quinta-feira, 29 de setembro de 2011

SALMO 133

Salmo é uma composição poética em que as palavras e as idéias têm ritmo. São mais conhecidas as composições religiosas, entoadas como hinos de exaltação à fé. Os antigos hebreus usavam cantá-los nas cerimônias, acompanhados de instrumentos musicais de cordas ou sopro.



                        O Antigo Testamento imortalizou 150 dessas composições, escritos por diversos autores, entre eles destacando-se o Rei Davi, que viveu, provavelmente entre 1015 a 975 a.C.

                        O Saltério abriga Salmos de quatro categorias literárias: Salmos de Louvor, de Ação de Graças, de Lamentação e Súplica e Salmos Sapienciais. Entre esses últimos, encontra-se o Salmo 133, objeto deste trabalho.

                        Há dois critérios para a distinção de um salmo sapiencial: o estilístico e o temático. É sapiencial o salmo que induz à reflexão, que traz preceitos, comparações e ilustrações tomadas da natureza, perguntas retóricas e advertências. Já os critérios temáticos caracterizam-se pelo estudo das Leis divinas como fonte de bênção e felicidade; a meditação dos mistérios da fé, a confiança pessoal em Deus, o valor da Justiça como sinônimo de vida espiritual e, sobretudo, o homem justo como modelo de imitação e a antítese entre justos e ímpios.

                        A tradução dos salmos para o português e outros idiomas modernos apresenta muitas vezes divergências entre o texto original e, não raramente, divergências entre uma tradução e outra no mesmo idioma. Até mesmo a numeração dos salmos pode apresentar divergências entre as várias versões impressas da Bíblia. Todavia, o sentido almejado pelos autores é mantido em todas as versões e os Salmos mantém seu valor sugestivo e inspiratório, de fácil e profunda ressonância na alma humana e cristã, tão necessitada de converter em oração sua conturbada experiência no mundo atual.

                        O Salmo 133 não escapou dessas divergências. Em algumas versões, ele nos é apresentado como 132. Suas palavras sofrem pequenas alterações semânticas, como “viver” e “habitar” em união e outras diferenças que não são o objeto deste estudo. Isto porque o Rito Escocês Antigo e Aceito, para colocar um fim na polêmica, adotou uma versão única, sob o número 133, e reproduziu suas palavras no Livro do Ritual do Aprendiz Maçom:



“Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!”.

É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba,

a barba de Arão, e que desce à orla de suas vestes;

 como o orvalho de Hermom, que desce sobre os montes de Sião;

 porque ali o Senhor ordena a benção e a vida para sempre.”“.


           De sua simples leitura, destacamos suas características de salmo sapiencial. No estilo, destacam-se duas comparações: viver em união é comparável ao óleo precioso sobre a cabeça de Arão e é também comparável ao orvalho de Hermom. O próprio orvalho bíblico é comparado com a benção divina e a vida eterna.

                        No aspecto temático, percebemos que o homem justo e fraterno receberá a retribuição divina, na forma de benção e vida para sempre.

                        Dissemos no início deste trabalho que nos salmos as palavras e as idéias têm ritmo e, neste aspecto, o Salmo 133 se revela um salmo clássico. As idéias nele contidas dão voltas, fechando o círculo como uma idéia que valsa durante a leitura. O óleo precioso desce sobre a barba e desce à orla das vestes de Arão. O orvalho desce sobre os montes de Sião e tudo se compara à união entre irmãos e recebe, como retribuição, a benção divina e a vida para sempre.

                        Apesar de breve, o Salmo 133 é riquíssimo em referências bíblicas. Apenas Arão, o irmão do patriarca Moisés, tinha acesso ao Senhor perante a Arca da Aliança. “Mandarás fazer vestes litúrgicas para teu irmão Arão, em sinal de honra e distinção”, diz o Senhor em Êxodo, 28. Para prostrar-se diante do Senhor, Arão deveria estar ungido por um óleo precioso. “O Senhor falou a Moisés, dizendo:” “Pega aromas de primeira qualidade: cinco quilos de mirra virgem, dois quilos e meio de cinamomo aromático, dois quilos de meio de cana aromática, cinco quilos de cássia, segundo o peso do santuário, e nove quilos de azeite de olivas. Farás disto um óleo para a unção sagrada.” Êxodo, 30.

                        Grande era a alegria de Arão de untar-se do óleo precioso, elaborado segundo receita prescrita pelo próprio Senhor. Diz o analista bíblico que Arão se ungia sem parcimônia, deixando que o óleo precioso escorresse pelas barbas e chegasse às orlas de suas vestes, transparecendo a alegria de comparecer diante do Senhor.

                        Outra referência histórica é o orvalho de Hermom. Os hebreus censuravam Moisés, diante da fome e agruras da caminhada no deserto. “Quem dera que tivéssemos morrido pela mão do Senhor do Egito, quando sentávamos junto às panelas de carne e comíamos pão com fartura! Trouxestes-nos ao deserto para matar de fome toda esta gente”. Êxodo, 16.

                        Eram dias críticos, em que os hebreus passavam por forte provação. Já haviam caminhado 75 dias, sem reservas suficientes para alimentar toda aquela massa de fiéis. Foi então que o Senhor falou a Moisés: “Eu ouvi as reclamações dos israelitas. Dizei-lhes: Ao anoitecer comereis carne, e amanhã cedo vos fartareis de pão. Assim sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus”.Como haveria meios de prover pão a toda aquela gente? A ação divina cuidaria disso. “Pela manhã formou-se uma camada de orvalho ao redor do acampamento. Quando o orvalho evaporou, na superfície do deserto apareceram pequenos flocos, como cristais de gelo sobre a terra. Ao verem, os israelitas perguntavam-se uns aos outros:” “Que é isto?”, pois não sabiam o que era.”Êxodo, 16”.

                        O orvalho de Hermom, de que nos fala o Salmo 133 era o maná divino, que alimentou os israelitas durante toda a caminhada descrita no Livro do Êxodo. Era a retribuição de Deus àqueles que lhe devotavam fé.

