segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O Templo de Salomão

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Um poema escrito por um Aprendiz - vale a pena ler

Esculpido foi aquele templo
No tempo de Salomão.
Como que pedra cúbica sobre pedra cúbica,
Cada pedra, cada ponta,
Aponta-me um novo mundo:
- O Templo de Salomão!

Oh! Como são belas as colunas... Ícones da maçonaria!
A fraternidade universal
Da beleza, da força e da sabedoria.
Romãs, acácias e labirintos,
Mágicos modelos templários.
Todos os nossos instintos,
enigmas
Dogmas de Zoroastro
Antigos e novos calendários.

Harmónicos e eternos rosa-cruzes,
Misteriosos, entrelaçados.
Todas as raças do mundo
Em uma só igualdade.

Herdeiros de Alexandria
Livro da lei:
Velho e Novo testamento
Palavras de Salomão
- Façam de mim o teu instrumento.

Ensinam-me a caminhar ao topo da escadaria
Régua e compasso... Geometria!
Somente corações puros
Progridem na maçonaria.

Oh! Como é fantástico adentrar ao templo:
- É saborear o gozo do crepúsculo de cada manhã,
- É aprender filosofia, arquitectura e sabedoria,
- É ouvir de nossos mestres: "A lenda de Hiram".

Salomão!
Símbolo máximo da ciência e sabedoria suprema.
Hiram!
Arquitecto, governador da ordem e da justiça.
Assassinato foi sua sentença
Venerado combatente
Sublimes segredos
Relatos e poemas.
Só decifro em Pitágoras
Seus pentagramas e teoremas,

Porque...
Há um olho no céu:
Atravessa-me,
Impulsiona-me
Aperfeiçoa-me... Cada aresta!
Transforma-me... Um fiel irmão!... (prontidão).
Ventanias entre universos
Virtudes, razões, cantos paralelos,
Como se neles sempre existissem:
... Versos!
Transparência,
É a corrente de aprendizes
Despidos do medo
E isentos de profanas insígnias.
Inteligência,
São os companheiros e os mestres
Interligados.
Brilho em Vénus
Raio de sol
Chaves astronómicas e rectilíneas.

Nada é mais belo
Que a verdade.
Busco o princípio,
O começo!
Vasculho origens
Luz e vida,
Sonhos e silêncio.
O mundo é esse,
Assim como o vemos em nossa frente?
Cinzel, malhete, acertos, erros e ilusões?
Ou é o passado que retorna,
Simplesmente?

Não!
Não estamos sonhando,
Não criamos ilusão.

Nós arquitectamos,
Revolucionamos,
Reconstruímos pontes
Dentro de cada coração.
- Reconstruímos juntos:
"O Templo de Salomão".

