sexta-feira, 19 de novembro de 2010

SÍMBOLOS Colocando o prumo: Templo sagrado, GADU, postura e vida após a morte


Não sei a partir de quando os nossos „usos e costumes‟ adotou o termo “Templo” para denominar os locais das práticas ritualísticas maçônicas. Com o tempo, tal prática desdobrou-se para “Templo Sagrado” e se afastou ainda mais do simbolismo inicial das profanas Tabernas, local onde os maçons operativos reuniam-se para troca de conhecimentos, discussões sobre ajuda às suas famílias (mútua) e um ágape fraterno. Com certeza os maçons operativos avocavam a proteção de Deus em suas reuniões – lembremos que na Europa da época era perigoso negar a influência da religião –, mas daí a considerar aquele ambiente como sagrado... Com o advento da maçonaria especulativa, que pouco a pouco se tornará humanística e passará a referir-se à construção de um novo homem utilizando como analogia simbólica a construção do Templo de Salomão, a ideia de “Templo Sagrado” apresenta-se como paradoxal, uma vez que simbolicamente “o Templo de Salomão está em construção”, portanto inacabado e ainda não consagrado. Os maçons estão construindo a obra. Em alguns ritos, eles trabalham dentro do Templo inacabado com diversos adornos já colocados em seus lugares, como os altares, corda, colunas etc., mas a sessão litúrgica será mais bem compreendida como uma “etapa da obra”; o limite de concessão simbólica que me permito é o entendimento de que o andamento da obra está sendo supervisionado pelo Venerável Mestre, que representa a Sabedoria, e nos remete à figura de Salomão. E olhe lá. Não podemos perder de vista que o „templo‟ a ser construído é o templo interior do homem. As edificações, por mais bonitas e imponentes que se apresentem, são somente prédios sem qualquer caráter religioso. O ritual de „sagração‟ das Lojas é um ato de puro simbolismo maçônico para designar que aquele local, de certa forma, esta separado do mundo não maçom („profano‟), mas, com certeza, esse ritual não lhes atribui qualquer condição de locais para práticas religiosas, tais como: “Casa de Milagres ou de Orações”, “locais de oferendas ou curas” etc. muito menos de exigência de locais de comportamento beato. Para evitar tais equívocos, sugiro que resgatemos os conceitos de “Lojas” e “Oficinas”. Outra correção que me cabe colocar a prumo é a confusão que se faz entre os conceitos de Grande Arquiteto do Universo (GADU) – e de Deus. Insisto em afirmar que o Grande Arquiteto do Universo não é o Deus DAS religiões; mas, sim, é Deus NAS religiões. A diferença é sutil, mas essencial. O Deus do maçom é o próprio Deus da religião por ele professada. Os maçons têm um respeito mútuo pelo Grande Arquiteto do Universo enquanto Ele segue sendo Deus em suas respectivas religiões. Não é missão da maçonaria, tratar de unir credos religiosos diferentes; não existe, portanto, um Deus maçônico único. O conceito de Grande Arquiteto do Universo, na maçonaria, não privilegia nenhuma concepção de Deus em particular. Na maçonaria a crença no Grande Arquiteto do Universo é uma realidade filosófica, e não dogmática, traduz uma ideia de entidade dinâmica, um foco social que evolui enquanto se mescla a moralidade e as necessidades da época, moldando e guiando o maçom em seu processo evolutivo de construção de um novo homem.

É preciso entender a diferença entre os conceitos de “Arquiteto” – aquele que constrói, edifica, ergue uma construção utilizando na obra materiais pré-existentes –, e de “Deus (das religiões)” – o creador de tudo, isto é,
aquele que faz surgir tudo a partir do nada. Nesse contexto, a maçonaria pretende construir um novo homem, retificado moralmente, a partir de um homem bruto existente, portanto, essa transformação deve ser entendida apenas como uma obra de arquitetura moral, sem qualquer caráter religioso. Se alguém entender o conceito de Grande Arquiteto do Universo como "a energia gerada pelo Big Bang que iniciou o processo evolucionista na Terra", tal pensamento, sob a ótica da maçonaria humanista, não deverá ser considerado uma heresia. Outro assunto fora de prumo, motivo de discussão entre os irmãos, é o conceito de „postura‟. Quantos aborrecimentos poderiam ser evitados pelo simples fato de se ter consagrado como correto um irmão, atropelando a ritualística, chamar a atenção de outro, com veemência – principalmente de „aprendiz‟ – para que se sente „em posição receptiva‟: erecto, as mãos sobre as coxas etc. para não quebrar a „egrégora‟. Se um irmão, em um momento de descuido, é flagrado „cruzando as pernas‟ ou „com os braços às costas das cadeiras laterais‟..., pronto, a TOLERÂNCIA é mandada às favas. Afinal, quem está certo ou errado? Não é uma questão de se fazer apologia aos maçons „sem modos‟, „sem educação‟, afinal estamos numa „escola de virtudes‟ e o nosso aprendizado irá influenciar diretamente em nossa vida profana, assim sendo, desde logo se deve instruir e cobrar dos aprendizes – de forma fraternal – uma postura "adequada" a um ambiente dedicado a estudos e aprendizagem, ou seja, que lhe permita concentração e atenção, evitando-se posturas que transpareça negligência, tédio, desinteresse ou relaxamento. É uma questão de educação, nada relacionado ao caráter místico de quebra de egrégoras ou correntes espirituais. Finalizando, trago o prumo à discussão sobre a alegoria maçônica da "vida após a morte". A ressurreição sugerida pela maçonaria reside na visão filosófica da palingenesia, que segundo Schopenhauer refere-se ao renascimento sucessivo dos mesmos indivíduos, ou seja, a condição do homem em se transformar em Vida e não da forma como a apresentam os teólogos defensores do retorno do espírito ao corpo que ocupará até o juízo final. A Ressurreição, sob o ponto de vista dos dogmas religiosos, não é discutida nem preconizada nos ensinamentos maçônicos, uma vez que a maçonaria, por seu caráter ecumênico, defende a liberdade religiosa de seus adeptos e, consequentemente, respeita a crença de cada irmão e não aceita no interior de suas lojas proselitismo, nem discussões, de caráter religioso. O sistema especulativo da maçonaria esta fundamentado no conceito de evolução e progresso nessa vida, não na premissa teológica da promessa de vida eterna. Dentro desse contexto, entendo como inócuo frequentar a maçonaria com a preocupação de se postar, dentro do "Templo Sagrado", em posição receptiva – de modo a não quebrar a egrégora – „rezar‟ solicitando graças e bênçãos ao GADU, acreditando que assim procedendo estará corroborando para a obtenção de uma vida melhor após a morte. Eis um desperdício da verdadeira fé e de tempo.