                        Assim se fecham as idéias do Salmo 133, rico em comparações sapienciais. Não temos o desafio da caminhada no deserto rumo à terra prometida, como o tiveram os israelitas. Enfrentamos o desafio diário da violência, da ira, da descrença. Para vencê-los, precisamos tão somente da união, da vida em fraternidade entre irmãos. Praticar a fraternidade é como receber o maná divino em todas as manhãs, é como ungir-se do óleo precioso. A lição do Salmo 133 assim se resume: praticar a fraternidade é estar preparado para comparecer diante do Senhor e a retribuição será a benção de Deus e a vida eterna.                   

Akhenaton - O Faraó Monoteista

Evolução Histórica do Egito
Por  volta de 5000 antes de Cristo os povos do Egito viviam ao longo do vale do Nilo, organizados em pequenos agrupamentos chamados nomos, cada qual com seu chefe. Os nomos do Norte e os nomos do Sul acabaram formando dois reinos rivais entre si, o do Alto Nilo (vale) e o do Baixo Nilo (delta).
Cerca de 3000 antes de Cristo esses dois reinos foram unificados por um príncipe do Alto Egito, Ménes, intitulado Faraó, tornando-se a suprema autoridade do país, rei e deus ao mesmo tempo.
A partir de Ménes a história do Egito se desenrolou cobrindo aproximadamente 3000 anos, dividida segundo as várias dinastias de reis, em três períodos conhecidos por Antigo Império, Médio Império e Novo Império.

Antigo Império – de 2800 a 2200 antes de Cristo, da I a VI dinastias: teve por capital  Mênfis na abertura do delta. Nesse período os egípcios apenas transpuseram suas fronteiras em busca de matérias-primas que não possuíam, como ouro (Núbia), cobre (Sinai), madeira de cedro (Líbano). O Antigo Império terminou em consequencia do rompimento da unidade política, causado pelo enfraquecimento da autoridade do Faraó, por lutas entre vários nomos em disputa de poder, por agitações  internas.
Segui-se um período intermediário que durou cerca de 150 anos (da VII a X dinastias).

Médio Império – de 2050 a 1750 antes de Cristo, da XI a XII dinastias: príncipes do Alto Egito restauraram a unidade política do Império, transformando Tebas em capital do país  e dando ao mesmo uma administração sólida e grande prosperidade. O Médio Império se dissolveu em conseqüência de novas agitações políticas internas que enfraqueceram o país, permitindo fosse invadido pelos Hicsos, povo semita, nômade de origem asiática. Dominaram facilmente a região do delta, graças ao seu poderio militar, possuindo armas muito eficientes e carros de combate puxados a cavalo. Com a ocupação do Baixo Egito pelos Hicsos começou o segundo período intermediário, que durou aproximadamente 150 anos (da XIII a XVII dinastias).

Novo Império – de 1580 a 1090 antes de Cristo, da XVIII à XX dinastias: mais uma vez príncipes do Tebas, no Alto Egito, restabeleceram a unidade do império. Os Hicsos foram expulsos e os egípcios, sob Tutmósis III e Ramsés II, expandiram-se territorialmente, assegurando com isso ao país uma fase de extraordinária riqueza e prosperidade. Todavia novas agitações internas e novas ondas de povos invasores provocaram o declínio do Império Egípcio, que entrou em decadência e foi conquistado pelos Assírios (670 antes de Cristo). Após breve reerguimento – Renascença Saíta – sob os príncipes da cidade de Saís, que expulsaram os Assírios, o Egito foi conquistado sucessivamente pelos Persas (525 antes de Cristo), pelos Gregos (332 antes de Cristo) e pelos Romanos (30 antes de Cristo).

Faraó.
O Faraó para seus súditos era filho de deuses e deus ele próprio. Tinha poder absoluto,  dispensava justiça, era o administrador supremo do país. Com a ajuda de funcionários por ele escolhidos, zelava pela unidade e pela defesa do Império.
Sacerdotes.
Formavam a camada mais culta do país; encarregavam-se das cerimônias religiosas e da transmissão da cultura; constituíram uma classe extremamente poderosa e rica, sobretudo durante o Novo Império, quando os templos receberam grandes extensões de terras e parte das riquezas conquistadas a outros povos.
Religião.
Os egípcios eram politeístas, isto é, acreditavam em vários deuses, alguns representados por cabeças de animais. Cada cidade tinha seus deuses particulares e, quando se tornava capital do Império, esses deuses passavam a ser adorados em todo o Egito.
No Antigo Império adorou-se , Deus sol, e seus descendentes Osíris, Deus da morte, com a sua esposa Ísis e seu filho Hórus. Os Faraós intitulavam-se filhos de Rá. Durante o Médio e o Novo Império adorou-se Amon, protetor da cidade de Tebas, que passou a chamar-se Amon-Rá.

Akhenaton.


Voltemos à 18ª dinastia.  O Faraó Amenófis III morrera e seu filho adolescente conquistava o poder do Egito. Em pouco tempo elevou Aton, o deus-sol, como o supremo deus criador.
Ele e sua célebre rainha, Nefertiti, investiram contra a arraigada estrutura religiosa do Egito. Esses soberanos, conhecidos como “Faraós do Sol”, desencadearam uma revolução religiosa sem cuidar da continuidade e expôs o Império egípcio à ameaças militares externas.
Desconsideraram antigos deuses venerados por sacerdotes poderosos, deixando-os tão furiosos que ajudaram os Faraós posteriores a destruir as estatuas  e os templos de Aton.
Desse modo, Amenófis IV mudou seu nome para “Akhenaton – o que bem serve a Aton”, e elevou Aton acima de todos os outros deuses do panteão egípcio – até mesmo acima de Amon, que por centenas de anos prevalecera em Tebas como deus soberano. E o Faraó também abandonava Tebas para construir uma nova capital. Em 1348 antes de Cristo, as margens do Nilo, esse Faraó ergueu Akhetaton  “origem de Aton” uma belíssima cidade para “Aton, seu único deus”, hoje conhecida como Amarna..
Akhenaton, Nefertiti e o Faraó-menino Tutankhamon tiveram um reinado breve. Governaram apenas 17 anos e pouco tempo depois da morte de Akhenaton, em 1336 antes de cristo, a velha ortodoxia estava restaurada e os inimigos deles rapidamente despedaçaram suas estátuas, demoliram seus templos e trataram de apagar dos registros históricos do Egito, tudo o que testemunhassem a sua existência.
Segundo Rita Freed, egiptóloga do Boston Museum of Fine Arts, “poderíamos compará-lo ao líder de uma seita religiosa. Os especialistas continuam a debater sobre a possibilidade de ele ter sido o primeiro líder monoteísta do mundo. Akhenaton insistia em um deus supremo, um criador onipotente que se manifestava à luz do Sol. Mais: via a si mesmo e a Nefertiti como extensões desse deus e, portanto, também dignos de veneração”.