http://www.rlmad.net/art-tema/197-temp-salomao.html?catid=51%3Apoesmac

O Homem e a Liberdade do Homem

slaveryPorque habituados com as regras do encarceramento, mesmo na sociedade livre, e ainda que aprendam a obedecer sem as ameaças do chicote, os escravos permanecem escravos, porque na escravidão eles já estavam acostumados com ela e não se rebelavam contra a restrição em razão do seu arraigado espírito de servidão.
A verdadeira Liberdade, num contexto maior, não é só a liberdade física nem a liberdade política, mas também aquela que constituiu o ideal da Revolução Francesa e se tornou o dístico da Bandeira dos Inconfidentes, cujo movimento buscava ainda a Liberdade de pensamento, para que o Homem pudesse cultivar todas as suas potencialidades positivas de modo que sua personalidade pudesse se alicerçar e se projectar em todas as dimensões. Em países sufocados pelo fanatismo religioso, o destino das pessoas é pior do que a morte.
Enfim, é a que se confunde com um estado de consciência que vai desencadear nos aspectos culturais, sociais, religiosos e espirituais do povo, o seu bem maior depois da vida.
O estudo do tema sobre o Homem e a Liberdade sugere o repensamento do proceder humano, pois a exacerbação hoje em dia, do fanatismo, da tirania, da injustiça, da miséria e da violência, mostra como precisamos de homens cuja mensagem infatigável seja a defesa do direito à justiça e à equidade, do direito ao desenvolvimento e ao bem-estar, do direito à paz. Esta, a sublime missão de quem tem o dever de velar pela paz e harmonia entre os homens!
 Liberdade! O que é a Liberdade? Ela é sentimento comum a todos os homens? Tem a mesma dimensão em todas as culturas? E nas ditaduras, o que ela significa para os oprimidos que nunca a tiveram? Qual seria o seu valor para quem já a teve e a perdeu pelo jugo dos tiranos? A Liberdade é somente do corpo ou é também do espírito? Para que o Homem seja efectivamente livre é preciso que ele esteja liberto das amarras da servidão, seja física, política, religiosa, cultural ou da própria consciência? Ou a Liberdade é algo maior, que leva o Homem que a perdeu a lutar por ela e até a morrer para reconquistá-la?
O homem livre é o que não deve satisfação a ninguém nem está sujeito a restrições da lei, ou é o que não está algemado, nem encarcerado, nem aterrorizado como o transgressor em face do iminente castigo? Ou ainda, é quando não está impedido de fazer aquilo que deseja porque não há lei que o constrange? Será que é livre o homem que não sofre coação, mas vive sem segurança e não consegue emprego para o seu sustento? Afinal, Liberdade é razão, inspiração ou direito, segundo o seu significado em filosofia, arte ou política. O amor a ela pode fazer os homens indomáveis e os povos invencíveis. Falando sobre a Liberdade política, o Presidente George Bush afirmou que o poderio da América está numa ideia vibrante, porém simples: Que o povo é capaz de grandes feitos quando se lhes dá liberdade.
Entre nós, a doutrina que a Escola Superior de Guerra divulga afirma a condição de liberdade plena do homem, grandeza inerente à dimensão de seu espírito. Foi exactamente essa doutrina que impediu o Brasil de incorrer no grande equívoco marxista-leninista, dramático pesadelo do qual recentemente despertou o leste europeu aturdido e envergonhado. E a principal conclusão desse episódio turbulento é que não há força capaz de segurar a ânsia de liberdade individual do ser humano, nem de liberdade colectiva dos povos e nações.
slavery_boyA resposta a essas indagações induz à busca do significado da palavra Liberdade, para então se estabelecer o seu verdadeiro conceito segundo os valores da cultura ocidental, e examinar alguns fenómenos relacionados com a capacidade dos homens de serem livres.
Um deles traz a ideia de que a Liberdade é a soberania do homem sobre si mesmo, podendo agir livremente fazendo o que a lei não veda e a moral e os bons costumes não condenam, de modo a não ultrapassar a linha que divide esses direitos dos direitos de outrem. A cegueira dos radicais e dos fanáticos impede-os de conhecerem essas divisas.
Castro Alves, ao cantar a Liberdade, disse que "A praça é do povo, como o céu é do condor". E a ONU ao se referir à Liberdade na Declaração dos Direitos dos Povos, proclamou que "os povos não são propriedade de ninguém". Assim, a Liberdade tal como é conhecida na América, é o consenso de um povo livre, manifestando-se livremente.
Mas a liberdade não é só a do corpo, bem diferente da do espírito, pois só avaliamos a liberdade do corpo quando a perdemos; e a do espírito, somente quando a conquistamos.
Enfim, a Liberdade parece ser um sentimento que não se sabe de onde veio nem como defini-lo, pois apenas pode ser demonstrado. Nesse plano de ideias, vale a observação de Victor Hugo, de que a Liberdade tem as suas raízes no coração do povo, como as tem a árvore no coração da terra; e como a árvore, estende os seus ramos pelo espaço, desenvolve-se sem cessar e cobre as gerações com a sua sombra benfazeja.
Para alguns, a Liberdade consiste em se fazer apenas o que devemos e não, tudo o que queremos. Ela é como a saúde, que só quando nos falta é que lhe damos o justo valor. Outros acham que as grades de uma prisão constituem a linha divisória entre a liberdade e a servidão, pura e simplesmente, sem qualquer outra conotação. Mas há outros que mesmo sem liberdade aceitam as condições da sociedade em que vivem, pois não mais se incomodam com os guardas, se conformam com as restrições impostas e levam uma segura e até normal existência dentro das normas gerais de seu encarceramento.
Sem dúvida que homens assim não adquirem a liberdade pela simples libertação. Normalmente, fora da "prisão" se tornam desajustados porque perderam o referencial do regulamento prisional a cuja observância já estavam habituados.
Daí, o entendimento de que não se liberta um escravo apenas com uma carta de alforria, porque acostumado a obedecer e a servir, ele agirá durante muitos anos ou talvez por toda a vida, como se ainda fosse escravo. É o caso dos cidadãos que nasceram e viveram sob o jugo dos seus tiranos governantes sem conhecer a Liberdade!
A libertação dos negros é mais retórica do que real, pois a cultura escravista ainda hoje não sabe conviver com liberdade, pois os escravos só conheceram a coerção.
Assim, a Lei Áurea ainda é uma ilusão para a população negra do Brasil, que vive em sua maioria em condições de pobreza igual ou pior à que ostentavam há um século, que continua sem educação, sem teto, sem alimentação, e que fornece 80% ou mais da população penitenciária ou das vítimas da repressão policial.
Aspectos da Liberdade - psicossociais, políticos e económicos:
    No nível do sentir: liberdade de crença, liberdade de expressão, liberdade individual;
  • no nível do pensar: liberdade de opinião;
  • no nível do agir: livre iniciativa.
A liberdade de pensamento e também a de manifestação da opinião pessoal, é um dos pilares do sistema democrático, visto seu papel insubstituível na formação de opinião pública e na construção de convicções individuais.
Enfim, a liberdade pressupõe a capacidade do agente para praticar a coisa que tem vontade, pelo modo como tem vontade e quando tem a possibilidade disso.
É certo que esta Liberdade se dirige no sentido de não se tolher o homem de fazer o que a sua vontade e a sua consciência liberta determinam, mas o seu conceito não se resolve apenas com a simples negação de restrições externas.
Liberdade que significa ausência de qualquer obediência, qualquer limitação e de qualquer governo, será a anarquia total, o pisoteio do mais forte sobre o mais fraco, o abuso do poderoso sobre o humilde, a vitória da desordem sobre o equilíbrio.
Sobre a Liberdade, disse Clóvis Bevilacqua: "Creio na Liberdade, porque a marcha da civilização, do ponto de vista jurídico-político, se exprime por sucessivas emancipações do indivíduo, das classes, dos povos e da inteligência, demonstrando ser ela altíssimo ideal, pois somos impelidos por uma força imanente nos agrupamentos humanos, consistente na aspiração do melhor que a colectividade obtém estimulando energias psíquicas do indivíduo. Mas a Liberdade há de ser disciplinada pelo Direito para não perturbar a paz social".
Sobre o tema, vários pensadores já disseram que a Liberdade foi sempre o fundamento e a meta de toda a organização política e social da América, pois é a mais nobre característica da civilização americana como o consenso de um povo livre, manifestando-se livremente.
Sendo assim, a Liberdade individual é área em que o Estado jamais poderá penetrar, nem pelo brilho do ouro, nem pela força das armas, pois se trata de fortaleza intransponível da convicção do homem livre de que ela é o mais precioso dom da natureza inteligente.
As algemas e as grades de uma prisão podem contribuir para a incapacidade de ir e vir, mas não são suficientes para descrever ou explicar o fenómeno da liberdade do indivíduo livre delas.
Enfim, homem livre é aquele com capacidade de agir e de fazer outros agirem.
O anseio de liberdade leva os cidadãos de um país a tomarem das armas em rebelião, cujas acções visam o direito de resistir ao uso ilegítimo do poder.
Tem-se a impressão de que a verdadeira Liberdade, num sentido figurado, não é somente tirar do Homem as "algemas" da vida e dizer-lhe que está totalmente livre doravante.
Parece que para se ser efectivamente livre é preciso que o Homem queira ser livre e esteja liberto das amarras da servidão, seja física, política, religiosa, cultural, ou da consciência, já que a liberdade do indivíduo não se destrói pela coerção, nem a restrição em si mesma torna uma sociedade tolhida de liberdade. Assim, um paciente acometido de neurose de coação pode ser mais livre no asilo do que fora dele, daí a noção de que a liberdade não é mensurável pela severidade ou frouxidão do regulamento, mas sim pelos seus objectivos.
Homem livre é o que quer ser livre, luta por isso e não fica esperando favores de outrem para sobreviver, segundo as regras do convívio social do meio em que está inserido.
Enfim, a Liberdade e o direito de ser livre não podem ser figuras de retórica, mas um estado social no qual o Homem mesmo amordaçado ou distante, permanece fiel ao que ele mais acredita e no pleno juízo de sua consciência, de forma integral, física, moral, cultural e espiritual.
De qualquer forma, qualquer que seja sua definição, a Liberdade não é uma condição simples, pois ela depende da ordem social, das crenças dos homens acerca de si mesmos e de seu lugar no universo. Sobre o extremismo cerceador da liberdade, já foi dito que existem destinos piores do que a morte em países sufocados pelo fanatismo religioso.
Segundo Thomas Hobbes, homem livre é "aquele que não é impedido de fazer o que tem vontade no que se refere às coisas que pode fazer por sua força e capacidade", estando nesse conceito a conjugação da vontade do homem, com a ausência de qualquer constrangimento que o impossibilite de realizar essa vontade.
Para o entendimento do que seja Liberdade, necessário se torna saber em que medida as circunstâncias da acção humana caracterizam efectivamente um constrangimento que impeça o homem de fazer o que tem vontade. Se a acção for restritiva, não é possível a liberdade.
De dois tipos são os constrangimentos a que o homem está sujeito: o constrangimento físico e o constrangimento moral ou psicológico. O constrangimento físico impede o homem de ir e vir. Já o constrangimento moral é passível de superação por um esforço da vontade.
Uma outra concepção de liberdade se traduz pela capacidade de autodeterminação, intrínseca ao homem e que persiste ainda que em condições adversas.
A ideia de liberdade interior corresponde à limitação da liberdade do indivíduo pelo próprio indivíduo. E não depende das circunstâncias, mas só das qualidades morais do indivíduo.
A verdadeira liberdade decorre de um condicionamento da vontade que só poderia se inclinar para o que fosse bom e justo. Daí, a ideia de que a liberdade interior corresponde à limitação da liberdade do indivíduo pelo próprio indivíduo, que se compele a reprimir os impulsos oriundos de desejos que não se coadunem com uma determinada norma de acção, aceita como valor maior em favor daqueles que, estando em conformidade com a moral e a razão, seriam os credenciados como contributos da vontade.
Mas a Liberdade sonhada pode ser como a descrita no artigo final do Os Estatutos do Homem, de Thiago de Mello: "...A partir deste instante a Liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, ou como a semente do trigo, e a sua morada será sempre o coração do homem".