Ir.´. Ubyrajara de Souza Filho, M.´. I.´. da A.´. R.´. L.´. M.´. D´Artagnan Dias Filho

Folha Maçônica Nº 270, 13 de novembro de 2010
Colaboração Ir.'. Igor Navarro

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

CARTA DE ABRAHAM LINCOLN AO PROFESSOR DO SEU FILHO

Colaboração do Ir.'. Max em 17/11/2010.



Caro professor,







Ele terá de aprender que nem todos os homens são justos, nem todos são verdadeiros, mas, por favor, diga-lhe que, para cada vilão, há um herói, que para cada egoísta, há também um líder dedicado; ensine-lhe, por favor, que para cada inimigo haverá também um amigo, ensine-lhe que mais vale uma moeda ganha que uma moeda encontrada, ensine-o a perder mas também a saber gozar da vitória, afaste-o da inveja e dê-lhe a conhecer a alegria profunda do sorriso silencioso, faça-o maravilhar-se com os livros, mas deixe-o também perder-se com os pássaros do céu, as flores do campo, os montes e os vales.

Nas brincadeiras com os amigos, explique-lhe que a derrota honrosa vale mais que a vitória vergonhosa, ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra todos. Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os duros, ensine-o a nunca entrar no comboio simplesmente porque os outros também entraram.

Ensine-o a ouvir a todos, mas, na hora da verdade, a decidir sozinho, ensine-o a rir quando estiver triste e explique-lhe que por vezes os homens também choram.

Ensine-o a ignorar as multidões que reclamam sangue e a lutar só contra todos, se ele achar que tem razão.

Trate-o bem, mas não o mime, pois só o teste do fogo faz o verdadeiro aço, deixe-o ter a coragem de ser impaciente e a paciência de ser corajoso.

Transmita-lhe uma fé sublime no Criador e fé também em si, pois só assim poderá ter fé nos homens.

Eu sei que estou lhe pedindo muito, mas veja o que pode fazer, caro professor!

Abraham Lincoln, 1830



sexta-feira, 24 de setembro de 2010

POEMA do HOMEM JUSTO pelo M.'. Ins.'. Pedro Escovino de Vasconcellos Loja Mario Bhering 25 nº 70











1. Senhor, dá-me a esperança. Leva de mim o desespero e não o dês a mais ninguém.

2. Semeia em meu coração o amor. Ajuda-me a cultivá-lo, extirpando de minha alma as raízes do ódio.

3. Ensina-me a fazer dos meus adversários, companheiros; dos companheiros, amigos; e dos amigos, irmãos.

4. Senhor, dá-me coragem para vencer as paixões e razão para desvanecer as ilusões.

5. Fortalece meus olhos para ver meus próprios defeitos e cega-os para as falhas do próximo.

6. Senhor, que eu possa saborear a doçura do perdão e repugnar o amargor do ódio.

7. Levar alegria a todos, aumentando-lhes os dias felizes e encurtando as noites tristes.

8. Não ser manso como a ovelha ante os poderosos e nem forte como o leão perante as noites tristes.

9. Infunde, Senhor, em meu coração, a tolerância e a compreensão; afasta de mim a intransigência e prepotência.

10. Sacia meu Espírito pela Fé em Ti, enche meu coração de amor e faze de mim um HOMEM JUSTO.


"O segredo da felicidade não é fazer o que se gosta, mas gostar do que se tem que fazer"
BHAGAVAN SRI SATHYA SAI BABA

P.S: RABINDRANATHE TAGORE, poeta Indiano, prêmio Nobel de Literatura de 1928, nascido na cidade de Calcutá.

A Grande Batalha - pelo Ir.'. Paulo Roberto Benjamin

Como se sabe a maçonaria é uma instituição arquimilenar. O fulcro de seu trabalho, mesmo não sendo uma religião, é religar a criatura ao Criador. Tarefa de gigantescas proporções, já empreendida por muitos seres e instituições ao longo da evolução da raça humana, não raramente provocando tragédias históricas.







Mas, afinal, o que se interpõe entre a criatura e o Criador, distanciando-os e provocando toda a sorte de infortúnios? Se pudéssemos, meus irmãos, de nossa humanidade, lançar esta pergunta às profundezas da terra e às maiores alturas dos céus e se tivéssemos ouvidos de ouvir, certamente surgiria um grande coro de santas vozes revelando: A IGNORÂNCIA. Inimiga das mais virulentas e poderosas, a ignorância é invisível e mutante, adaptando-se a todas as classes de situações, culturas, níveis sociais e níveis de inteligência racional. Desperta e fomenta a discórdia, o egoísmo, o preconceito, o fanatismo e toda gama de males que moram na parte animal do homem, atuando em forma de ferocidade destrutiva. Podemos afirmar, sem medo de excessos, que a ignorância, nos termos e abrangência em que é descrita, ou seja como a distância do que é espiritual e sublime, é a causa de todos os sofrimentos.

Diante de tal panorama, estrutura-se a maçonaria em elementos extraídos da natureza do Criador. Esses elementos exercem uma espécie de atração magnética sobre as pessoas de bom coração. Seus meios de ação, símbolos e conhecimentos oferecem, juntamente com outros caminhos igualmente elevados, o contraponto necessário, as armas para o combate à cruel inimiga, a fortaleza onde podemos nos proteger. Ela fornece ainda os instrumentos e os materiais com os quais vamos construir a ponte capaz de nos conduzir à estatura de Mestres de Sabedoria: o autoconhecimento. E, no momento que alcançamos esta convivência com o que é eterno em nós, podemos afirmar que somos vitoriosos. Não vitoriosos sobre as pessoas ou sobre o mundo, mas a vitoriosos sobre nós mesmos. Alcançamos a paz, vencemos, enfim, a grande batalha.

Apresentado na Loja Maçônica Lázaro Zamenhof 37 nº80
Or.'. Rio de Janeiro, 16 de setembro de 2010.



quarta-feira, 23 de junho de 2010

Texto de Fernando Pessoa sobre a MAÇONARIA

Este é um trecho do artigo que Fernando Pessoa publicou no Diário de Lisboa, no 4.388 de 4 de fevereiro de 1935, contra o projeto de lei, do deputado José Cabral, proibindo o funcionamento das associações secretas, sejam quais forem os seus fins e organização.

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A Maçonaria compõe-se de três elementos: o elemento iniciático, pelo qual é secreta; o elemento fraternal; e o elemento a que chamarei humano – isto é, o que resulta de ela ser composta por diversas espécies de homens, de diferentes graus de inteligência e cultura, e o que resulta de ela existir em muitos países, sujeita portanto a diversas circunstâncias de meio e de momento histórico, perante as quais, de país para país e de época para época reage, quanto à atitude social, diferentemente.