Na verdade, esse pensamento de endeusamento havia começado com seu pai, Amenofis III, que reinou por 37 anos numa era de esplendor. Usou ele a riqueza do império para construir um conjunto de monumentos sem precedentes em Karnack e Luxor, centros religiosos do deus Amon, o patrono de Tebas. Depois que essa cidade recuperou o controle do Egito, por volta de 1520 antes de Cristo, Amon tornou-se cada vez mais venerado. Seu nome significa “oculto” e, no seu templo em Karnack, sacerdotes cultuavam sua estátua. Amon logo se fundiu ao antigo deus-sol  Rá, tornando-se Amon-Rá.
Em seu reinado, Amenófis III, já havia determinado que ele não só era o filho de Amon, mas também a encarnação de Rá. Começou então a erigir monumentos à sua própria divindade, incluindo um vasto templo funerário, que contemplava Tebas da margem oposta do Nilo.
Talvez, espelhando-se em seu pai, Akhenaton revolucionou a religião antiga. Por um breve período, os egípcios acreditaram que o deus-sol voltara à Terra na forma da família real. Houve um entusiasmo coletivo que se torna tangível na arte e na arquitetura. Todo o país celebrou aquela volta. Foi um dos períodos mais admiráveis da historia egípcia.
Ninguém sabe ao certo ate onde ia a popularidade de Akhenaton. Para alguns estudiosos, Akhenaton pode ter sido um visionário, um profeta cuja modalidade de monoteísmo de alguma forma inspirou Moisés, que viveu um século mais tarde.
Seja pela fé, seja pela força, Akhenaton revolucionou Tebas em seus quatro primeiros anos de reinado, mandando construir quatro novos templos para Aton em Karnack. Como necessitava de rapidez para construir esses edifícios seus engenheiros recorreram a uma nova técnica de construção. Como os templos de Aton não tinham teto, as paredes podiam ser menos resistentes. Por isso, em vez de grandes blocos de pedras, cortavam pequenos blocos de pedras que podiam ser carregados por uma única pessoa, os famosos “talatat” (de talata – em árabe significa três palmos).
Tutankhamon assumiu o poder cerca de quatro anos após a morte de Akhenaton. A maioria dos especialistas imaginam que ele estava com dez anos de idade na época.
Com a morte de Akhenaton, os Faros posteriores expandiram os templos, resgatando a soberania dos antigos deuses.

          Akhenaton fracassou ao tentar mudar para sempre a religião egípcia. Mas êxitos menores lhe proporcionaram a imortalidade que reivindicou em vida. Promoveu um vibrante movimento artístico que gerou quadros realistas da vida cotidiana na época. Seus engenheiros criaram blocos de construção que se tornaram materiais úteis para estruturas posteriores, permitindo que as narrativas neles inscritas sobrevivessem por milênios. E, hoje, Amarna, sua capital abandonada, é o único local onde visitantes podem caminhar pelas ruas de uma antiga cidade egípcia.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A Gnose e a Maçonaria

"A Gnose, como dito pelo M:. I:. Ir:. Albert Pike, é a essência e o miolo da maçonaria". Por Gnose, devemos entender aqui o Conhecimento tradicional que constitui o fundo comum de todas as iniciações, cujas doutrinas e símbolos se tem transmitido, desde a mais remota Antigüidade até os nossos dias, através de todas as Fraternidades secretas cuja extensa cadeia jamais foi interrompida.