sábado, 22 de outubro de 2011

Maçonaria uma História sem Mistério

Organizações de ofício, as precursoras

Desde que o homem deixou as cavernas e as suas vivendas de nómada, sedentarizando-se e formando uma sociedade estratificada, surgiram os profissionais dedicados à arte da construção, os quais foram se aperfeiçoando, não só na erecção de casas de residência, mas, também, na de templos, de obras públicas e obras de arte. Embora tivessem, esses profissionais, desde os seus primeiros tempos, mantido, entre si, certa camaradagem e um sentimento de agregação, não havia, na realidade, uma organização que os reunisse, que regulasse a sua actividade e que lhes desse um maior sentido de responsabilidade profissional.
operativosFoi no Império Romano do Ocidente, da Roma conquistadora, que, em função da própria actividade bélica, surgiu, no século VI a.C., a primeira associação organizada de construtores, os Collegia Fabrorum. Como a conquista das vastas regiões da Europa, da Ásia e do norte da África, levava à destruição, os collegiati acompanhavam as legiões romanas, para reconstruir o que fosse sendo destruído pela guerra. Dotada de forte carácter religioso, essa organização dava, ao trabalho, o cunho sagrado de um culto às divindades. De início politeísta, tornou-se, com a expansão do cristianismo, monoteísta, entrando, porém, em decadência, após a queda do Império Romano do Ocidente, ocorrida em 476 d.C., embora persistissem pequenos grupos da associação no Império Romano do Oriente, cujo centro era Constantinopla.
Na Idade Média é que iria florescer, através do grande poder da época, a Igreja, a hoje chamada Maçonaria Operativa, ou Maçonaria de Ofício, para a preservação da Arte Real entre os mestres construtores da Europa. Assim, a partir do século VI, as Associações Monásticas, formadas, principalmente, por clérigos, dominavam o segredo da arte de construir, que ficou restrita aos conventos, já que, naquela época de barbárie, quando a Europa estava em ruínas, graças às sucessivas invasões dos bárbaros, e quando as guerras, os roubos e os saques eram frequentes e até encarados como fatos normais, os artistas e arquitectos encontraram refúgio seguro nos conventos.
Posteriormente, pela necessidade de expansão, os frades construtores começaram a preparar e a adestrar leigos, proporcionando, a partir do século X, a organização das Confrarias Leigas, que, embora formadas por leigos, recebiam forte influência do clero, do qual haviam aprendido a arte de construir e o cunho religioso dado ao trabalho.
É dessa época aquela que é considerada a primeira reunião organizada de operários construtores: a Convenção de York, ocorrida em 926 e convocada por Edwin, filho do rei Athelstan, para reparar os prejuízos que as associações haviam tido com as sucessivas guerras e invasões. Nela foi apresentada, para apreciação e aprovação, um estatuto, que, dali em diante, deveria servir como lei suprema da confraria e que é, geralmente, chamado de Carta de York.
Quase na mesma época, surgiriam associações simplesmente religiosas, que, a partir do século XII, formaram corpos profissionais: as Guildas. A elas se deve o primeiro documento em que é mencionada a palavra "Loja", para designar uma corporação e o seu local de trabalho. As Guildas e sua contemporânea, a organização dos Ofícios Francos, foram as principais precursoras da moderna Maçonaria. O seu nome "Gild", de origem teutónica, deriva do título dado, na antiga região da Escandinávia, a um ágape religioso, durante o qual, numa cerimónia especial, eram despejados três copos de chifre (chavelhos), conforme o uso da época, cheios de cerveja, sendo um em homenagem aos deuses, outro, pelos antigos heróis, e o último em homenagem aos parentes e em memória dos amigos mortos; ao final da cerimónia, todos os participantes juravam defender uns aos outros, como irmãos, socorrendo-se mutuamente nos momentos difíceis. As Guildas caracterizavam-se por três finalidades principais: auxílio mútuo, reuniões em banquetes e autuação por reformas políticas e sociais. Introduzidas na Inglaterra, por reis saxões, elas foram modificadas por influência do cristianismo, mas, mesmo assim, não eram bem aceitas pela Igreja, que não via com bons olhos a prática do banquete, por suas origens pagãs, e a pretensão de reformas políticas e sociais, que pudessem, eventualmente, contribuir para diminuir os seus privilégios e os privilégios das corporações sob a sua protecção. Assim, para evitar a hostilidade da Igreja, cada guilda era organizada sob a égide de um monarca, ou sob o nome de um santo protector.
No século XII, associada às guildas, surgia uma organização de operários alemães, os Steinmetzen, ou seja, canteiros, que, sob a direcção de Erwin de Steinbach, alcançariam notoriedade, quando este conseguiu a aprovação de seus planos para a construção da catedral de Estrasburgo e deu um aperfeiçoado sentido de organização aos seus obreiros. Canteiro é o operário que trabalha em cantaria, que esquadreja e trabalha na escultura da pedra bruta; cantaria (palavra derivada de canto) designa a pedra lavrada para as construções.

Surgem os ofícios francos, ou franco-maçonaria

freemason_passport1785No século XII, também, iria florescer a associação considerada a mais importante desse período operativo: os Ofícios Francos (ou Franco-Maçonaria), formados por artesãos privilegiados, com liberdade de locomoção e isentos das obrigações e impostos reais, feudais e eclesiásticos. Tratava-se, portanto, de uma organização de construtores categorizados, diferentes dos operários servos, que ficavam presos a uma mesma região, a um mesmo feudo, à disposição de seus amos. Na Idade Média, a palavra franco designava não só o que era livre, em oposição ao que era servil, mas, também, todos os indivíduos e todos os bens que escapavam às servidões e aos direitos senhoriais; esses artesãos privilegiados eram, então, os pedreiros-livres, franc-maçons, para os franceses, ou free-masons, para os ingleses. Tais obreiros, evidentemente, tinham esses privilégios concedidos pela Igreja, que era o maior poder político da época, com grande ascendência sobre os governantes.
A palavra francesa "maçon", correspondente a pedreiro, converteu-se em "maison" (casa) e, também, embora só relativamente, em "masse" (maça, clava). Essa maça, ou clava, habilitava o porteiro a afastar os indesejáveis intrusos e curiosos. O pesquisador alemão Lessing, um dos clássicos da literatura alemã, atribui a palavra inglesa "masonry" (maçonaria) a uma transmissão incorrecta. Originalmente, a ideia teria sido dada pelo velho termo inglês "mase" (missa, reunião à mesa). Uma tal sociedade de mesa, ou reunião de comensais, de acordo com a alegoria da Távora Redonda, do rei Artur, poderia, segundo Lessing, ainda ser encontrada em Londres, no século XVII. Ela se reunia nas proximidades da famosa catedral de São Paulo e, quando sir Christopher Wren, o construtor da catedral, tornou-se membro desse círculo, julgou-se que se tratava de uma cabana dos construtores, que estabelecia uma ligação de mestres construtores e obreiros; daí, então, ou seja, dessa suposição errada, é que teria se originado o termo "masonry", para designar a sociedade dos construtores.
Uma explicação para o termo inglês "freemason" (pedreiro livre) está ligada ao termo "freestone", que é a pedra de cantaria, ou seja, a pedra própria para ser esquadrejada, para que nela sejam feitos cantos, que a transformem numa pedra cúbica, a ser usada nas construções. As expressões "freestone mason" e "freestone masonry", daí surgidas, acabaram sendo simplificadas para "freemason" (o obreiro) e "freemasonry" (a actividade). Esta é uma hipótese mais plausível do que a de Lessing, que só considerou o caso particular da Inglaterra, quando se sabe que não foi só aí que existiu uma íntima ligação com o trabalho dos artífices da construção.
Nessa fase primitiva, porém, antes de, propriamente, se ter iniciado a formação de Lojas, quase que não se pode falar em Maçonaria no sentido que ela adquiriu na fase moderna, pois, sobretudo, naquele tempo não podia ser considerada como uma sociedade secreta. O segredo não era, a princípio, mais do que o processo pelo qual um dos membros da irmandade reconhecia o outro. Diga-se a bem da verdade, que, na época actual, a Maçonaria já não pode mais ser considerada secreta, mas apenas discreta. Os segredos mais guardados e que persistem são, obviamente, apenas os meios de reconhecimento, reservados só aos iniciados, já que, de posse deles, um não iniciado poderia ter acesso aos templos maçónicos e às sessões das Lojas.

É criado o importante estilo gótico

Na metade do século XII, surgia o estilo arquitectónico gótico, ou germânico, primeiro no norte da França, espalhando-se, depois, pela Inglaterra, Alemanha e outras regiões do norte da Europa e tendo o seu apogeu na Alemanha, durante 300 anos. Tão importante foi o estilo gótico para as confrarias de construtores, que as suas regras básicas eram ensinadas nas oficinas dos canteiros, ou talhadores de pedra; tão importante que a sua decadência, no século XVI, decretou o declínio das corporações.
No século XIII, em 1220, era fundada, na Inglaterra, durante o reinado de Henrique III, uma corporação dos pedreiros de Londres, que tomou o título de The Hole Craft and Fellowship of Masons (Santa Arte e Associação dos Pedreiros) e que, segundo alguns autores, seria o germe da moderna Maçonaria. Pouco depois, em 1275, ocorria a Convenção de Estrasburgo, convocada pelo mestre dos canteiros e da catedral de Estrasburgo, Erwin de Steinbach, para terminar as obras do templo. A construção da catedral, iniciada em 1015, estava praticamente terminada, quando foi resolvido ampliar o projecto original e, para isso, foi chamado Erwin A essa convenção acorreram os mais famosos arquitectos da Inglaterra, da Alemanha e da Itália, que criaram uma Loja, para as assembleias e discussão sobre o andamento dos trabalhos, elegendo Erwin como Mestre de Cátedra (Meister von sthul).
Esclareça-se que, na época, os obreiros criavam uma Loja, fundamentalmente, para tratar de determinada construção, como é o caso dessa catedral. Tais Lojas serviam para tratar dos assuntos ligados apenas à construção prevista, já que, para outras reuniões, inclusive com obreiros de outras corporações, eram utilizados os recintos de tabernas e hospedarias, principalmente em solo inglês. A palavra Loja, por sinal, foi mencionada pela primeira vez em 1292, em documento de uma guilda . Loja, do germânico leubja (pronúncia: lóibja), através do francês lodge, designava o lar, a casa, o abrigo, o pátio, o alpendre e, também, a entrada de edifício, ou galeria usada para exposições artísticas e venda de produtos artesanais. As guildas de mercadores assim designavam seus locais de depósito e venda de produtos manufacturados, enquanto que as guildas artesanais adoptaram o termo para designar o seu local de trabalho, ou seja, as oficinas dos artífices.
Próximo desse tempo, ou seja, no século XIV, começava, também, a actuação do Compagnonnage (Companheirismo), criado pelos cavaleiros templários . Os membros dessa organização construíram, no Oriente Médio, formidáveis cidadelas, adquirindo certo número de métodos de trabalho herdados da Antiguidade e constituindo, durante as Cruzadas, verdadeiras oficinas itinerantes, para a construção de obras de defesa militar, pontes e santuários. Retornando à Europa, eles tiveram a oportunidade de exercer o seu ofício, construindo catedrais, igrejas, obras públicas e monumentos civis. A Ordem da Milícia do Templo, ou Ordem dos Templários, foi uma ordem religiosa e militar, criada em 1118, com estatutos feitos pelo abade de Clairvaux (São Bernardo). Adquirindo prestígio e riqueza, a ordem excitaria a cobiça do rei francês Filipe IV, cognominado "o Belo", que, com a conivência do papa Clemente V, conseguiu a sua extinção, em 1312, seguida da execução, na fogueira, de seu Grão-Mestre, Jacques de Molay, em 1314. Antes da extinção, necessitando, em suas distantes comendadorias do Oriente, de trabalhadores cristãos, os templários organizaram o Compagnonnage, dando-lhe um estatuto chamado Santo Dever, de acordo com sua própria filosofia.