Nos primeiros dois elementos, onde reside essencialmente o espírito maçônico, a Ordem é a mesma sempre e em todo o mundo. No terceiro, a Maçonaria – como aliás qualquer instituição humana, secreta ou não – apresenta diferentes aspectos, conforme a mentalidade de Maçons individuais, e conforme circunstâncias de meio e momento histórico, de que ela não tem culpa.

Neste terceiro ponto de vista, toda a Maçonaria gira, porém, em torno de uma só idéia – a "tolerância"; isto é, o não impor a alguém dogma nenhum, deixando-o pensar como entender. Por isso a Maçonaria não tem uma doutrina. Tudo quanto se chama "doutrina maçônica" são opiniões individuais de Maçons, quer sobre a Ordem em si mesma, quer sobre as suas relações com o mundo profano. São divertidíssimas: vão desde o panteísmo naturalista de Oswald Wirth até ao misticismo cristão de Arthur Edward Waite, ambos tentando converter em doutrina o espírito da Ordem. As suas afirmações, porém, são simplesmente suas; a Maçonaria nada tem com elas. Ora o primeiro erro dos Antimaçons consiste em tentar definir o espírito maçônico em geral pelas afirmações de Maçons particulares, escolhidas ordinariamente com grande má fé.

O segundo erro dos Antimaçons consiste em não querer ver que a Maçonaria, unida espiritualmente, está materialmente dividida, como já expliquei. A sua ação social varia de país para país, de momento histórico para momento histórico, em função das circunstâncias do meio e da época, que afetam a Maçonaria como afetam toda a gente. A sua ação social varia, dentro do mesmo país, de Obediência para Obediência, onde houver mais que uma, em virtude de divergências doutrinárias – as que provocaram a formação dessas Obediências distintas, pois, a haver entre elas acordo em tudo, estariam unidas. Segue daqui que nenhum ato político ocasional de nenhuma Obediência pode ser levado à conta da Maçonaria em geral, ou até dessa Obediência particular, pois pode provir, como em geral provém, de circunstâncias políticas de momento, que a Maçonaria não criou.

Resulta de tudo isto que todas as campanhas antimaçônicas – baseadas nesta dupla confusão do particular com o geral e do ocasional com o permanente – estão absolutamente erradas, e que nada até hoje se provou em desabono da Maçonaria. Por esse critério – o de avaliar uma instituição pelos seus atos ocasionais porventura infelizes, ou um homem por seus lapsos ou erros ocasionais – que haveria neste mundo senão abominação? Quer o Sr. José Cabral que se avaliem os papas por Rodrigo Bórgia, assassino e incestuoso? Quer que se considere a Igreja de Roma perfeitamente definida em seu íntimo espírito pelas torturas dos Inquisidores (provenientes de um uso profano do tempo) ou pelos massacres dos albigenses e dos piemonteses? E contudo com muito mais razão se o poderia fazer, pois essas crueldades foram feitas com ordem ou com consentimento dos papas, obrigando assim, espiritualmente, a Igreja inteira.

Sejamos, ao menos, justos. Se debitamos à Maçonaria em geral todos aqueles casos particulares, ponhamos-lhe a crédito, em contrapartida, os benefícios que dela temos recebido em iguais condições. Beijem-lhe os jesuítas as mãos, por lhes ter sido dado acolhimento e liberdade na Prússia, no século dezoito – quando expulsos de toda a parte, os repudiava o próprio Papa – pelo Maçom Frederico II. Agradeçamos-lhe a vitória de Waterloo, pois que Wellinton e Blucher eram ambos Maçons. Sejamos-lhe gratos por ter sido ela quem criou a base onde veio a assentar a futura vitória dos Aliados – a "Entente Cordiale", obra do Maçom Eduardo VII. Nem esqueçamos, finalmente, que devemos à Maçonaria a maior obra da literatura moderna – o "Fausto" do Maçom Goeth.

Acabei de vez. Deixe o Sr. José Cabral a Maçonaria aos Maçons e aos que, embora o não sejam, viram, ainda que noutro Templo, a mesma Luz. Deixe a Antimaçonaria àqueles Antimaçons que são os legítimos descendentes intelectuais do célebre pregador que descobriu que Herodes e Pilatos eram Vigilantes de uma Loja de Jerusalém.

Fernando Pessoa
http://www.lojasaopaulo43.com.br/maconaria.php#15



sexta-feira, 9 de abril de 2010

A Origem do Rito Escocês



Ao contrário do que vulgarmente se acredita, o RITO ESCOCÊS nada tem a ver com o Estado da ESCÓCIA, pois na época do aparecimento deste rito, as Lojas de lá trabalhavam no Rito de YORK, como em toda a Grã-Bretanha.

Afirmam certos historiadores tradicionais, mas sem jamais terem podido comprová-lo ou documentá-lo, que a criação de graus "inefáveis" deste rito se teria procedida logo depois da terminação da primeira Cruzada (1099 D. C.), na Escócia, na França e na Prússia, simultaneamente. Mas tudo isto é pura fantasia, bastando dizer que a Prússia então, como Estado, ainda nem existia. Houve isto sim, a criação de inúmeros "títulos" honoríficos de "Ordens de Cavalaria", mas estas nada tinham a ver com a Maçonaria.

É muita vontade de criar uma falsa antiguidade, hoje em dia muito usual na Arte Real, e muito similar, á idéia de ANDERSON, ao publicar, depois de sua famosa CONSTITUIÇÃO DE 1723, uma nebulosa "HISTÓRIA PATRIARCAL DA MAÇONARIA" (começando em 3785 A. C. E terminando na Inglaterra em 1714 DC). É a conhecida "Maçonaria Romanceada", que sistematicamente nos é apresentada pelos nossos editores "especialistas", em traduções de literatura estrangeira barata, por não estarem os historiadores patrícios dispostos a pesquisarem a história da maçonaria AUTÊNTICA, e com isenção de animo nem a nossa história querem analisar.

Mas o que a maioria destes escritores fez, foi escrever a história da maçonaria "NA" Escócia, começando pelo famoso EDITAL da Cidade de Edinbourgh, de 1415, permitindo a constituição de uma "Corporação de Franco-Burgueses", e a Arte Real, que se foi desenvolvendo depois disto.

Fato é, que o RITO ESCOCÊS surgiu na FRANÇA, e isto depois de lá ter sido introduzida a Maçonaria Inglesa, naturalmente do Rito de YORK.

A primeira Loja foi instalada em 1 de junho de 1726, na adega "AU LOUIS D'ARGENT", á rua dos Açougueiros (rue de Bucherie), de propriedade do inglês "HURE", loja esta que teria sido fundada por Lord DERWENTWATER e Ld. HARNOUESTER.