Toda doutrina esotérica pode unicamente transmitir-se por meio de uma iniciação e cada iniciação inclui necessariamente várias fases sucessivas, às quais correspondem outros tantos graus diferentes. Tais graus e fases podem ser reduzidos, em última instância, sempre a três; podemos considerar que marcam as três idades do iniciado, ou as três épocas de sua educação e caracterizá-las respectivamente com estas três palavras: nascer, crescer, e produzir. A este respeito, O Ir:.Oswald Wirth escreveu: "A iniciação maçônica tem como objetivo iluminar os homens, afim de ensinar-lhes a trabalhar utilmente, em plena conformidade com as finalidades mesmas de sua existência. Ora, para iluminar os homens, em primeiro lugar se faz necessário liberá-los de tudo o que pode impedi-los de ver à Luz. Isto se consegue submetendo-os a certas purificações, destinadas a eliminar as escórias heterogêneas, causas da opacidade das estruturas protetoras do núcleo espiritual humano. Quando as mesmas  se tornam cristalinas, sua perfeita transparência deixa penetrar os raios da Luz exterior, até ao centro consciente do iniciado. Todo o seu ser, então, se satura progressivamente, até chegar a converter-se num Iluminado, no sentido mais elevado da palavra, vale dizer de um Adepto, transformado já num foco irradiante de Luz.
"Conseqüentemente, a iniciação maçônica contempla três fases distintas, consagradas sucessivamente ao descobrimento, à assimilação e à propagação da Luz. Estas fases estão representadas pelos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre, que correspondem a tripla missão dos maçons, que consiste em buscar primeiro, para possuir depois e, finalmente, poder difundir a Luz.
"O número destes graus é fixo: não poderia haver nem mais nem menos que três. A invenção de diversos sistemas chamados de altos graus levou a confundir os graus iniciáticos, estritamente limitados a três.
"Os graus iniciáticos correspondem ao triplo programa perseguido pela iniciação maçônica. Esotericamente, levam à solução das três questões do enigma da Esfinge: De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos?, e com isto respondem a tudo quanto pode interessar ao homem. São imutáveis em seus caracteres fundamentais e formam em sua trindade um todo acabado, ao qual nada se pode subtrair nem agregar: os graus de Aprendiz e de Companheiro são os dois pilares que sustentam o Mestrado.
"Os estados transitórios da iniciação, permitem ao iniciado penetrar com mais ou menos profundidade no esoterismo de cada grau; dai resulta um número indefinido de maneiras distintas de se apreender os graus de Aprendiz, de Companheiro e de Mestre. Pode-se apreendê-los em seu significado exterior, isto é, pode-se entender a a letra e não a compreensão; na Maçonaria, como em todas partes, há, sob este aspecto, muitos que foram chamados e poucos eleitos, já que somente aos verdadeiros iniciados lhes é dado a conhecer o espírito íntimo dos graus iniciáticos. Nem todos chegam, por outra parte, com igual êxito; pouquíssimos apenas logram superar a ignorância esotérica, sem marchar de maneira decidida até o Conhecimento integral, até a Gnose perfeita.
"Esta última, representada na Maçonaria pela letra G da Estrela Flamígera, se aplica simultaneamente ao programa de busca intelectual e do treinamento moral dos três graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. Com a Aprendizagem, busca-se penetrar no mistério da origem das coisas; com o Companheirismo, descobre o segredo da natureza do homem, e revela, com a Maestria, os arcanos do destino futuro dos seres. Ensina, ademais, ao Aprendiz a potenciar ao máximo suas próprias forças; mostra ao Companheiro como captar as forças do meio ambiente e ensina ao Mestre a reger soberanamente sobre a natureza obediente ao centro de sua inteligência. Não há que olvidar, de fato, que a iniciação maçônica se remonta a Grande Arte, a Arte Sacerdotal e Real dos antigos iniciados".
Sem querer entrar na complexa questão das origens históricas da Maçonaria, recordaremos tão somente que a Maçonaria moderna, tal como a conhecemos atualmente, deriva de uma fusão parcial dos Rosacruzes, que haviam conservado a doutrina gnóstica desde a idade média, com as antigas corporações de Maçons Construtores, cujas ferramentas, por demais, foram empregados como símbolos pelos filósofos herméticos, tal como pode se ver, em particular, numa figura de Basilio Valentin.
Mas, deixando por um momento de lado o ponto de vista restrito do Gnosticismo, por nossa parte faremos repetir no feito de que a iniciação maçônica, como toda iniciação, tem como fim a conquista do Conhecimento integral, que é a Gnose no verdadeiro sentido da palavra. Podemos dizer que este Conhecimento mesmo o que, falando com propriedade, constitui realmente o segredo maçônico e por esta razão o dito segredo resulta ser essencialmente incomunicável.
Para concluir e afim de evitar qualquer mal entendido, agregaremos que, para nós, a Maçonaria não pode nem deve sujeitar-se a nenhuma opinião filosófica particular, que ela não é mais espiritualista que materialista, nem tampouco mais deísta que atéia ou panteísta, no sentido que habitualmente se atribuiu estas diversas denominações, posto que ela deve ser pura e simplesmente a Maçonaria. Cada um de seus membros, ao entrar no Templo, deve despojar-se de sua personalidade profana e fazer uma abstração de quanto seja dos princípios fundamentais da Maçonaria, princípios cujo redor de todos deveriam unir-se para trabalhar em comum na Grande Obra da Construção universal...
(publicado na revista "Gnose" - março de 1910)

A Maçonaria e o Egito Antigo

Esta seção refere-nos a ligação entre a Maçonaria e o Antigo Egito, que tem largamente sido relatada através de lendas, como a do assassínio do mestre Hiram Abiff. Sempre que seja propício, novos artigos serão publicados, tentando estabalecer uma relação mais concreta entre ambos.


I – O ASSASSÍNIO DE HIRAM ABIFF
"A lenda do Mestre Construtor [Hiram Abiff] é a grande alegoria maçonica. Na realidade, a sua história figurativa é baseada numa personalidade das Sagradas Escrituras, mas os seus antecedentes históricos são de acontecimentos e não da essência; o significado reside na alegoria e não em qualquer fato histórico que possa estar por detrás."
- A.E. Waite, New Encyclopedia of Freemasonry 

A lenda de Hiram Abiff está intrinsecamente ligada às origens do Templarismo Germânico. "Alguns destes manuscritos do século XVII [preservando as 'Old Charges'] não se referem a Hiram Abif, o que levou alguns a crer que esta «personagem» seria uma invenção de um período mais recente. Todavia, o nome Hiram Abif era meramente uma das designações desta figura fulcral; ele é também mencionado como sendo Aymon, Aymen, Amnon, A Man ou Amen e, por vezes, Bennaim. É dito que Amen é a palavra hebraica para 'aquele em que se confia' ou 'o crente', o que se aplica perfeitamente ao papel de Hiram Abiff. Mas é também sabido que Amon or Amen é o nome do deus ancestral da criação de Thebas, a cidade de Sequenere Tao II. Poderá aqui existir uma ligação ancestral?"
- Christopher Knight & Robert Lomas, The Hiram Key: Pharaohs, Freemasons and the Discovery of the Secret Scrolls of Jesus. 



"Para o construtor iniciado, o nome Hiram Abiff significa 'Meu Pai, o Espírito Universal, uno em essência, três em aparência.' Ainda que o Mestre assassinado seja o estereotipo do Mártir Cósmico – O Espírito crucificado do Bem, o Deus moribundo – cujo Mistério é celebrado por todo o mundo."



"Os esforços levados a cabo para descobrir a origem da lenda de Hiram demonstram que, apesar da forma relativamente moderna de representação da lenda, os seus princípios fundamentais remontam a uma longínqua Antiguidade. É habitualmente reconhecido pelos estudiosos maçonicos que a história do martirizado Hiram é baseada em antigos rituais egípcios do deus Osiris, cuja morte e ressurreição retratam a morte espiritual do Homem e sua regeneração através da iniciação nos Mistérios. Hiram é também identificado com Hermes através da inscrição na Placa de Esmeralda."

- Manly P. Hall, Masonic, Hermetic, Quabbalistic & Rosicrucian Symbolical Philosophy 

"De acordo com as Escrituras, Hiram não era um arquiteto, mas um mestre no trabalho do latão e bronze. Ele não terá sido assassinado, mas terá vivido para ver o templo construido, tendo então regressado à sua terra natal."
- Baigent & Leigh, The Temple and the Lodge 

"A única explicação razoável para se ter chegado ao verdadeiro nome do heroi maçonico é que Hiram significava 'nobre' or 'real' em Hebreu, enquanto Abiff foi identificado como sendo francês antigo para 'o que se perdeu', originando uma descrição literal de 'o rei que se perdeu'."
- Christopher Knight & Robert Lomas, The Hiram Key: Pharaohs, Freemasons and the Discovery of the Secret Scrolls of Jesus.