No século XVI, a decadência das corporações de ofício

Já na primeira metade do século XVI, as corporações, diante das perseguições que sofriam - principalmente por parte do clero - e diante da evolução social europeia, começavam a entrar em declínio. Em 1535, realizava-se, em Colónia, uma convenção, que fora convocada para refutar as calúnias dirigidas pelo clero contra os franco-mações. Embora ela não tenha tido o brilho e a frequência de outras convenções, consta, embora tal afirmativa seja contestada, por carecer de comprovação, que, na ocasião, teria sido redigido um manifesto, onde era estabelecido o princípio de altos graus, que seriam introduzidos por razões políticas.
Em 1539, o rei da França, Francisco I, revogava os privilégios concedidos aos franco-mações, abolindo as guildas e demais fraternidades e regulamentando as corporações de artesãos. Em contrapartida, em 1548, era concedido, aos operários construtores, de maneira geral, o livre exercício de sua profissão, em toda a Inglaterra; um ano depois, todavia, por exigência de Londres, era cassada a autorização concedida, o que fazia com que os franco-mações ficassem na condição de operários ordinários, como tais sendo tratados legalmente. Em 1558, ao assumir o trono da Inglaterra, a rainha Isabel renovava uma ordenação de 1425, que proibia qualquer assembleia ilegal, sob pena dela ser considerada uma rebelião. Três anos depois, em Dezembro de 1561, tendo, os franco-mações ingleses, anunciado a realização de uma convenção em York, durante a festividade de São João Evangelista, Isabel ordenou a dissolução da assembleia, decretando a prisão de todos os presentes a ela; a ordem só não foi confirmada, porque lorde Thomas Sackville, adepto da arte da construção, estando presente, demoveu a rainha de seu intento, fazendo com que, em 1562, ela revogasse a ordenação de 1425.
Em 1563, a Convenção de Basileia, feita por iniciativa da confraria de Estrasburgo, organizava um código para os franco-mações alemães, o qual serviria de regra à corporação dos canteiros, até que surgissem os primeiros sindicatos de operários, no século XIX. Mas era patente o declínio das confrarias, no século XVI. A Renascença relegara o estilo gótico e a estrutura ogival das abóbadas - próprias da arte dos franco-mações medievais - ao abandono, revivendo as características da arte greco-romana. Assim, embora ela tivesse atingido a todos os campos do conhecimento e a todas as corporações profissionais, foi a dos franco-mações a mais afectada. No final do século, Ínigo Jones introduzia, na Inglaterra, o estilo renascentista, sepultando o estilo gótico e apressando a decadência das corporações de franco-mações ingleses. Estas, perdendo o seu objectivo inicial e transformando-se em sociedade de auxílio mútuo, resolveram, então, permitir a entrada de homens não ligados à arte de construir, não profissionais, que eram, então, chamados de Maçons aceitos.

Iniciava-se a transformação na Maçonaria atual

As corporações, evidentemente, começaram por admitir pessoas em pequeno número e seleccionadas entre os homens conhecidos pelos seus dotes culturais, pelo seu talento e pela sua condição aristocrática, que poderiam dar projecção a elas, submetendo-se, todavia, aos seus regulamentos. Era a tentativa de suster o declínio.
O primeiro caso conhecido de aceitação é o de John Boswell, lord de Aushinleck - ou, segundo J.G. Findel, sir Thomas Rosswell, esquire de Aushinleck - que, a 8 de Junho de 1600 foi recebido como Maçom aceito - não profissional - na Saint Mary's Chapell Lodge (Loja da Capela de Santa Maria), em Edimburgo, na Escócia. Esta Loja fora criada em 1228, para a construção da Capela de Santa Maria, destinando-se, como já foi visto, às assembleias dos obreiros e discussões sobre o andamento das obras.
Depois disso, o processo de aceitação, iniciado na Escócia, iria se espalhar e se acelerar, fazendo com que, ao final do século, o número de aceitos já ultrapassasse, largamente, o de franco-mações operativos. Os mais famosos nomes de "aceitos", na primeira metade do século XVII, foram: William Wilson, aceito em 1622; Robert Murray, tenente-general do exército escocês, recebido, em 1641, na Loja da Capela de Santa Maria e tornando-se, posteriormente, Mestre Geral de todas as Lojas do Exército; o coronel Henry Mainwairing, recebido, em 1646, numa Loja de Warrington, no Lancashire; e o antiquário e alquimista Elias Ashmole, recebido na mesma Loja e no mesmo dia (16 de Outubro) que o coronel Henry.
Em 1666, os franco-mações iriam recuperar parte do antigo prestígio, diante do grande incêndio, que, a 2 de Setembro daquele ano, aconteceu em Londres, destruindo cerca de quarenta mil casas e oitenta e seis igrejas. Nessa ocasião, os Maçons acorreram para participar do esforço de reconstrução, sob a direcção do renomado mestre arquitecto Cristopher Wren, que, em 1688, viu aprovado o seu plano para reconstrução da cidade, sendo nomeado arquitecto do rei e da cidade de Londres. A obra principal de Wren foi a reconstrução da igreja de S. Paulo, em cujo adro se desenvolveria e se estabeleceria, em 1691, uma Loja de fundamental importância para a História da Maçonaria moderna: a Loja São Paulo (em alusão à igreja), ou Loja da taberna "O Ganso e a Grelha", em alusão ao local em que, como faziam outras Lojas, realizava suas reuniões de carácter informal e administrativo, como se verá adiante. A reconstrução de Londres só iria terminar em 1710.

E nascia a primeira Grande Loja

g_letter_goldComo, na época, não existiam templos maçónicos - o primeiro só seria inaugurado em 1776 - os Maçons reuniam-se em tabernas, ou nos adros das igrejas. As tabernas, cervejarias e hospedarias desse tempo, principalmente na Inglaterra, tinham uma função social muito grande, como local de reunião e de troca de ideias de intelectuais, artífices, obreiros do mesmo ofício, etc. . A Loja da Cervejaria "The Goose and Gridiron" (O Ganso e a Grelha), ou Loja São Paulo, inicialmente formada só pelos Maçons de ofício que participaram da reconstrução de Londres, resolvia, em 1703, diante do número cada vez maior de Maçons aceitos, em todas as Lojas, admitir, a partir dali, homens de todas as classes, sem qualquer restrição, promovendo, então, uma reforma estrutural, que iria dar o arcabouço da moderna Maçonaria. A admissão, em 1709, do reverendo Jean Théophile Désaguliers , nessa Loja, em cerimónia realizada no adro da igreja de São Paulo, iria apressar o processo de transformação, já que Désagulliers iria se tornar seu líder e paladino.
A 7 de Fevereiro de 1717, Désagulliers conseguia reunir quatro Lojas metropolitanas, para traçar planos referentes à alteração da estrutura maçónica. Nessa ocasião, foi convocada uma reunião geral dessas quatro Lojas existentes em Londres, para o dia 24 de Junho daquele ano. Essa reunião foi realizada na taberna "The Apple Tree" (A Macieira), e as Lojas presentes foram, além da "O Ganso e a Grelha": a da Cervejaria "The Crown" (A Coroa), a da Taberna "Rummer and Grappes" (O Copázio e as Uvas) e a da Taberna "The Apple Tree" (A Macieira).
E, no dia 24 de Junho de 1717, como fora marcado, as quatro Lojas reuniam-se e criavam The Premier Grand Lodge (a Primeira Grande Loja), em Londres, implantando o sistema obediencial, com Lojas subordinadas a um poder central, sob a direcção de um Grão-Mestre, já que, antes disso, as Lojas eram livres de qualquer subordinação externa, concretizando a ideia do "Maçom livre na Loja livre". Isso era, portanto, um fato novo e uma grande alteração - uma verdadeira revolução - na estrutura maçónica tradicional, o que faz com que esse acontecimento seja tomado como o divisor de águas, o marco histórico entre a antiga e a moderna Maçonaria, ou seja, entre a operativa, ou de ofício, e a dos aceitos, ou especulativa, sua forma moderna.
Prancha de Autor Desconhecido

Eu sou a Maçonaria!