Em 17 de maio de 1729 foi instalada uma segunda Loja, fundada pelo filantropo francês André-François Lebreton, numa outra adega da mesma rua. Só em 1732 surge a LOGE DE BUSSY, sob jurisdição inglesa, que recebeu o N° 90 e o nome de "KING'S HEAD AT PARIS" e foi provavelmente sucessora da "Louis D'Argent". E até 1735 mais três lojas foram ai fundadas sob a jurisdição da Gr. Loj. Inglesa.

Consta, que por volta de 1728 teria sido fundada a Grande Loja de França, pelo menos é isto que ela mesma afirma em sua nova Constituição de 1967 (Ref. F-1967,936), mas o que se sabe é apenas, que entre 1728/30 um "Ordre des Francs-Maçons dans le Royaume de France" organizou o seu "Regulamento Geral", dentro dos moldes da Organização Inglesa, elegendo para seu primeiro Gr.: M.: o Príncipe Philippe de WHARTON, ex-Gr.: M.: da Grande Loja de Londres, que em 1728 se tinha refugiado em Paris.

Foi ele sucedido por James-Hector Mac Leane, Cavaleiro "Baronnet D'ECOSSE", em 27 de dezembro de 1735. E foi este que fixou todos estes fatos para a posteridade, num manuscrito recentemente encontrado na Biblioteca Nacional de Paris, e já falando ele de GRANDE LOJA, de modo que é mais do que provável, ter este titulo sido adotado um pouco antes pelo seu antecessor, digamos entre 1730/35. Em seguida o supremo malhete passou para as mãos de Charles Radclyffe, "4° Conde de Derwentwater", em 27 de dezembro de 1736, e depois para o Duque D'AUSTIN, neto de Madame de MONTESPAN, em 1738.

E tanto isto é verdade, que ANDERSON em seu "New Book of Constitution", impresso em Londres em 1738, á página 195 diz textualmente o seguinte:
"... Todas ESTAS Lojas Estrangeiras (... Acabara de relacionar as Lojas inglesas no estrangeiro...) estão sob a proteção de nosso Grão Mestre da Inglaterra; entretanto, a Loja antiga da cidade de Nova York, e as Lojas da ESCÓCIA, da Irlanda, da França e da Itália, tendo declarado a sua Independência, tem "os seus próprios Grão Mestres: Muito embora tenham as MESMAS CONSTITUIÇÕES, Obrigações Regulamentos, etc., de seus Irmãos da Inglaterra, estando igualmente zelando pelo estilo Augustiano e os segredos da antiga e honorável fraternidade..."

Logicamente outras Lojas e talvez mesmo outras potências administrativas foram surgindo logo, e a índole latina foi imediatamente modificando e alterando a ritualística da maçonaria tradicional inglesa, para o seu gosto por demais rígida e sem dar o destaque ás castas governantes e militares, que sentiram a necessidade de se projetarem sobre os maçons burgueses.

Se na Inglaterra, aonde a Arte Real já vinha de longe, depois de 3 séculos de lutas religiosas e políticas, o povo já tinha encontrado o seu MODUS VIVENDI dentro da tolerância, a que prudentemente se tinha adaptado o clero aristocrático, os presbiterianos e os anglicanos, isto já não acontecia na França, onde a maçonaria era cousa nova.

Assim por volta de 1730/35 surgiu na França o Rito Francês e o Rito ESCOCÊS nos graus simbólicos, Pouco tempo depois foram inventados os graus "inefáveis", que paulatinamente foram sendo acrescentados ao "MAITRE ECOSSAIS".

Já em 1742, afirmam os historiadores contemporâneos, estava formada a "Maçonaria ESCOCESA", organizada pelo "Conseil des Empereurs d'Orient et d'Occident, Grande e Souveraine Loge Ecossaise Saint Jean de Jerusalem", uma subsidiaria surgida no seio da Grande Loja de França, que organizou o Rito Escocês, também adotando o sufixo ANTIGO E ACEITO, usado pela primeira vez por ANDERSON, em sua Nova Constituição de 1738.

E quando finalmente foi eleito para Gr.: M.: o Conde de CLERMONT, Louis de Bourbon, em 1743, havia na França uma verdadeira inflação de Lojas, mais de DUZENTAS, como nos contam historiadores da época, mas sendo muitas delas "Ordens de Cavalaria".

No ano de 1758 fundou-se em Paris um novo Corpo Maçônico, que recebeu o nome de CAPÍTULO, ou "Conselho de Imperadores do Oriente e do Ocidente", e NOVE Comissários deste Corpo elaboraram, o que se tornaria conhecido como a CONSTITUIÇÃO DE BORDEAUX, de 21 de setembro de 1762 (6° Dia da 3a Semana 7a Lua Ano 57621, que introduzia um sistema de RITO ESCOCÊS de 25 GRAUS. Mas a pacificação, que se tinha pretendida, não foi duradoura, e já em 1767 a Grande Loja de França adormecia.

Somente em 22 de outubro de 1773 a maçonaria francesa voltou a reunir-se em "Grande Loja Nacional", acabando por fundar o Grande Oriente de França, tendo como Gr.: M.: o Duque de CHARTRES.

A maioria dos Diretórios ESCOCESES se incorporaram ao Gr.: Or.: de França, enquanto alguns fundaram a Grande Loja de CLERMONT, de vida efêmera.

Deve ser mencionado aqui, que muitos escritores do passado, e ainda alguns "copistas" dos nossos dias, costumam citar o nome do Barão ANDREAS MICHAEL RAMSAY (nascido em 1686, iniciado na HORN LODGE, de Londres, em Março de 1730 (Ref. F-1973,937), e falecido em 6 de maio de 1743), como "inventor" do Rito Escocês dos "altos graus". Entretanto, basta a leitura de seus discursos como Gr.: Orador que era da Gr.: Loja de França, e especificamente o pronunciado em 21 de março de 1737, para termos a prova da incongruência de tal afirmação, pois disse textualmente o seguinte:

-... A atividade da Maçonaria, resumida nos TRÊS graus (... Evidentemente os simbólicos...), e só estes reconhecemos, pode ser considerada perfeitamente suficiente..."

Pronunciamento este, que bem prova a sua ojeriza aos graus inefáveis, que já então existiam. Provavelmente o simples fato de ter sido ele membro da "Ordem de São Lazaro de Jerusalém", da qual era Gr.: Mestre o Regente FELIPE DE ORLEANS, da educação de cujos filhos esteve RAMSAY encarregado entre 1715/24, Ordem de que ele recebeu o titulo de "Cavaleiro Baronnet D'ECOSSE", e ainda o fato de ter sido ele um grande estudioso e filósofo, por certo bastou aos historiadores profanos para lhe atribuírem essa "paternidade. Para melhor se compreender a confusão que existe, basta citar que se conhece "quatro" versões dos Discursos de RAMSAY: de 1738 (Haya), 1741 (Paris), 1742 (Frankfurt s. M. E de 1743 (Londres).