Knight e Lomas avançam a teoria de que Hiram Abif era, na realidade, Sequenere Tao II, o verdadeiro rei egípcio que viveu em Thebas, cerca de 640 kilometros a sul de Hyksos, capital de Avaris, perto dos limites do reino de Hyksos. Sequenere era o "novo rei do egipto, que não conhecia José", que foi vizir por volta de 1570 A.C. Apophis, especula-se, quereria conhecer os rituais secretos de Horus, que permitiam ao faraós transformarem-se em Osiris na morte e viver eternamente como uma estrela. Apophis enviou homens a seu soldo para extrair a informação de Sequenere, mas ele mais facilmente morreria com violentas pancadas na cabeça antes de contar alguma coisa; na verdade, foi o que aconteceu.

A identificação de Hiram Abif como sendo Sequenere baseia-se no crânio da múmia, o qual parece ter sido esmagado por três golpes aguçados, como os que foram deferidos em Hiram Abif. E quanto aos assassinos descritos no folclore maçonico como Judeus? Knight e Lomas sugerem que estes serão dois dos irmãos expatriados de José, Simeon e Levi, auxiliados por um jovem padre de Thebast. Como prova, Knight e Lomas apontam a múmia encontrada ao lado da de Sequenere. O corpo não embalsamado pertencia a um jovem que morreu com os orgãos genitais cortados, e com um estertor de agonia no rosto. Teria ele sido enterrado vivo como castigo pelo seu crime?

"Os rituais maçonicos referem Hiram Abif como o 'Filho da Viúva'... na lenda egípcia, o primeiro Horus foi concebido após a morte de seu pai, pelo que a mãe já era viúva mesmo antes da concepção. Parece lógico que, todos os que, daí em diante, se tornaram Horus, i.e., os reis do Egipto, se apelidaram de 'Filho da Viúva'" [ver «Isis, the Black Virgin» para mais informação.]
- Christopher Knight & Robert Lomas, The Hiram Key: Pharaohs, Freemasons and the Discovery of the Secret Scrolls of Jesus.


II - THOTH E ENOCH
“No antigo Egipto, aos engenheiros, projetistas, e maçons que trabalhavam nos grandes projectos arquitectonicos era concedido um estatuto especial. Eram organizados em  corporações (ou associações) de elite…”

“Foram encontradas, pelo arqueólogo Petrie, provas da existência dessas corporações especiais, durante as suas expedições ao deserto do Líbano em 1888 e 1889. Nas ruínas de uma cidade construída por volta de 300 a.C., a expedição do dr. Petrie descobriu diversos registos em papiro. Uma parte descrevia uma corporação que mantinha reuniões secretas por volta de 2000 a.C.. A corporação reunia-se para discutir o nº de horas de trabalho, salários e regulamentos do trabalho diário. Reunia-se num local de culto e providenciava apoio a viúvas, orfãos e trabalhadores em dificuldades. Os deveres organizacionais descritos nos papiros são
extremamente semelhantes aqueles atribuidos ao ‘Vigilante’ e ‘Venerável’ num ramo moderno da…. Maçonaria.”
- William Bramley, The Gods of Eden.














“Eu sou o grande Deus na barca divina… sou um simples padre no inferno da sagração de Abido, subindo a degraus mais altos da Iniciação… sou o Grande Mestre dos artífices que elevaram o arco sagrado como suporte.”
- Thoth to Osiris, The Egyptian Book of the Dead

“De acordo com uma velha tradição maçonica, o Deus egípcio Thoth ‘teve grande participação na preservação do conhecimento do ofício maçonico e na sua transmissão á humanidade após as grandes cheias…’
- David Stevenson, The Origins of Freemasonry

“…O autor de um estudo academico bem fundamentado [The Origins of Freemasonry]… chegou ao ponto de dizer que, no ínicio, os Maçons consideravam Thoth como o seu patrono.”

“…O Livro de Enoch foi sempre de grande significado para a Maçonaria, e… certos rituais anteriores à época de Bruce (1730-1794) identificavam Enoch com Thoth, o Deus egípcio da Sabedoria.” Na Royal Masonic Cyclopaedia há uma entrada referindo que ‘Enoch é o inventor da escrita’, ‘que ensinava aos homens a arte da construção’ e que, antes das cheias, ele ‘temia que os verdadeiros segredos se perdessem – para o prevenir este escondeu o Grande Segredo, gravado numa pedra de pórfiro e enterrado nas entranhas da Terra’.”

- Graham Hancock, The Sign and the Seal.