Nasci, não sei quando.Masonic Oil Painting
Em meu nome ergueram templos de pedra e os encheram com os que não me compreendiam
Em meu nome, se fantasiaram e se engalanaram.
Em meu nome, fizeram-se falsos homens de bem.
Em meu nome, buscaram o poder pelo poder
Em meu nome, delegaram-se sapientes e iniciados.
Em meu nome, fizeram-se donos da verdade.
Em meu nome, perseguiram mais do que ajudaram.
Em meu nome, ludibriaram e enganaram.
Em meu nome, me dividiram, como se eu não fosse uma só.
Em meu nome, retiraram dos meus rituais a essência dos ensinamentos do meu criador.
Em meu nome, criaram graus e degraus, como forma de serem importantes por estas conquistas e não pelo trabalho interior e exterior de cada um.
Em meu nome, criaram e criam vários ritos, tudo no grito.
Em meu nome, ganham a vida criando histórias e arregimentando seguidores para estas, para mais tarde se desmentirem.
Em meu nome, fazem leis e normas para os favorecer, ou para tentar calar o meu grito através dos que tentam me defender.
Em meu nome, usam a sociedade para benefício próprio e de seus apadrinhados ou cúmplices.
Em meu nome, criam até rituais onde o iniciado não necessita crer em DEUS, coitados, não sabem nem ao menos o que é uma iniciação.
Em meu nome, iniciam sem jamais iniciar.
Em meu nome, se colocam como maçom sem jamais se preocuparem em um deles verdadeiramente um dia se tornar.
Em meu nome, relegam a um segundo plano o verdadeiro sentido da iniciação.
Em meu nome, fazem sessões rápidas, maquinalmente, sem propósito algum, para sobrar mais tempo para a sessão gastronómica.
Em meu nome, sim, em meu nome, fazem tanta coisa errada que até fico constrangida em aqui apresentar.
Eu sou justa, sou perfeita, nasci para ajudar o homem a se aproximar do nosso Criador que é DEUS.
Eu sou justa, sou perfeita, dei os símbolos como meio didáctico para o homem melhor me compreender e praticar.
Eu sou justa, sou perfeita, criei o ritual para poderem com os símbolos melhor me compreender e entender.
Eu sou justa, sou perfeita, pensei que o homem poderia através dos símbolos e dos rituais interagir melhor com as forças energéticas positivas do universo.
Eu sou justa, sou perfeita, chamei o homem de pedra bruta para que ele sentisse e compreendesse a necessidade de se lapidar.
Eu sou justa, sou perfeita, mostrei ao homem que o templo físico deveria ser uma representação do universo, só que alguns não entenderam, que tudo ali é sagrado, é uma das muitas moradas do meu Pai. Ali não há lugar para a inveja, o ciúme, a disputa, a vaidade, a intemperança, a raiva, a injúria e o juízo de valor.
Eu sou justa, sou perfeita, até deixo o homem dizer que eu tenho segredo, estes, se existem, são administrativos, como qualquer sociedade que um dia foi ou é perseguida tem, como forma de proteger os seu membros.
Eu sou justa, sou perfeita, nasci para ajudar todos os homens, independentemente do sexo, raça, cor, religiosidade ou posição social a se transformar em um iniciado, ou seja, num homem e consequentemente um espírito de LUZ. Que será aonde toda a humanidade terá forçosamente que chegar. Assim está escrito e assim se cumprirá.
Eu sou justa, sou perfeita, a todos e a tudo levo o meu perdão, mas, por favor, Sejam Dignos de Mim, Não me maltratem e Me Socorram.
O meu nome, sim, o meu nome é MAÇONARIA.

Autor: O Pensador
http://www.rlmad.net/art-tema/520-eu-sou-a-maconaria.html?catid=51%3Apoesmac

Fernando Pessoa sobre a Maçonaria

Extrato do artigo que Fernando Pessoa publicou no Diário de Lisboa, no 4.388 de 4 de Fevereiro de 1935, contra o projecto de lei do deputado José Cabral, proibindo o funcionamento das associações secretas, sejam quais forem os seus fins e organização.
A Maçonaria compõe-se de três elementos: o elemento iniciático, pelo qual é secreta; o elemento fraternal; e o elemento a que chamarei humano – isto é, o que resulta de ela ser composta por diversas espécies de homens, de diferentes graus de inteligência e cultura, e o que resulta de ela existir em muitos países, sujeita portanto a diversas circunstâncias de meio e de momento histórico, perante as quais, de país para país e de época para época reage, quanto à atitude social, diferentemente.
Nos primeiros dois elementos, onde reside essencialmente o espírito maçónico, a Ordem é a mesma sempre e em todo o mundo. No terceiro, a Maçonaria – como aliás qualquer instituição humana, secreta ou não – apresenta diferentes aspectos, conforme a mentalidade de Maçons individuais, e conforme circunstâncias de meio e momento histórico, de que ela não tem culpa.
Neste terceiro ponto de vista, toda a Maçonaria gira, porém, em torno de uma só ideia – a "tolerância"; isto é, o não impor a alguém dogma nenhum, deixando-o pensar como entender. Por isso a Maçonaria não tem uma doutrina. Tudo quanto se chama "doutrina maçónica" são opiniões individuais de Maçons, quer sobre a Ordem em si mesma, quer sobre as suas relações com o mundo profano. São divertidíssimas: vão desde o panteísmo naturalista de Oswald Wirth até ao misticismo cristão de Arthur Edward Waite, ambos tentando converter em doutrina o espírito da Ordem. As suas afirmações, porém, são simplesmente suas; a Maçonaria nada tem com elas. Ora o primeiro erro dos Antimaçons consiste em tentar definir o espírito maçónico em geral pelas afirmações de Maçons particulares, escolhidas ordinariamente com grande má fé.
O segundo erro dos anti-maçons consiste em não querer ver que a Maçonaria, unida espiritualmente, está materialmente dividida, como já expliquei. A sua acção social varia de país para país, de momento histórico para momento histórico, em função das circunstâncias do meio e da época, que afectam a Maçonaria como afectam toda a gente. A sua acção social varia, dentro do mesmo país, de Obediência para Obediência, onde houver mais que uma, em virtude de divergências doutrinárias – as que provocaram a formação dessas Obediências distintas, pois, a haver entre elas acordo em tudo, estariam unidas. Segue daqui que nenhum ato político ocasional de nenhuma Obediência pode ser levado à conta da Maçonaria em geral, ou até dessa Obediência particular, pois pode provir, como em geral provém, de circunstâncias políticas de momento, que a Maçonaria não criou.
Resulta de tudo isto que todas as campanhas anti-maçónicas – baseadas nesta dupla confusão do particular com o geral e do ocasional com o permanente – estão absolutamente erradas, e que nada até hoje se provou em desabono da Maçonaria. Por esse critério – o de avaliar uma instituição pelos seus actos ocasionais porventura infelizes, ou um homem por seus lapsos ou erros ocasionais – que haveria neste mundo senão abominação? Quer o Sr. José Cabral que se avaliem os papas por Rodrigo Bórgia, assassino e incestuoso? Quer que se considere a Igreja de Roma perfeitamente definida em seu íntimo espírito pelas torturas dos Inquisidores (provenientes de um uso profano do tempo) ou pelos massacres dos albigenses e dos piemonteses? E contudo com muito mais razão se o poderia fazer, pois essas crueldades foram feitas com ordem ou com consentimento dos papas, obrigando assim, espiritualmente, a Igreja inteira.
Sejamos, ao menos, justos. Se debitamos à Maçonaria em geral todos aqueles casos particulares, ponhamos-lhe a crédito, em contrapartida, os benefícios que dela temos recebido em iguais condições. Beijem-lhe os jesuítas as mãos, por lhes ter sido dado acolhimento e liberdade na Prússia, no século dezoito – quando expulsos de toda a parte, os repudiava o próprio Papa – pelo Maçom Frederico II. Agradeçamos-lhe a vitória de Waterloo, pois que Wellington e Blucher eram ambos Maçons. Sejamos-lhe gratos por ter sido ela quem criou a base onde veio a assentar a futura vitória dos Aliados – a "Entente Cordiale", obra do Maçom Eduardo VII. Nem esqueçamos, finalmente, que devemos à Maçonaria a maior obra da literatura moderna – o "Fausto" do Maçom Goeth.
Acabei de vez. Deixe o Sr. José Cabral a Maçonaria aos Maçons e aos que, embora o não sejam, viram, ainda que noutro Templo, a mesma Luz. Deixe a anti-maçonaria àqueles anti-maçons que são os legítimos descendentes intelectuais do célebre pregador que descobriu que Herodes e Pilatos eram Vigilantes de uma Loja de Jerusalém.
Fernando Pessoa