Vá lá que RAMSAY tenha colaborado na elaboração das bases para o rito ESCOCÊS nos TRÊS graus simbólicos, mas nem isto pôde ainda ser comprovado. E de passagem se diga aqui, que a primeira Loja de Perfeição, de que se tem noticia, foi criada em Bordeaux, em 1744, portanto um ano depois do passamento de Ramsay.

Lastimavelmente a Revolução Francesa, ao contrário do que habitualmente·se afirma, dispersou os Franco-Maçons, que só a partir de 1799 foram paulatinamente se reagrupando no Grande Oriente de França, que neste ano foi REERGUIDO.

Em 12 de outubro de 1804 os grandes oficiais do Rito ESCOCÊS se reuniram, e em nova reunião de 22 de outubro de 1804, de Grande Consistório, formaram uma GRANDE LOJA ESCOCESA DE FRANÇA DO RITO ANTIGO E ACEITO, elegendo o príncipe Luiz Napoleão para Gr.: M.: e para seu Representante-Presidente o Conde Alexandre-François-August de GRASSE-TILLY, mas já em Dezembro do mesmo ano este estabeleceu um acordo com o Grande Oriente de França, delegando-lhe poderes para administrar, além dos 3 graus simbólicos, também os graus "inefáveis" de 4 até 18 (Rosa-Cruz).

Mas quando em Julho de 1805 o Grande Oriente de França resolveu também administrar os restantes graus filosóficos, de 19 em diante, houve um rompimento entre as duas jurisdições, que só pôde ser sanado em 1821, quando o Rito Escocês Antigo e Aceito se reorganizou totalmente na França.

A atual Grande Loja de França só em 7 de novembro de 1894 foi RECONSTITUÍDA, quando 60 (sessenta) Lojas do Supremo Conselho decidiram separar o SIMBOLISMO do Sistema FILOSÓFICO dos Altos Graus. Portanto, na verdade era "Potência NOVA".

Fonte: História do Supremo Conselho do Grau 33.: do Brasil



quarta-feira, 7 de abril de 2010

PENTAGRAMA


Lemos em Fausto, do grande Iniciado alemão Goethe, o seguinte diálogo entre o Doutor Fausto e Mefistófeles:

"Mefistófeles: Bom; mas para sair, força é dizê-lo, acho um certo empecilho: e é ver pintado no limiar um 'pé de feiticeira'.

Fausto: Tens medo do Pentagrama! Essa é boa! E quando entraste, diabão do inferno, emandingou-te acaso? Um gênio desses deixa-se assim lograr?

Mefistófeles: Repare o sábio! Aquele Pentagrama está malfeito. O ângulo que aponta para a rua não fechou bem."

O Pentagrama Esotérico é um símbolo e um instrumento de meditação e de trabalho interior. A estrela de 5 pontas devidamente paramentada com os símbolos sagrados é chamada de Pentagrama Esotérico, Pentalfa Gnóstica ou Estrela Flamígera. No Pentagrama Esotérico acha-se resumida toda a Ciência da Gnosis. O Pentagrama expressa o domínio do Espírito sobre os Elementos da Natureza. O signo do Pentagrama chama-se igualmente Signo do Microcosmo e representa o que os rabinos cabalistas do Livro do Zohar chamam Microprosopio.

O Pentagrama sempre foi objeto de vivo interesse. Já utilizado pelos egípcios, ele foi também altamente considerado pelos druidas sob a forma de uma estrela regular de cinco pontas chamada “pé dos druidas”. Para Pitágoras, o Pentagrama era o símbolo do himeneu celeste: a fusão da alma com o Espírito. Ele dava ao número 5 o nome de “número do homem no microcosmo”. O Pentagrama era tão apreciado entre os pitagóricos (os discípulos e seguidores de Pitágoras) que para eles participarem das reuniões secretas era necessário portar um Pentagrama em sua mão direita. Entre os primeiros cristãos, o pentagrama representava Cristo, outra designação do Alfa e Ômega, do começo e do fim. Os alquimistas medievais recorriam à estrela de 5 pontas como sinal da Quinta Essentia, o quinto elemento, o éter-fogo ou, ainda, o Espírito Santo. É o sinal do Verbum Dimissum. Giordano Bruno considerava o número 5 como o número da Alma por ser composto (como ele o é) de igual e desigual, de par e ímpar. O Pentagrama é associado ao grau de Mestre Eleito da Maçonaria, no rito Escocês. No Pentagrama Esotérico estão inscritas as proporções exatas do Athanor, essencial à realização da Grande Obra.

O símbolo do Pentagrama Esotérico, como nós, estudantes gnósticos, o usamos em nossas práticas de Magia Cerimonial, é bem conhecido em toda a tradição ocultista, especialmente por causa do famoso livro de Eliphas Levi, Dogma e Ritual de Alta Magia. Mas não pensemos que foi o Mestre Levi quem criou, "inventou" este símbolo mágico. Por muitos anos o Pentagrama Esotérico foi conhecido como o "Pentagrama de Goethe", pois este o mencionou em sua obra Fausto. Este emblema chegou a nossos dias graças aos 3 principais discípulos do Abade Trithemo, o verdadeiro criador do Pentagrama Esotérico. Esses discípulos foram: Paracelso, Cornélio Agrippa e o lendário Doutor Fausto de Praga.

Este Pentagrama Esotérico passou a ser mundialmente conhecido depois da publicação do Dogma e Ritual de Alta Magia. Posteriormente, o VM Samael Aun Weor chegou a realizar 3 correções deste símbolo: Ele agregou a estrela de 6 pontas, o hexagrama (pois o hexagrama é um dos símbolos do Deus Parvati, o Regente do Elemento Ar, assim como o Cálice representa a Água, o Cajado a Terra e a Espada o Fogo); alterou a palavra hebraica "Eva" e a substituiu por "Jeová"; e finalmente acertou o cálice, que originalmente estava inclinado (como podemos notar no livro de E. Levi), pondo-o em sua posição mais correta, em pé. Dizia o Mestre Samael que o Pentagrama ficaria assim completo em suas representações cosmogônicas e elementais.