A Origem da Maçonaria

Pelo Ir.'. Jaima Balbino de Oliveira


Há cerca de 950. 000 anos antes de Jesus Cristo, na antiga Lemúria, surgiu a primeira sociedade espiritualista do globo, denominada "Adoradores de Mu" , ou seja Adoradores do Supremo, que funcionava como a Maçonaria que conhecemos, podendo ser considerada a raiz de nossa poderosa e intelectual Instituição, segundo palavras ditadas pelo mestre Shebna.
Cem mil anos depois, continua esse grande mestre da espiritualidade, em 850.000 a. C., foi fundado o Grande Círculo Branco, na antiga Atlântida, prosseguindo arregimentando obreiros e funcionando também nos moldes da sociedade anterior com uma parte Iniciática e outra profana, isso na ilha chamada possidônia.
A Maçonaria sempre esteve mais ou menos relacionada com os Sacerdócios, até o século XIII de nossa era, quando os Maçons se declararam FREIMAURER (Franco-Maçons), ou Freemasonry (Maçons Livres), desligando-se definitivamente da esfera estreita dos dogmas religiosos, e dos padres das diversas religiões, e foi desde então que os sacerdotes Através da Companhia de Jesus, passaram a perseguir e denunciar a Franco-Maçonaria, usando de todos os recursos, inclusive os confessionários, para exterminá-la da face da Terra.
As Ordens Secretas, em todos os tempos, foram aduladas ou perseguidas pelos grandes da época, e muito particularmente, a dos ESSÊNIOS, em cujo o seio teve a honra de receber o Mestre JESUS CHRISTUS aos 12 anos de idade. Esta perseguição foi mais feroz a partir de 33 da Era Cristã, quando o Cordeiro de Deus que veio tirar os pecados do mundo foi crucificado devido às suas pregações ao povo humilde e explorado pela casta sacerdotal de sua época, representada pelos Fariseus, à cuja frente se encontrava o sumo sacerdote CAIFAZ.
Depois de morto JESUS, Seu nome passou a ser considerado maldito, e, todos os Seus Discípulos foram implacavelmente perseguidos, pois o povo judeu em cujo seio Ele nascera, frustrado em seus anseios de libertação do jugo Romano a que se achava submetido, destruíra o líder espiritual, que surgira ao invés do guerreiro que esperava...
O ódio decorrente desta frustração, era diabolicamente explorado e alimentado pelos sacerdotes nos templos e nas Sinagogas, e, habilmente incentivado pelos Césares de Roma. Tais perseguições, contudo, não conseguiram apagar as chamas dos ensinamentos do Cordeiro de Deus que nos deixou a Paz, e os Adeptos do Mestre se multiplicaram na clandestinidade, em ORDENS SECRETAS, onde eles ensinavam e aprendiam, o que Ele, também em uma ORDEM SECRETA aprendera e ensinara.
A atual forma da Maçonaria foi se materializando pouco a pouco desde a idade média. Nos tempos medievais, existiram na Europa confrarias de ofícios que, mais tarde, receberam o nome de comunidade de ofícios e, finalmente, corporações de ofícios. Na Inglaterra foi usado o vocábulo "guild" (guilda), mais tarde "company" (companhia) e, posteriormente, "fraternity" (fraternidade). Naquelas associações, os seus membros estavam ligados por juramentos sagrados, segredos, senhas. Faziam a representação dos antigos mistérios, quando estes deixaram de ser privativos da Igreja Católica Romana, que os recebera sob inegável influência da civilização grega.


Para as nossas considerações, é necessário que mencionemos a existência, em 1376, da "London Company of Masons and Freemasons" (Companhia dos Pedreiros e dos Trabalhadores de Pedra de Londres), porque foi nas ilhas Britânicas que se verificou a transição entre agremiações profissionais e a Maçonaria.
Todas as corporações estavam tripartidas em Aprendizes, Oficiais e Mestres. Os primeiros não recebiam remuneração. Quase sempre residiam na casa dos mestres, que lhes davam vestuário e alimentação. Depois de um tempo de aprendizado, que durava até sete anos, eram promovidos ao segundo Grau. Graças à citada promoção, eles recebiam salário. Os talentosos tornavam-se Mestres, podendo abrir sua própria oficina. Mas antes, eram examinados por uma comissão julgadora, cujos componentes chamavam-se jurados.
Há quem veja, com certo exagero, relevantes semelhanças entre as referidas organizações e os modernos sindicatos e, também, os modernos institutos de previdência social. Todavia, essa visão fica bastante reduzida pelo fato, incontestável, de que os mestres eram capitalistas, controlavam os meios de produção e, mesmo assim, incorporavam a dupla posição de patrões e trabalhadores, simultaneamente.
Porém, talvez possamos vislumbrar esboços previdenciários, porque as corporações acumulavam fundos que garantiam o pagamento de contribuições aos associados em dificuldade, aos órfãos e viúvas.
Com o passar do tempo, os associados obtiveram gradativas liberdades, em detrimento da própria organização, ocasionando seu enfraquecimento. Diferente foi o destino dos construtores britânicos. A respectiva agremiação começou a aceitar membros não profissionais.
Consta que o primeiro deles foi o aristocrata John Boswell, da Escócia, em 1600.
No século seguinte, em 1705, já na fase especulativa (ou seja, a fase dos não profissionais),
algumas lojas Maçônicas de York estabeleceram normas vinculadoras, mas os Maçons de Londres foram ainda mais longe, quando, em 1717, exatamente em 24 de junho (dia muito significativo!) na "Goose and Gridiron Tavern" (Taverna do Ganso e Grelha) sob a assessoria de James Anderson, lider da Igreja Presbiteriana, fundaram a primeira Potência Maçônica do mundo, a "Grand Lodge of London" (Grande Loja de Londres). O fidalgo Antony Sayer foi escolhido Grão-Mestre (presidente), o carpinteiro Jacob Lambdall foi escolhido primeiro vice-presidente e o capitão Joseph Elliot foi escolhido segundo vice-presidente.
Anderson e Payne, entre 1720 e 1723, apresentaram estudos sobre a primeira Constituição que se constitui como ponto de partida do Direito Maçônico moderno em uso até nossos dias.
Três seriam as fontes mais antigas que contém os princípios fundamentais da Maçonaria: O Livro dos Mortos dos egípcios, os livros que compõem o Velho Testamento e os fragmentos vindos dos Essênios, descobertos há poucos anos, nas cavernas de Qumram.