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Determinismo e Livre-Arbítrio

Corrente da Paz - Grupo de Estudos Professor Luiz Goulart

Texto extraído do livro “Roteiro para a Vida à Luz do Essencialismo”, de Luiz Goulart

Texto base de palestra realizada por Paulo Benjamin no "Encontro com a Paz" do dia 24 de outubro de 2011





O Determinismo, segundo a própria palavra expressa, é uma potência que tudo determina.
O Livre-Arbítrio se afigura comumente, como a força pessoal que torna exequível o desejo humano.
Colocados em termos tão simples, quer o Determinismo como o Livre-Arbítrio, nós todos, vaidosamente, nos julgamos possuidores de uma vontade que, em seu poder, se nivela a potencialidade divina, como sendo nós senhores do Determinismo.
Em análise mais profunda, no entanto, passamos a ver que não somos tão fortes quanto nos imaginamos e que o nosso Livre-Arbítrio é apenas uma concessão que nos dá o Determinismo... para uso em nossa limitada ação. Esta seria, é claro, a visão serena do Eu, em face da ilusão do Ego a precipitar-se numa liberdade vigiada...
De fato, os limites de nossa ação nem sempre sofrem a avaliação de nossas possibilidades. Daí surgir tanto pranto ou tanta amarga frustração.
Não pode ser negada a Determinação que traceja a área por onde caminhamos, e o cultivo de um punhado de frutos de nossos desejos capazes de serem realizados... isto porque já estava pré marcado aquilo que chegamos a fazer ou conquistar.
Felizes aqueles mais dotados de reflexão, propensos, por isso, a buscar em seu Eu – morada da Divindade – a inspiração para suas obras e atitudes pessoais no mundo.
Somente o Eu – e não o Ego – sabe e pode, intuitivamente, mostrar o limite de nossa liberdade exterior, quanto à ação de nosso Livre-Arbítrio.
Há muitas tarefas para realizarmos no mundo... mas nem tudo podemos fazer.
Uma força maior que o ser humano fez dele urna criatura e criou seus próprios limites.
Luiz Goulart

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

.'. Sabedoria do Silêncio .'.

Durante o período de seu aprendizado, deve o neófito praticar a Lei do Silêncio e exercitar-se na Meditação. No entanto, em época nenhuma, no mundo profano a mente humana foi tão bombardeada por tantos, tão veementes, tão variadas e contraditórias sugestões como a propaganda, cinemas, televisões, discursos, palestras, aulas, jornais que constituem verdadeiros exércitos à invadir-nos a mente a cada instante onde nos encontramos.




Todos esses meios objetivam tomar de assalto as mentes e injetar em seu interior milhões de mensagens, vibrações e tendências com interesse de nos dirigir ao destno, de profanar nossos Templos mentais.

Isso fortalece no homem o seu ego. O ego vive do barulho e no barulho – morre o silêncio. Acostumado a esse mundo da obrigação de expressar suas opiniões, da obediência ao lema do “ter que comunicar-se”, sob pena de ficar ultrapassado, é ferida de morte nossa maior riqueza: O Silêncio como poderoso catalisador espiritual e da purificação das impurezas de nosso ego.

Diante de tantas estímulos esquecemos que “A principal missão do homem em sua vida é dar a luz a si mesmo, é tornar-se aquilo que ele é potencialmente” (Erich Fromm;Análise do Homem).

Mesmo no mundo profano muito se criou e mudou a partir da intuição silenciosa. Compreendemos então porque Einstein andava quase sempre silencioso. Chaplin acreditou tanto na comunicação isenta de palavras, não obstante, nosso mundo atual prestar verdadeiro culto às comunicações não silenciosas. Huberto Rodhen dizia: “ Quem muito fala pouco pensa. Falar é a melhor forma de não ter pensamentos. É como se alguém passasse constantemente a enxada pelo chão, raspando, raspando e cortando qualquer plantinha que, por ventura, quisesse brotar. Nada terá tempo de britar e crescer”.

Só quem não fala pode pensar em quem consegue levar a mente a um estado de calma, sem pensamentos, mas se conserva plenamente vígil, esse receberá a Intuição, Inspiração e a Revelação.

Quando o homem de habitua ao silêncio auscultativo, entra ele na “Comunhão dos Santos”. Perguntaram ao grande Heráclito de èfeso, o que ele aprendera em tantos decênios de filosofia. Respondeu: “Aprendi a falar comigo mesmo. Isto é, a falar sem palavras, em espírito e em verdade”. Quando o homem fala, Deus de cala. Quando o homem se cala, Deus fala. Huberto Rodhen, numa metáfora nos ensina: Sabes o que é o calado de um navio? O calado de um navio é a medida do seu afundamento na água; quanto mais carregado está o navio, mais calado tem, mais afunda na água. Só quando o homem está assim, afundado em Deus, é que ele está realmente calado. E para que o homem tenha esse calado de profundeza, deve ele estar devidamente carregado de espiritualidade. O homem não espiritual é superficial, sem calado suficiente, flutuando e boiando na superfície das coisas ilusórias do ego. Tais ensinamentos estão exibidos nos livros sacros quando dizem: “Cala-te e saberás que eu sou Deus...”. A Bíblia Sagrada, no livro dos Reis, capítulo 6, versículo 7, à respeito da Construção do Templo de Salomão, diz: “Quando se edificou o edifício do Templo, isso se fez com pedras perfeitamente ajustáveis desde a pedreira, de modo que ao construir o Templo não se ouvia barulho de martelo nem picareta, nem de nenhum instrumento de ferro”.



Acostumado aos estímulos do mundo profano, a expressar nossas opiniões sem entraves, esta regra iniciática encerra para nós, sem dúvida, uma das maiores dificuldades. Limitar-se a somente ver, ouvir e calar parece-nos quase insuportável. Esse exercício severo, obriga-nos, no entanto, a disciplinar as idéias de trabalhar a Pedra Bruta com sutileza e silêncio. Não estando mais levado a pular de uma para outra idéia, haverá de se surpreender um dia, quando verificar que uma mesma idéia, vista e analisada por ângulos diferentes, encerra um conteúdo até então insuspeitado que adquire dimensões incomuns.

Isto justifica plenamente o Preceito Maçônico de que a Maçonaria não se propõe a transformar-se em um estabelecimento de ensino mas afirma que: “ Cada um se inicia por si mesmo”.

A Lei do Silêncio nada mais é, portanto, que um perpétuo exercício do Pensamento. Calar não consiste somente em nada dizer, mas também em deixar de fazer qualquer reflexão dentro de si, quando se escuta alguém falar. O silêncio que nós mesmos nos impomos, terá como resultado de não podermos nos encontrar em estado de contradição com quem fala.

Por essa disciplina livremente consentida, quando fazemos obstração total de nossas próprias concepções, a fim de melhor assimilar as do orador, compreendê-lo e podermos distinguir pela reflexão e pelo raciocínio, que então intervém em nós mesmos, conseguiremos encontrar a verdade em nossas próprias conclusões.

Tudo isso há de se manifestar por uma calma absoluta, posto que a calma é filha da Meditação.

Todavia, não se deve confundir com silêncio o mutismo e enquanto o primeiro é um “prelúdio” de abertura a revelação, o segundo é um encerramento da mesma. O silêncio envolve os grandes acontecimentos, o mutismo esconde. Um assinala um progresso, o outro uma regressão.

Dizem as regras monásticas que o silêncio é uma grande cerimônia, pois o Grande Arquiteto do Universo chega na alma que nela faz reinar o silêncio, mas torna mudo quem se distrai em tagarelices.

O mundo profano reverencia mortes ilustres com um minuto de silêncio. Kahlil Gibran afirma que o silêncio se assenta no contentamento, mas que a recusa, a rebelião e a desobediência habitam no silêncio e esta parece ter sido também a visão de Gandhi quando consagrou toda a sua vida a missão de restituir a independência à Índia e aos Hindus.

A disciplina do silêncio ensina ao Aprendiz permitir o indispensável “recuo sobre ele mesmo”, que o libertará definitivamente da perniciosa influência de sua existência anterior e o fará descobrir ao mesmo tempo que a lua que veio procurar no Templo, já habitava dentro dele.