O Pentagrama Gnóstico é a humana figura com quatro membros e uma ponta superior única, que é a cabeça. O Pentagrama, elevando para o ar seu raio superior, representa o Salvador do Mundo. O Pentagrama, elevando para o ar suas duas patas inferiores, representa o Bode do Aquelarre. Uma figura humana com a cabeça para baixo representa, naturalmente, a um demônio, ou seja, a subversão intelectual, a desordem ou a loucura.

http://www.gnosisonline.org/Defesa_Psiquica/O_Pentagrama_Esoterico.shtml

quarta-feira, 17 de março de 2010

Os Três Desejos de Alexandre, O Grande


Os 3 últimos desejos de ALEXANDRE O GRANDE:

1. Que seu caixão fosse transportado pelas mãos dos médicos da época;

2. Que fosse espalhado no caminho até seu túmulo os seus tesouros conquistado como prata , ouro, e pedras preciosas;

3. Que suas duas mãos fossem deixadas balançando no ar, fora do caixão, à vista de todos.

Um dos seus generais, admirado com esses desejos insólitos, perguntou a ALEXANDRE quais as razões desses pedidos e ele explicou:

1. Quero que os mais iminentes médicos carreguem meu caixão para mostrar que eles NÃO têm poder de cura perante a morte;

2. Quero que o chão seja coberto pelos meus tesouros para que as pessoas possam ver que os bens materiais aqui conquistados, aqui permanecem;

3. Quero que minhas mãos balancem ao vento para que as pessoas possam ver que de mãos vazias viemos e de mãos vazias partimos.

Pense nisso:
PERANTE A VIDA PODEMOS SER DIFERENTES ENTRE NÓS, MAS PERANTE A MORTE SOMOS TODOS IGUAIS...


Colaboração do Ir.'. Rubem Silva.

segunda-feira, 8 de março de 2010

SIMBOLOGIA - Número 7




Por que razão o número sete compõe uma Loja? Por que sete são as ciências liberais. Dizei-me quais são.
A Gramática, a Retórica, a Lógica, a Aritmética, a Geometria, a Música e a Astronomia. De que utilidade são essas ciências na Maçonaria?
A Gramática nos ensina a escrever e falar.
Que nos ensina a Retórica? A arte de falar e de discorrer sobre quaisquer objetos.
Que nos ensina a Lógica? A disciplina do espírito, levando-o a raciocinar com firmeza e decisão.
Que nos ensina a Aritmética? O valor dos números.
Que nos ensina a Geometria? A medir a Terra para, nela, marcarmos o pedaço que nos pertence na grande partilha da humanidade.
Que nos ensina a música? A virtude dos sons.
Que nos ensina a Astronomia? O conhecimento dos corpos celestes.

Valadares, Henrique. O aprendiz maçom. Guanabara: Grande Oriente do Brasil, 1966. P. 28 - 29.
Folha Maçônica Nº 234, 6 de março de 2010.

quarta-feira, 3 de março de 2010

CABALA e ESPIRITISMO





Enviado por Administrador em Tuesday, January 15, 2008

A palavra hebraica “Kabbalah” significa Tradição. Em termos genéricos, a Cabala é a tradição esotérica judaica transmitida oralmente aos iniciados nessa doutrina...