Uma das Virtudes Maçônicas - Tolerância

A tolerância sendo uma virtude é, portanto, um valor. Valores, como é sabido, não podem ser definidos, entretanto, podem ser descritos e analisados de acordo com comportamento dos integrantes de uma sociedade.
A idéia de tolerância somente pode ser analisada, com certa precisão, se estiver interada socialmente, pois está indissoluvelmente atrelada ao agir das pessoas nesta mesma sociedade.
Para abordar esse tema tão subjetivo por se tratar de uma virtude e também, sendo um dos valores da nossa Ordem, deixo duas perguntas para a nossa reflexão: "Julgar que há coisas intoleráveis é dar provas de intolerância?" Ou, de outra forma: "Ser tolerante é tolerar tudo?" Em ambos os casos a resposta, evidentemente é não, pelo menos se queremos que a tolerância seja uma virtude.
Partindo da afirmação que Filosofar é pensar sem provas, somente espero não ter indo longe demais nas minhas divagações filosóficas.
No opúsculo O que é Maçonaria, temos a seguinte frase: “A Maçonaria é eminentemente tolerante e exige dos seus membros a mais ampla tolerância. Respeita as opiniões políticas e crenças religiosas de todos os homens, reconhecendo que todas as religiões e ideais políticos são igualmente respeitáveis e rechaça toda pretensão de outorgar situações de privilégio a qualquer uma delas em particular”.
A definição acima aborda a tolerância maçônica no seu aspecto religioso e político que, sendo um valor é muito mais abrangente, discutível e contestável do que os apresentados.
Quem tolera a violação, a tortura, o assassinato deveria ser considerado virtuoso? Quem admite o ilícito com tolerância tem um comportamento louvável? Mas se a resposta não pode ser negativa, a argumentação não deixa de levantar um certo número de problemas, que são definições e limitações. Nem tão pouco podemos deixar de considerar às questões sobre o sentido da vida, a existência do G\A\D\U\e o valor dos nossos valores.
Tolerar é aceitar aquilo que se poderia condenar, é deixar fazer o que se poderia impedir ou combater? É, portanto, renunciar a uma parte do nosso poder, desejo e força! Mas só há virtude na medida em que a chamamos para nós e que ultrapassamos os nossos interesses e a nossa impaciência. A tolerância vale apenas contra si e a favor de outrem. Não existe tolerância quando nada temos a perder e menos ainda quando temos tudo a ganhar, suportando e nada fazendo. Tolerar o sofrimento dos outros, a injustiça de que não somos vítimas, o horror que nos poupa não é tolerância, mas sim egoísmo e indiferença. Tolerar Hitler é tornar-se cúmplice dele, pelo menos por omissão, por abandono e esta tolerância já é colaboração. Antes o ódio, a fúria, a violência, do que esta passividade diante do horror e a aceitação vergonhosa do pior.
É o que Karl Popper denomina como "o paradoxo da tolerância": “Se formos de uma tolerância absoluta, mesmo com os intolerantes e não defendermos a sociedade tolerante contra os seus assaltos, os tolerantes serão aniquilados e com eles a tolerância”.


Uma virtude não pode ocultar-se atrás de posturas condenáveis e contestáveis: aquele que só com os justos é justo, só com os generosos é generoso, só com os misericordiosos é misericordioso, não é nem justo, nem generoso e nem misericordioso. Tão pouco é tolerante aquele que o é apenas com os tolerantes. Se a tolerância é uma virtude, como creio e de um modo geral, ela vale, portanto por si mesma, inclusive para os que não a praticam. É verdade que os intolerantes não poderiam queixar-se, se fôssemos intolerantes com eles. O justo deve ser guiado "pelos princípios da justiça e não pelo fato de o injusto poder queixar-se". Assim como o tolerante, pelos princípios da tolerância.



O que deve determinar a tolerabilidade deste ou daquele indivíduo, grupo ou comportamento, não é a tolerância de que dão provas, mas o perigo efetivo que implicam: uma ação intolerante, um grupo intolerante, etc., devem ser interditos se, e só se, ameaçam efetivamente a liberdade ou, em geral, as condições de possibilidade da tolerância.
Numa República forte e estável, uma manifestação contra a democracia, contra a tolerância ou contra a liberdade não basta para a pôr em perigo: não há, portanto, motivos para a proibir e faltar com tolerância. Mas se as instituições se encontram fragilizadas, se uma guerra civil ameaça, se grupos pretendem tomar o poder, a mesma manifestação pode tornar-se um perigo: pode então vir a ser necessário proibi-la ou impedi-la, mesmo à força e seria uma falta de prudência recusar-se a considerar esta possibilidade.
Estando diante de mais um paradoxo sobre a tolerância, para entende-la entramos por um caminho não muito claro e como não poderia deixar de ser exato, Karl Popper acrescenta: Não quero com isto dizer que seja sempre necessário impedir a expressão de teorias intolerantes. Enquanto for possível contrariá-las à força de argumentos lógicos e contê-las com a ajuda da opinião pública, seria um erro proibi-las. Mas é necessário reivindicar o direito de fazê-lo, mesmo à força, caso se torne necessário, porque pode muito bem acontecer que os defensores destas teorias se recusem a qualquer discussão lógica e respondam aos argumentos pela violência. Haveria então de considerar que, ao fazê-lo, eles se colocam fora da lei e que a incitação à intolerância é tão criminosa como, por exemplo, a incitação ao assassínio. Democracia não é fraqueza. Tolerância não é passividade”.
Moral e politicamente condenáveis, a tolerância universal não seria, nem virtuosa e nem viável. Ou por outras palavras: existe, de fato, coisas intoleráveis, mesmo para o tolerante! Moralmente condenado é o sofrimento de outrem, a injustiça, a opressão, quando poderiam ser impedidos ou combatidos por um mal menor. Politicamente é tudo o que ameaça efetivamente a liberdade, a paz ou a sobrevivência de uma sociedade.
Como vimos, o problema da tolerância só se põe em questões de opinião. Ora, o que vem a ser uma opinião senão uma crença incerta. O católico bem pode estar subjetivamente certo da verdade do catolicismo. Mas, se for intelectualmente honesto (se amar mais a verdade do que a certeza), deverá reconhecer que é incapaz de convencer um protestante, ateu ou muçulmano, mesmo cultos, inteligentes e de boa-fé. Por mais convencido que possa estar de ter razão, cada qual deve, pois, admitir que não pode prová-lo, permanecendo assim no mesmo plano que os seus adversários, tão convencidos como ele e igualmente incapazes de convencê-lo. A tolerância, como virtude, fundamenta-se na nossa fraqueza teórica, ou seja, na incapacidade de atingir o absoluto. “Devemos tolerar-nos mutuamente, porque somos todos fracos, inconsequentes, sujeitos à variação e ao erro. Humildade e misericórdia andam juntas e levam à tolerância”.
Um outro ponto a ser considerado prende-se mais com a conduta política do que com a moral, mais com os limites do Estado do que com os do conhecimento. Ainda que tivesse acesso ao absoluto, o soberano seria incapaz de impô-lo a quem quer que fosse, porque não se pode forçar um indivíduo a pensar de maneira diferente daquela como pensa, nem a acreditar que é verdadeiro o que lhe parece falso. Pode impedir-se um indivíduo de exprimir aquilo em que acredita, mas não de pensar.
Para quem reconhece que valor e verdade constituem duas ordens diferentes, existe, pelo contrário, nesta disjunção uma razão suplementar para ser tolerante: ainda que tivéssemos acesso a uma verdade absoluta, isso não obrigaria a todos a respeitar os mesmos valores, ou a viverem da mesma maneira. A verdade impõe-se a todos, mas não impõe coisa alguma. A verdade é a mesma para todos, mas não o desejo e a vontade. Esta convergência dos desejos, das vontades e da aproximação das civilizações, não resulta de um conhecimento: é um fato da história e do desejo dessas civilizações.
Podemos perguntar, finalmente, se a palavra tolerância é, de fato, a que convém. Tolerar as opiniões dos outros não é considerá-las como inferiores ou faltosas? Temos então um outro paradoxo da tolerância, que parece invalidar tudo que vimos anteriormente. Se as liberdades de crença, de opinião, de expressão e de culto são liberdades de direito, então não precisam ser toleradas, mas simplesmente respeitadas, protegidas e celebradas.
A palavra tolerância implica muitas vezes, na nossa língua, na idéia de polidez, de piedade ou ainda de indiferença. Em rigor, não se pode tolerar senão o que se tem o direito de impedir, de condenar e de proibir. Mas acontece que este direito que não possuímos nos inspira no sentimento de possuí-lo.
Não temos razão de pensar o que pensamos? E, se temos razão, os outros não estariam errados? E como poderia a verdade aceitar - senão, de fato, por tolerância - a existência ou a continuação do erro? Por isso damos o nome de tolerância àquilo que, se fôssemos mais lúcidos, mais generosos, mais justos, deveria chamar-se de respeito, simpatia ou de amor. Se, contudo, a palavra tolerância se impôs, foi certamente porque nos sentimos muito pouco capazes de amar ou de respeitar quando se tratam dos nossos adversários.
"Enquanto não desponta o belo dia em que a tolerância se tornará amável", conclui Jankélévitch, "diremos que a tolerância, a prosaica tolerância é o que de melhor podemos fazer! A tolerância é, pois uma solução sofrível; até que os homens possam amar, ou simplesmente conhecer-se e compreender-se, podemos dar-nos por felizes por começarem a suportar-se”.
A tolerância, portanto, é um momento provisório. Que este provisório está para durar, é bem claro e, se cessasse, seria de temer que lhe sucedesse a barbárie e não o amor! É apenas um começo, mas já é algum. Sem contar que é por vezes necessário tolerar o que não queremos nem respeitar e nem amar. Existem, como vimos, coisas intoleráveis que temos de combater. Mas também coisas toleráveis que são, no entanto, desprezíveis e detestáveis. A tolerância diz tudo isto, ou pelo menos autoriza.
Assim como a simplicidade é a virtude dos sábios e a sabedoria a dos santos, a tolerância é sabedoria e virtude para aqueles - todos nós - que não são nem uma nem outra coisa.

