, e com toda certeza, são companheiras dos maçons em qualquer trajeto, seja no cotidiano, ou na esperança de uma vida posterior.
* Biólogo, Aracaju – Sergipe cristyanoa@yahoo.com.br
"Maçonaria: uma estrela que brilha em silêncio"
por Cristyano Ayres Machado

A Geometria da Árvore da Vida

Quando duas Pirâmides de Luz se unem para formar uma Estrela de David, nasce um novo universo estelar de inteligência" (J.J. Hurtak).

Imaginemos que no início tinhamos o vácuo, a consciência primordial, chamemos-lhe o Espírito. Com o objetivo de criar dispara um raio de consciência no vácuo, primeiro para a frente, depois para trás (um eixo), para a esquerda e direita (outro eixo) e por último, para cima e para baixo (terceiro eixo), obtendo-se assim o primeiro desenho da figura 1, isto com a mesma distância nas 6 direções, definindo as coordenadas espaciais (Norte, Sul, Este, Oeste e uma direcção ascendente e descendente).

Todos nós temos estes 6 raios sensitivos partindo da nossa glândula pineal (um atravessando o chakra da coroa e pescoço, outro atravessando a nuca e o chakra frontal e um terceiro atravessando os dois hemisférios cerebrais), correspondendo aos três eixos cartesianos x, y, z.

Esta capacidade criativa é inata a todos os humanos.

Se unirmos agora as várias direções tal como era feito nas antigas Escolas de Mistério, obtemos um diamante ou quadrado (segundo desenho, ver em perspectiva), após a formação deste quadrado à volta da consciência é disparado um raio de consciência no sentido ascendente, formando uma pirâmide, e um raio de consciência no sentido descendente formando outra pirâmide (terceiro desenho).

É importante referir que a função piramidal assume uma máxima importância no retorno à Fonte, o que é amplamente descrito no Livro do Conhecimento de Hurtak, "A inteligência humana deve ser iniciada nas funções piramidais de Luz antes que possa ser promovida à próxima ordem de evolução, à próxima célula temporal consciencial".
Figuras 1 - Octaedro
Como pode ser observado na figura 1 acabamos de obter um octaedro (na forma tridimensional). É importante observar que isto é só a consciência, não existe um corpo no vácuo. Foi simplesmente criado um campo à volta da consciência.

A partir deste momento é possível, pela primeira vez, imprimir movimento, criar energia cinética, ou seja, temos este octaedro base e podemos criar uma distância (afastar-nos ou aproximar-nos) ou então o criador pode simplesmente permanecer imóvel levando este primeiro octaedro movimentar-se, passa a haver uma referência no centro do vácuo, logo passam a existir também distâncias.

Se movimentarmos este octaedro na direcção dos vários eixos criamos os parâmetros perfeitos para uma esfera , era exactamente isto o que os iniciados no Egito faziam nas suas meditações (quarto desenho da figura 2), tal como na Cabala em que as direções assumem bastante importância para algumas meditações específicas.

Toda a gente que estuda geometria sagrada está de acordo quanto ao facto de que uma linha recta representa o masculino e uma linha curva representa o feminino. O que os egípcios estavam a fazer ao realizar esta meditação era passar de uma forma masculina (octaedro) a uma forma feminina (esfera). Isto está directamente associado à Bíblia e à criação da Eva a partir de uma costela do Adão.

Tudo o que conhecemos foi uma criação de uma consciência no infinito vácuo, os Hindus chamam-lhe Maya, que significa ilusão, todos nós podemos criar a nossa realidade (deuses criadores) e libertarmo-nos de Maya.
. Figura 2 - Anarion Macintosh - A espiral e os 6 estagios da criação (acrylic on canvas)


Padrão da Génese


Na Figura 3 a seguir podemos visualizar o padrão de desenvolvimento da 'genese" da Flor da Vida

Figura 3

Partindo desta primeira esfera ou bolha no vácuo (primeiro desenho da figura 3) o Espírito projeta uma nova esfera (segundo desenho) obedecendo às mesmas regras. Este processo lembra-nos a divisão na Mitose (reprodução assexuada).

Temos aqui a associação com o primeiro dia da criação ("Fez-se Luz").

Neste momento encontramo-nos perante um símbolo sagrado muito antigo conhecido como "Vesica Piscis"(figura 4) associado ao Cristianismo e também conhecido como o "Peixe de Jesus" (numerologia). Se considerarmos uma esfera como sendo Deus ou o Céu e uma segunda esfera como a Humanidade ou a materialidade esta interseção simboliza o Cristo, o portal que une o Céu e a Terra. Este símbolo está intimamente associado à criação da luz, sem ele a luz não seria possível, sem esta imagem geométrica não seria possível por exemplo a criação dos nossos olhos, responsáveis pela recepção da luz.
Figura 4

No segundo dia da criação com uma terceira esfera obtemos o símbolo da Santíssima Trindade (figura 4a), a geometria básica da estrela tetraédrica, uma das formas geométricas mais importantes na criação (forma da Merkaba, corpo de luz que nos permite voltar ao estado de consciência original).