Garante-nos a vida que muitas pessoas acalentam hoje o desejo de desenvolver a sabedoria, a começar por conhecer a si próprio, desvendando o mundo subconsciente, os segredos do inconsciente e, sobretudo, a grande riqueza que lateja nas camadas mais profundas das dimensões desconhecidas de nossa própria natureza, resultado da explosão de amor ao Grande Arquiteto do Universo.
Principalmente nós, os homens livres e de bons costumes, como diz assim a Ordem Maçônica.
Procuramos aqui, nos conhecimentos cabalísticos, a abertura das portas mágicas desta milenar sabedoria e sabemos que esses estudos antes reservados a grupos restritos, agora se oferecem a todos os que desejarem o aperfeiçoamento espiritual, a união com o Senhor, o ato de compartilhar.
Compartilhar tudo o que é bom: o ar que respiramos e nos mantém vivos, a água que dá vida a terra, a paz, perseguida a duras penas pelos mestres e profetas de nossa Antiguidade, e o prazer, vocação primordial do Homem e o caminho de retorno ao Seio Divino onde ele é encontrado sem qualquer limite.
A palavra hebraica “Kabbalah” significa Tradição. Em termos genéricos, a Cabala é a tradição esotérica judaica transmitida oralmente aos iniciados nessa doutrina. Significa também “Ato de Receber”. Receber o que? Principalmente respostas para nossas indagações sobre a vida e seus enigmas.
Os estudos cabalísticos buscam a “sabedoria cósmica”, isto é, que vai além dos nossos sentidos. Este mundo de perguntas atrai a pessoa espiritual, sempre cheia de perguntas. Essa pessoa tem, em geral, a capacidade latente de transcender, de alçar-se pela ponte da sabedoria, ao mundo metafísico, que nada tem a ver com divisões religiosas.
Nascida na Idade Média, no século XIII, no sul da França e na Espanha, no livro do Zoar (Livro do Esplendor) constituiu-se numa de suas grandes expressões.
Todavia, sua origem remonta ao Egito dos faraós, a era mosaica. Nesse âmbito, arcanamente a palavra quer dizer "espírito de Deus", partindo da idéia de que Deus é reconhecido somente através da perspectiva da Criação.
Ainda que a parte egípcia da Cabala fosse a princípio rejeitada pelos judeus, em função de terem sidos os hebreus escravos, nesse país por 400 anos, sendo relativamente esquecida, essa filosofia trouxe do cativeiro da Babilônia um novo alento. A parte egípcia acabou relativamente restaurada.
Com efeito a literatura cabalística é multi-secular, desenvolvida sobre a influência de muitos tipos de pensamentos: judaico, gnóstico, neoplatônico, grego, árabe e persa.
Os textos mais importantes são o Sepher Yetzirah, o Sepher ha Zohar, ou o Livro do Esplendor.
A Árvore Shefirótica concentra a sabedoria da Cabala e representa os níveis de consciência a serem atingidos pelo homem no seu retorno ao Paraíso de onde veio.
A parte prática da Cabala abrange espiritismo (não digo aqui só o espiritismo no sentido da doutrina Espírita, mas, no sentido arcano também), holismo e práticas diversas, sem, no entanto, cair no ascetismo.
Na Cabala, vida, morte e reencarnação são partes de um mesmo elo. A veneração aos mortos, aos antepassados, aos ancestrais, constitui boa parte da doxologia prática do cabalista.
O cabalista não aceita Deus da Teologia, com este ou aquele nome, nem aceita Jesus como o “Filho de Deus” no sentido dogmático dessa expressão. Para o cabalista, Jesus é um Mestre: um Grande Mestre.
Em última análise a Cabala seria uma mistura de ciência, arte e religião. Para aprender e apreendê-la, a figura de um mestre cabalista é mister, que conduz o discípulo pela teoria e pela prática sucessiva.
O conceito de reencarnação é ponto polêmico entre as religiões. Os cabalistas apresentam-no como um processo de correção, para o qual a alma necessita de um corpo. Ele, o corpo, é que exercita o livre arbítrio e pode assim, tornar completa a correção. A vida assim é, pois, um presente, que tem como objetivo o aperfeiçoamento, após o qual a alma está livre para integrar a Luz. Prega a Cabala que o nome da criança que vai nascer é muito importante nesse ciclo. A mãe deve estar sempre atenta às mensagens no processo de sua gravidez, seja em sonhos e até mesmo pela sua intuição de mãe, que é extremamente sagaz. O nome correto ajudará muito no cumprimento da missão de cada um. A ordem cósmica determina o momento. O livre arbítrio agirá em seguida.
Falando em sonhos e sono, prega a Cabala que o sono é uma necessidade ligada a alma. Assim, pelo sono a alma se liberta indo recuperar suas energias. O sono é portanto um pouco de morte, um desligamento passageiro da alma, que se refaz e volta, energizada. Quanto aos sonhos, podem eles representar mensagens codificadas de nossa alma, com a qual devemos apreender a dialogar para obter esclarecimentos.
Os caminhos da Cabala vivenciam, segundo os nomes das Sephiroth, que existe o “reino” dentro do qual estamos vivendo (Malkult). Dentro desse reino os cabalistas não precisam de um templo para adorar a Deus. “Não sabeis que vosso corpo é um templo onde habita o espírito de Deus”. A mística de “Malkult” é sentir-se um com o todo, sentir o universo, o eu no você.
“Iesod”, é o “limite” entre esse e o outro mundo, a fronteira do homem.
A “vitória” que é “Netzah”, não é a vitória sobre outros, mas a eterna, pois o homem tem muitos fracassos e vitórias. Assim significa que ele não voltou atrás, mas sobrepujou o tempo e o espaço.
“Pechad” é o “medo” frente à vitória, a vitória da ilusão. “Hod” é a “glória”, a paz que o místico chega depois da vitória.
A “beleza” chamada de “Tifereth”, onde é o caminho por onde se começa a caminhar. Poucos podem ver através da beleza. Termina aqui uma etapa, começando a outra. Neste ponto o místico já não vê separação, mas união.
Em “Hesod”, a “misericórdia” onde o místico sente pela primeira vez a união entre o eu e o tu, através da beleza, do tempo e do espaço. Mas a misericórdia é mais que uma ajuda, é sentir a pessoa unir-se à sua alma, ao seu espírito e com ela formar uma só força, porque sem união não há força.
A “sabedoria superior”, chamada de “Cochma”, e que nessa esfera o místico já não é mais um homem comum pois descobriu a Verdade. E a verdade o libertou. Já não age pela natureza, mas pela divindade.
“Binah” é a “inteligência”, a grande inteligência que surge como Luz, no mais alto misticismo. É essa inteligência divina que conduz a “Kether”, a “coroa”.
É a esfera da sabedoria, da inteligência divina, onde tudo se une, onde tudo perde o conceito. E aí o místico sente apenas um brilho, como que uma coroa que o rodeia, ininteligível e incompreensível. É o resplendor.
As Sephiroth são os aspectos pelos quais Deus se manifesta. Acima das Sephiroth está o Ensof, o Infinito, aquilo que nunca homem nenhum compreenderá, “aquilo que jamais terá fim, porque não tem começo”.
Sobre imortalidade, todos esses sonhos que o homem vem acalentando durante séculos, que os alquimistas perseguiram, algumas vezes de forma insana, estarão prestes a se realizar. Utopia? Não. Possibilidade. Viabilidade cientificamente comprovada?
Estudam os cabalistas atuais as propriedades da água, a energia latente que nela habita. Previsões do cabalista medieval Rabbi Abraham Azulai dão conta de que os segredos da imortalidade seriam conhecidos no ano de 5.760, do Calendário Hebraico, correspondendo ao ano 2.000, do Gregoriano, e de que estariam estreitamente ligados à energia da água, desde que possamos transferir para o corpo, para as células, as condições criadas na água pela meditação cabalista.
Há estudiosos que consideram a ciência cabalística como anterior à criação do mundo, com seus ensinamentos sendo transmitidos por Deus aos seus anjos. Estes, por sua vez, mais tarde, aos homens, porque os nomes dos anjos e a sua regência também constam do acervo cabalístico.
O simbolismo maçônico nos sugere o esquema deste corpo de doutrinas, conquanto numa linha diferente.
Na Cabala se pode achar uma chave para muita coisa obscura nos modernos rituais maçônicos e muitas de suas passagens projetam luz nas cerimônias e símbolos da Maçonaria.
Ao maçon pesquisador pode, pois, ser muito útil e interessante um estudo da teosofia cabalista.


Ir:. Cássio Roberto Ferraz de Aguiar - M:. M:.
A.'.R.'.L.'.S.'. Honra, Amor e Caridade
Or:. De Bariri - SP







Terremoto no Chile encurtou os dias na Terra

02 de março de 2010 • 12h22 • atualizado às 20h45






O terremoto chileno aconteceu nas latitudes abaixo do equador, o que o torna mais eficaz na mudança do eixo do planeta.


Cientistas da Agência Espacial Americana (Nasa), afirmam que o terremoto de magnitude 8,8 que atingiu o Chile no dia 27 pode ter reduzido a duração dos dias na Terra. Segundo a Nasa, o terremoto deve ter encurtado a duração de um dia a Terra por cerca de 1,26 microssegundos (um microssegundo é a milionésima parte de um segundo). Os responsáveis pelo estudo fazem parte da equipe do cientista Richard Gross e realizaram um cálculo por meio de complexo modelo computadorizado sobre como o abalo teria modificado a rotação do nosso planeta.

O dado mais impressionante levantado no estudo é sobre o quanto o eixo da Terra foi deslocado pelo terremoto. Gross calcula que o abalo sísmico deve ter movido o eixo do planeta (o eixo imaginário sobre o qual a massa da Terra se mantém equilibrada) por 2,7 milisegundos (cerca de 8 centímetros). Esse eixo da Terra não é o mesmo que o eixo norte-sul.

O cientista afirma que o mesmo modelo computadorizado foi usado para estimar que o terremoto de magnitude 9,1 que atingiu Sumatra em 2004 deve ter reduzido a duração do dia de 6,8 microsegundos e deslocado do eixo da Terra em 2,32 milisegundos (cerca de 7 centímetros).