O preceito fundamental de que só o silêncio pode permitir-nos ouvir a voz sutil das essências também é completado pelo ensinamento ao Aprendiz d que é indubitável que a Lei do Silêncio também tem como base o Segredo Maçônico e os costumes que a Loja impõe ao Aprendiz para habitua-lo a exercer uma severa disciplina sobre si mesmo, disciplina cujo vinco indelével permanecerá por toda a sua vida Maçônica ou profana.

Só um homem capaz de guardar silêncio, quando necessário, pode ser seu próprio Senhor. Devemos entender plenamente este preceito Maçônico, onde se privilegiam o amadurecimento das idéias e se esclarecem a Verdadeira Palavra, comunicada no segredo da alma a cada ser, pois não somos seres humanos vivenciando experiências espirituais, mas sim, seres espirituais vivenciando experiência humanas (Brian Weiss, escritor) .

A sabedoria do silêncio é, pois, uma arte complexa, que não consiste somente a calar a palavra exterior, mas que se torna realmente completo com o silêncio interior do pensamento para que a Verdade possa intimamente revelar-se e manifestar-se em nossa consciência.

 

Ser ou Estar Maçom

Atualmente podemos afirmar que "Ser ou Estar alguma coisa" está se tornando uma expressão bastante difundida, que é utilizada para identificar se uma pessoa assumiu ou não seu posicionamento correto com respeito a qualquer organização da qual participa, como por exemplo - quando desempenha-se um cargo público ou legislativo, tal qual o de "Estar Ministro", entre outros exemplos, sendo inclusive utilizado com personagens em programas humorísticos. Absorvendo este conceito e aplicando-o no seio de nossa Fraternidade percebemos que todos nós "Estamos Maçons" ao procedermos nossa Iniciação. Estamos Maçons ao freqüentarmos a Loja e pagarmos as suas mensalidades e taxas. Estamos Maçons quando participamos de uma atividade organizada pela loja, uma atividade filantrópica, uma palestra, uma visita a outra Loja. Ou até mesmo Estamos Maçons quando meditamos sobre o nosso papel e partimos em busca da meditação interior em busca da verdade.


Mas o que é Ser Maçom ? O verbo SER não poderia ser considerado sinônimo do verbo ESTAR. A caracterização mais expressiva é de que estar é um verbo que indica um certo estado, portanto, há como que embutido em seu conteúdo uma certa passividade, enquanto que o verbo ser é ativo, representa ativação. Ser Maçom é um estado de espírito que deve caracterizar o membro presente a toda situação em que pode ajudar e cooperar para que o mundo torne-se de alguma forma melhor. Ser Maçom é compreender que por mais poderosas que sejam as forças externas elas devem ser dominadas pela energia que tem sede em sua própria personalidade. Ser Maçom é ter consciência que sua presença discreta pode dar apoio a novos projetos úteis à comunidade e constituir-se num valoroso pilar de sustentação de valores mais nobres do indivíduo.



Ser Maçom é ser o eterno estudante que busca o ensinamento diário, tirando de cada situação uma lição, e aplica com êxito os princípios estudados. Desenvolve em toda oportunidade de sua intuição, sua força de vontade, sua capacidade de ouvir e entender os outros. Temos que considerar que o Ser Maçom deve, como livre pensador, questionar o porquê de determinados acontecimentos entendendo e vivenciando nos nosso aprendizado que palmilhamos lentamente, com passos firmes para não tropeçar nos erros e vícios do passado, mesmo que em momentos saiamos da trajetória para poder compreender o mundo com uma visão holística de suas nuances.



O Maçom que se limita a ler ou estudar as instruções dos graus ou a literatura disponível e não procura aplicar em sua vida diária os conceitos que lhe são transmitidos, na busca do desbaste da Pedra Bruta, e em erigir o Templo Interno, perde excelentes oportunidades de ampliar seus conhecimentos e de verificar como o saber do aprendizado da Arte Real pode ser útil para o seu bem-estar na busca de seu retorno ao Cósmico. O Ser Maçom é aquele estado em que sem abandonar os hábitos de disciplina racional, a mente busca uma abrangência do universo, o conhecimento intrínseco dos fenômenos que estão ocorrendo, procurando desenvolver a sensibilidade e a compreensão das razões de estudo. O Maçom que desenvolveu sua mente para estar atenta e acompanhar a evolução dos fatos, sabe como conhecer as sutilezas que envolvem sua origens, é como um oleiro que dá formas sutis ao barro bruto, enquanto que o Maçom modela sua própria consciência num confronto com sua própria personalidade.



Vivemos juntos e cruzamos com diferentes seres humanos que pensam e agem de maneira diversa da nossa. Isto nos propicia excelentes oportunidades de nos adaptarmos a estas personalidades e, sobretudo, de aprimorarmos as formas de inter-relacionamento. A sabedoria do bem viver é despertada quando nos conscientizamos dessas diferenças e procuramos compreender o indivíduo através de suas particularidades. Ser Maçom é despertar este sentido de compreensão do indivíduo e estar preparado para assisti-lo nos momentos de dificuldades. O exemplo de uma atitude mental moderada, sincera e cooperativa caracteriza muito o Ser Maçom. E todos notam, que sob muitos aspectos, o Ser Maçom diferencia-se como indivíduo entre todos os outros. No aprendizado inicial aprendemos que além dos SS.'. TT.'. e PP.'. o Maçom deve ser reconhecido pelos atos e posturas dentro da sociedade e no meio onde vive, traduzindo de maneira diuturna os nosso aprendizado e a filosofia dos postulados da Arte Real. Sentimos que temos que desempenhar um papel mais complexo na sociedade e dar uma contribuição positiva para que ela se torne superior.


Ser Maçom implica em alguma renúncias, mas a compensação que advém deste estado de espírito especial é muito agradável. Sentimo-nos como se fôssemos os autores da novela e não apenas os personagens passivos, criados pelos mesmos. Temos uma participação presente e atuante, embora que, aparentemente o Maçom apresente-se um tanto reservado. Já se disse que nos colocamos muito mais em evidência, quando nos mantemos como observadores e damos a colaboração somente quando é solicitada pelos outros, do que aqueles que procuram apresentar-se como os donos da festa. Considerem sobretudo, que encontramos muitas pessoas evoluídas e que podem ser consideradas possuídas de elevado espírito Maçom. Têm uma expressiva vivência das coisas do mundo e utilizam grande sabedoria em suas decisões, mesmo se nunca se tornaram Maçons.



Nós estamos Maçom ao entrarmos na Ordem e Somos Maçom quando o espírito dela entrar em nós. A diferença é muito grande, mas facilmente perceptível. Irmãos unam-nos na trilha que leva ao Templo ideal e tomemos o cuidado para não Estarmos Maçons, para não trilharmos a Maçonaria simplesmente cumprindo Rituais, envergando a mera condição de um "Profano de Avental".

Desejo que todos avaliem como é bom SER MAÇOM !
 

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Transformação Humana

Tudo aquilo, portanto, que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles
Abandonamos os bens do mundo profano
Abraços fraternais foram as recompensas
Aclamação pelos irmãos consagraram a gentil acolhida
Adornos recebemos
Aprendizes nos tornamos
evolutionBaterias de alegria foram ouvidas
Beneficência sendo louvada
Crianças nos tornamos
Conhecimento buscamos
Candidatos à perfeição como destino
Caridade como arma trazemos
Deus estando connosco
Estrela simbolizando o homem perfeito
Eternidade é o nosso tempo
Evolução por obrigação conseguiremos
Fraternos sem dogmas e cepticismo
Finalidade, o aperfeiçoamento
G.A.D.U. aqui tens seus seguidores
Harmonia em nossos corações palpitantes
Hospitalaria contando connosco a toda hora do dia
Huzé como saudação pela alegria
Idade de três anos completamos
Igualdade sentimos quando trabalhamos
Imbatível espírito de irmandade
Justas serão as nossas lutas
Lapidar a pedra bruta seria só o inicio
Livres de preconceitos e sendo de bons costumes
Livro da Lei como fonte de sabedoria
Loja se tornando nosso mundo de trabalho e reflexão
Luz por causa teremos
Maçons, aqui prontos estamos
Mandamentos praticamos
Meio-dia iniciamos
Meia-noite encerramos
Nomes conhecemos
Ocidente foi a nossa porta de entrada
Ordem e disciplina mantemos
Oriente, perante o sol que Ilumina nos prostramos
Ouvindo, ouvindo, aprendemos
Palavras nos informam que já é chegada a hora
Pedra bruta temos que desbastar
Perfeição será a nossa meta
Persuasão, e o bom exemplo serão nossas armas
Pilares construiremos
Propostas apresentaremos
Purificação moral e espiritual manteremos
Quadro da Loja, aqui estamos como humildes serventes
Recompensa, distinção pelos nossos talentos
Riqueza de conhecimento transmitida através dos ritos
Ritos de passagem, repetidas de modo bem conhecidos.
Ritos que nos ajudam dar ordem e sentido a vida.
Ritos predizíveis realizados da mesma maneira por muitas gerações.
Ritos marcando a transição de um estado de vida para outro.
Sabedoria em todas as provas demonstraremos
Salários simbólicos mereceremos
Segredo com a vida guardaremos
Silêncio por virtude praticaremos
Simbolismos morais e filosóficos interpretaremos
Sinais empregaremos e reconheceremos
Templo de Salomão imagem das maravilhas da criação
Templo, onde edificamos o ser humano ideal
Testamento deixamos para nascermos numa vida nova
Três, sempre três
Três vezes três
Três aspectos de um todo
Trindade, começo, meio e fim
União de todos por todos
Verdade sempre será a nossa causa
Virtude, a sociabilidade, o progresso como frutos
Vozes dizendo que somos livres e de bons costumes
Por fim dizemos que nós em novos homens nos transformamos.
A riqueza do mundo profano se esvai, pois aqui tudo é novo
Poesia de Autor Desconhecido