"Quando duas Pirâmides de Luz se unem para formar uma Estrela de David, nasce um novo universo estelar de inteligência" (J.J. Hurtak).

Figura 4a
Continuando o movimento matemático da criação vamos chegar ao Sexto dia da criação obtendo-se o símbolo da flor de seis pétalas conhecida como a Semente da vida, o princípio da criação do Universo no qual nós vivemos.

Este primeiro movimento em torno da primeira esfera, representa a
primeira rotação ou Padrão da Génese (os seis dias da criação da Bíblia), ilustrados no quadro de Anarion Macintosh (Figura 5).
Figura 5
Se pegarmos no padrão da Génese, a primeira forma tridimensional que conseguimos extrair é conhecida como
Torus (figura 6) , esta forma é obtida a partir da rotação da Semente da vida em torno do seu eixo central (último desenho da figura representa o Torus visto de cima em duas dimensões).
Foi o matemático Arthur Young que descobriu que esta forma geométrica tem sete regiões conectadas, todas do mesmo tamanho (figura 7), o Torus representa a forma geométrica base da existência, está presente em todos os planetas, estrelas, galáxias. O nosso planeta é um Torus com dois pólos magnéticos em comunicação (primeiro desenho) o que permite as predecessões dos equinócios (ponto zero). O Torus está também presente no corpo humano (como exemplo o coração que tem sete músculos formando um Toroidal bombeando para sete regiões) e pode ser encontrado em todas as formas de vida existentes.

Figura 6

Figura 7
Se efetuarmos uma segunda rotação (figura 8) em torno da Semente da vida , obedecendo às mesmas regras da primeira, vamos chegar a uma segunda figura tridimensional conhecida como o Ovo da vida ).
Figura 8
O Ovo da vida representa a estrutura morfogenética a partir do qual o nosso corpo foi criado. A nossa existência física depende desta estrutura, desde a cor dos nossos olhos ao formato do nosso nariz...


Uma forma que também é revelada neste segundo Vortex (rotação) é a Árvore da vida que contém dez círculos que representam os Sefirotes (esferas em Hebraico) na Cabala, 10 aspectos da personalidade sintetizados no Adão Kadmon, o Homem Celeste, Logos. Representa o caminho para iluminação espiritual e um mapa do Universo e da Psique (Figura 9).

Figura 9


Com uma terceira rotação obtemos um padrão determinante na formação da realidade física.
Quando olhamos de forma atenta para a
Flor da vida (figura 10) vemos 19 círculos inscritos em dois círculos concêntricos, imagem essa encontrada um pouco por todo o mundo nas várias civilizações, a questão é porquê parar nos 19 círculos? Isto deve-se à descoberta do próximo componente que era de extrema importância , por essa mesma razão mantiveram-no em segredo. Esse conhecimento era considerado tão sagrado que decidiram não trazê-lo a público, codificando-o.


Se olharmos bem para a Flor da vida deparamo-nos com a existência de vários círculos incompletos na periferia (esferas na verdade). Tudo o que era preciso era completar estes círculos (técnica antiga para codificar o conhecimento). Se efectuarmos uma quarta rotação torna-se fácil de perceber o padrão misterioso, o Fruto da Vida :

Figura 10

Este padrão de treze círculos é uma das formas mais sagradas em toda a existência. Na Terra é chamada de Fruto da vida.

O Torus, Ovo da vida e Fruto da vida são os três padrões que nos permitem construir tudo aquilo que conhecemos como realidade sem excepção.

Se combinarmos estes treze círculos (femininos) com todas as linhas rectas possíveis (masculinas) como é exemplificado na figura abaixo vamos obter a forma geométrica sagrada conhecida como o
Cubo de Metatron (Figuras 11 e 11a):

Figura 11

Figura 11 a

Foi durante a sua permanência no Egipto que Platão afirmou ter recebido conhecimento sagrado do interior das Pirâmides. Os cinco sólidos mais tarde apelidados de Platónicos representam na Alquimia os cinco elementos (Figura 12).

Tetraedro - Fogo Cubo - Terra Octaedro - Ar Icosaedro - Água Dodecaedro - Éter Esfera - Vácuo
Figura 12
"Isto não é apenas matemática, círculos ou geometria. Isto é o mapa vivo de toda a criação da nossa realidade." Drunvalo Melchizedek
Autoria: Pedro Terrinha

Fontes:

The Ancient Secret Of The Flower Of Life vol1 e vol2 - Drunvalo Melchizedek As Chaves de Enoch - J.J. Hurtak