Segundo o cientista, apesar do terremoto chileno ter sido muito menor do que o terremoto de Sumatra, prevê-se que ele tenha alterado mais a posição do eixo da Terra por dois motivos. Primeiro, ao contrário do terremoto de Sumatra localizado perto do equador, o terremoto chileno aconteceu nas latitudes abaixo dele, o que o torna mais eficaz na mudança do eixo do planeta. Em segundo lugar, a falha responsável pelo terremoto Chileno foi mais profunda e em um ângulo ligeiramente mais acentuado do que a falha responsável pelo terremoto de Sumatra. Isso faz com que a falha no Chile seja mais eficaz para deslocar verticalmente a massa da Terra e, portanto, mais eficaz na sua mudança de eixo.

Os cientistas afirmam, porém, que devem aguardar maior refinamento dos dados para que ter resultados definitivos.

Redação Terra
http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI4297069-EI8147,00-Terremoto+do+Chile+encurtou+os+dias+na+Terra+diz+Nasa.html

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Sócrates e a Metafísica



Primeiro, façamos a pergunta: O que é metafísica?
Quem nos responde é o filósofo espanhol Garcia Morente: “Metafísica é a parte da filosofia que responde ao problema da existência, da autêntica e verdadeira existência, da existência em si”. Se a metafísica é a parte da filosofia que responde ao problema da existência, não é difícil deduzir-se que metafísica nada mais é que uma “ciência” construída pela razão. Por isso é que a razão, partindo dos conceitos metafísicos, pretende conhecer todos os seres da natureza.

Através de Sócrates, percebe-se que o que há de mais importante na metafísica é a origem e a função dos conceitos. O ser precisa ser expresso em esquema conceitual a fim de que fique clara a sua evidência para a razão. Cada vez que a razão conceitua, parte para a elaboração de uma nova realidade do ser. Os conceitos primordiais da metafísica são as categorias: substância, quantidade, qualidade, relação, lugar, tempo, ação e paixão. Portanto, as categorias significam os conceitos que a razão adota para conhecer, apreender e julgar a realidade.

Segundo Aristóteles, Sócrates é o inventor do raciocínio indutivo, sendo, assim, o iniciador da metafísica. Com ele, o pensamento encaminha-se para a aprendizagem do conhecer mediante conceitos: indução e o conceitos, duas coisas que se referem ao ponto de partida da ciência. Daqui se infere que o grande processo filosófico de Sócrates procura aparar todas as arestas que a ideia da coisa possa conter, a fim de poder atribuir-lhe aquilo que seja meramente acidental. O entendimento imediato ou mediato da coisa depende da clareza maior ou menor do conceito. Conceituar é uma arte, e Sócrates usou-a de maneira genial. Ele se socorre das mais variadas formas de definição, sem nunca perder de vista a lógica conceitual. Daí a meticulosidade de que ele lança mão para conhecer bem a coisa a ser definida. Quando define um objeto, ocorre-lhe o mesmo propósito de fazer, com o mundo moral, o que os geômetras fazem com o mundo das figuras físicas. Em primeiro plano, Sócrates examina cuidadosamente o objeto em estudo, tendo por mira analisá-lo sob todos os aspectos, procurando visualizá-lo de todos os ângulos possíveis, separando o que é meramente acidental daquilo que é objetivo e realmente essencial. Ele tem uma visão muito ampla de enorme quantidade de propósitos, de resoluções e de ações que se apresentam aos seres, no mundo moral.

Que faz então?

Procura reduzir ao mínimo esses propósitos, de resoluções, colocando a clareza do seu pensamento acima dos meandros da linguagem, que nem sempre reflete o pensamento com objetividade. Quando Sócrates pergunta o que é a verdade, ou o que é a coragem, ou o que é a justiça, deseja saber, conceitualmente, o que é a justiça, o que é a coragem, o que é a verdade. Para os gregos, quando se indaga “o que é”, pede-se que se “dê a razão de”. Para tanto, é necessário que se aplique o entendimento, a intuição intelectual, para que se possa chegar à razão que explique o que é a verdade, o que é a coragem, o que é a justiça, encontrando uma fórmula racional que seja capaz de abarcar, completa e inteiramente, a palavra justiça, a palavra coragem, a palavra verdade, sem deixar um ângulo sequer fora do estudo. É isso que Sócrates faz; razão por que, a partir dele, a filosofia assume não só uma forma variável, mas também um caráter de racionalidade até ali, ainda, não alcançado. Não nos podemos esquecer de que, dessa forma, Sócrates se opõe às artimanhas dos sofistas que, habitualmente, conforme pregam, usam as palavras para substituir os conceitos. Vamos repetir fórmula velha e conhecida, mas nem sempre examinada com cuidado: Sócrates estuda, sempre e meticulosamente, a essência de cada coisa. Ora, se seu ponto de partida é a conceituação, isso significa que a “teoria dos conceitos” leva à “teoria das essências”, tornando quaisquer processos pesquisados, lógicos, arrimados na razão e no raciocínio. Aí chegamos à chamada “teoria do conhecimento”.

A teoria do conhecimento, até certo ponto, é de uma simplicidade a toda prova. Que significa conhecer? Já vimos que conhecer significa formar conceitos. Mas... e o que é conceito? Seria bom, nesse ponto em que nos encontramos, fazer uma análise perfunctória do que seja conceito. Tudo aquilo que o espírito concebe, tudo aquilo que o espírito entende é conceito. Assim, de imediato, entende-se que conceito é ideia, é juízo, é opinião formada. Transportandonos aos oásis da filosofia, concluímos que conceituar é estabelecer características determinadas para aquilo que cada uma das essências vê realizar-se na substância. Não se pode e não se deve desfitar os olhos de que há dois tipos de conceito: conceito empírico, próprio da experiência, e o conceito puro, próprio da filosofia. O conceito empírico tem uma medida para cada elemento da realidade que ele classifica. Já o conceito puro é a percepção da realidade na intuição do sentido. O conceito demonstra que o interesse do pensamento se dirige imediatamente para a coisa intuída. Cabe ao pensamento a busca da realidade intuída. Assim, as imagens criadas pelo pensamento em junção com a realidade recebem o nome de ideias. Kant afirma que ideia é um conceito necessário de razão.

Por isso, o filósofo busca fazer com que ocorra a união entre o pensamento e a realidade. Quando se filosofa, a ideia está, obrigatoriamente, em tudo o que pensamos. À medida que o pensamento aumenta seu poder de conhecimento, ele se transforma em ideia. Ter ideia é ter o conhecimento da realidade. Todo homem que pensa é sempre um homem de ideias. O que não pensa é vazio delas. O saber nada mais é que o armazenamento espiritual de uma gama extraordinária de conceitos. Quem os possuiu mais que Sócrates?

Colaboração:
Arte Real Nº 36 / 2010.