Opúsculo - O que é a Maçonaria
A Tolerância e a Ordem Normativa - Ir\ Luciano Ferreira Leite
Sponville, André - Pequeno Tratado das Grandes Virtudes. Lisboa: Ed. Presença, 1995.

A Transformação Humana frente a Maçonaria

Tudo aquilo, portanto, que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a
eles
Abandonamos os bens do mundo profano
Abraços fraternais foram as recompensas
Aclamação pelos irmãos consagraram a gentil acolhida
Adornos recebemos
Aprendizes nos tornamos

Baterias de alegria foram ouvidas
Beneficência sendo louvada

Crianças nos tornamos
Conhecimento buscamos
Candidatos à perfeição como destino
Caridade como arma trazemos

Deus estando conosco

Estrela simbolizando o homem perfeito
Eternidade é o nosso tempo
Evolução por obrigação conseguiremos

Fraternos sem dogmas e ceticismo
Finalidade, o aperfeiçoamento

G.A.D.U. aqui tens seus seguidores

Harmonia em nossos corações palpitantes
Hospitalaria contando conosco a toda hora do dia
Huzé como saudação pela alegria

Idade de três anos completamos
Igualdade sentimos quando trabalhamos
Imbatível espirito de irmandade
 

Justas serão nossas lutas

Lapidar a pedra bruta seria só o inicio
Livres de preconceitos e sendo de bons costumes
Livro da Lei como fonte de sabedoria
Loja se tornando nosso mundo de trabalho e reflexão
Luz por causa teremos

Maçons, aqui prontos estamos
Mandamentos praticamos
Meio-dia iniciamos
Meia-noite encerramos

Nomes conhecemos

Ocidente foi a nossa porta de entrada
Ordem e disciplina mantemos
Oriente, perante o sol que Ilumina nos prostramos
Ouvindo, ouvindo, aprendemos

Palavras nos informam que já é chegada a hora
Pedra bruta temos que desbastar
Perfeição será a nossa meta
Persuasão, e o bom exemplo serão nossas armas
Pilares construiremos
Propostas apresentaremos
Purificação moral e espiritual manteremos

Quadro da Loja, aqui estamos como humildes serventes

Recompensa, distinção pelos nossos talentos
Riqueza de conhecimento transmitida através dos ritos
Ritos de passagem, repetidas de modo bem conhecidos.
Ritos que nos ajudam dar ordem e sentido a vida.
Ritos predizíveis realizados da mesma maneira por muitas gerações.
Ritos marcando a transição de um estado de vida para outro.



Sabedoria em todas as provas demonstraremos
Salários simbólicos mereceremos
Segredo com a vida guardaremos
Silêncio por virtude praticaremos
Simbolismos morais e filosóficos interpretaremos
Sinais empregaremos e reconheceremos

Templo de Salomão imagem das maravilhas da criação
Templo, onde edificamos o ser humano ideal
Testamento deixamos para nascermos numa vida nova
Três, sempre três
Três vezes três
Três aspectos de um todo
Trindade, começo, meio e fim

União de todos por todos

Verdade sempre será a nossa causa
Virtude, a sociabilidade, o progresso como frutos
Vozes dizendo que somos livres e de bons costumes

Por fim dizemos que nós em novos homens nos transformamos.
A riqueza do mundo profano se esvai, pois aqui tudo é novo.