DEUS e o Homem

Todos os homens são iguais por natureza, feitos do mesmo barro, pelo mesmo Criador; embora nos iludamos, tanto é estimado por Deus o camponês pobre quanto o príncipe poderoso

(Platão)

Deus – Ser infinito, perfeito, criador de tudo e de todos. Para o Maçon, Deus é o Grande Arquitecto do Universo. - Homem – o ser humano com sua dualidade de corpo e de espírito.
god_creates_manO medo do desconhecido e a necessidade de dar sentido ao mundo que o cerca levaram o homem a fundar diversos sistemas de crenças, cerimonias e cultos – muitas vezes centrados na figura de um ente supremo - que o ajudam a compreender o significado último de sua própria natureza. O ser humano é uma criatura instintivamente religiosa. Deus é o nosso mais forte arquétipo.
Deus é amor. Não podemos ver o amor, nem ter uma compreensão do que seja o amor, a não ser quando ele toma um corpo. Todo o amor que existe no universo é Deus. O amor entre marido e mulher, entre pais e filhos, é uma parcela ínfima de Deus manifestado através de forma visível. O amor de mãe, tão infinitamente terno, tão abnegado, é o mesmo amor, apenas manifestado em maior dosagem pela mãe.
O Homem – Deus, em seus desígnios, faz o homem nascer num meio onde pode desenvolver sua inteligência e quer que dela use para o bem de todos; porque é uma missão que lhe dá, colocando em suas mãos o instrumento com a ajuda do qual o homem pode desenvolver, a seu turno, as inteligências retardatárias e as conduzir a Deus. A inteligência é rica de méritos para o futuro, mas com a condição de ser bem empregada; se todos os homens dotados, se servissem dela segundo os propósitos de Deus, a tarefa seria fácil para fazer a Humanidade avançar; infelizmente, muitos fazem dela um instrumento de orgulho e de perdição para si mesmos. O homem abusa da inteligência como de todas as outras faculdades e, entretanto, não lhe faltam lições para adverti-lo de que uma poderosa mão pode lhe retirar aquilo que ela mesma lhe deu.
Perguntaram ao Dalai Lama o que mais o surpreende na humanidade – Ele respondeu:
Porque perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido!
Religiões – O medo do desconhecido e a necessidade de dar sentido ao mundo que o cerca levou o homem a fundar diversos sistemas de crenças, cerimonias e cultos - muitas vezes centrados na figura de um ente supremo – que o ajuda a compreender o significado último de sua própria natureza.
Denominam-se religiões as filosofias – há milhares delas – que conduzem o ser humano às Igrejas, movidas pelo temor de um castigo divino ou pela esperança de um prémio após a morte. Todo acto capaz de unir Deus à criatura pode se considerar religião, independente da nomenclatura.
A primeira missão das religiões é provar que existe Deus que nos criou e que, se o nosso corpo físico é perecível, a nossa alma é eterna. Provar também que Deus, pela sua imensidade, está em tudo que existe. E sobre o respeito que devemos ter por Deus e a reverência que a Ele devemos consagrar.
As religiões monoteístas professam a crença num Deus único, transcendente – distinto e superior ao universo – e pessoal. Um dos grandes problemas do monoteísmo é a explicação da existência do mal no mundo, o que levou diversas religiões a adoptarem um sistema dualista, o maniqueísmo, fundado nos princípios (opostos) supremos do bem e do mal.
As grandes religiões monoteístas são o judaísmo, o cristianismo – que professa a existência de um só Deus, apesar de reconhecer, como mistério, três pessoas divinas – e o islamismo. A religião visa ao retorno a Deus daquele que o “abandonou”, em um regresso aos preceitos contidos no Livro Sagrado de sua Fé.
Deve-se distinguir religião de seita, doutrina ou qualquer princípio similar. A Maçonaria pode ser uma religião no sentido estrito do vocábulo, isto é, na harmonização da criatura com o Criador. É a religião Maior e Universal; o contacto com a Parte Divina; é a comunhão com o Grande Arquitecto do Universo, é o culto diante do Altar dentro de uma Loja ou no Templo Interior de cada maçon. O maçon deve ser religioso nas suas atitudes, pois não é criatura de viver isolado e só.
Maçonaria e Igreja não se confundem, se completam. A Igreja é de cunho divino, santo, que vem do alto; Maçonaria é de cunho humano, terreno, que foi a melhor maneira de expressar os ensinamentos do alto. Maçonaria é religião, pois liga os homens entre si e com o Grande Arquitecto do Universo. Maçonaria não é religião quanto aos seus actos exteriores, dogmas de fé, pois ela nunca pretendeu sobrepor a fé de nenhum de seus membros, nem lhes impõe nenhuma crença, excepto o amor fraternal e a existência do Ser Infinito. Na Maçonaria ninguém luta por supremacia, pois todos são iguais, ninguém impõe suas ideias, pois são respeitados todos os ideais, cada qual adorando a Deus de acordo com os ditames de sua própria consciência.,
Resumindo, o maçon será religioso quando praticar o bem e considerar o próximo como irmão, seja qual for a sua condição social, não seja visto como superior ou inferior, mas, antes de qualquer discriminação, seja reconhecido como igual ou semelhante.
Deus e Homem – Para os cristãos, Jesus é Deus feito carne, a personificação da verdade, a revelação e o cumprimento das promessas de Deus. Mas Jesus era também homem, e por isso seus ensinamentos eram dotados de uma profunda preocupação com a realidade temporal da humanidade. Assim, Jesus venerou como divina a lei contida no Antigo Testamento, mas ensinou aos discípulos que se concentrassem nos dois preceitos fundamentais: o amor a Deus e o amor ao próximo. Seu nascimento, morte e ressurreição significam o início do reino de Deus, que deveria ser acima de todo esforço humano, um desígnio divino. Assim, os ensinamentos de Jesus podem ser resumidos em dois pontos fundamentais: a exortação a uma vida justa e piedosa e a exaltação da omnipotência divina como instância superior aos actos humanos.
A fé em Jesus Cristo, Filho de Deus, implica a aceitação do mistério de sua dupla natureza, divina e humana, que não se confundem, mas estão indissoluvelmente unidas.
– Em Teologia, a Fé é a expressão da crença como acto lógico e fundamental da razão humana. É a primeira das virtudes teológicas, aquela pela qual cremos em todas as verdades que Deus revelou que a Igreja propôs à crença, e que são contidas na Escritura Sagrada ou ensinadas pela Tradição. É absolutamente necessário ter fé para ser salvo; esta fé deve ser explicita para os adultos, ao menos para as principais verdades. O cristão é, por outra, obrigado a confessar a sua fé publicamente, mesmo com perigo de vida, se o quiserem constranger pela força a renegá-la.
De uma maneira geral, pode-se definir a fé como uma convicção fundada não sobre a evidê0ncia ou sobre o raciocínio, mas sobre o testemunho. Assim entendida, a fé é, mesmo na ordem natural, a fonte do maior número dos nossos conhecimentos.
Para Luis Umbert Santos (Cartilha del Francmasón), a fé religiosa transfere os fenómenos do mundo natural ao sobrenatural, sendo portanto a principal oponente do racionalismo. E Ragon diz que, segundo os teólogos: “... a fé seria a virtude de crer firmemente em coisas que nem sempre estão de acordo com a Natureza nem com a razão. Pelo visto ignoravam que crer é o oposto de saber. A incredulidade de São Tomé é a metáfora com que se nos quer advertir que a fé não deve ser cega, sendo mister que a verdadeira fé, isto é, aquela que salva e conduz à verdade, seja iluminada pela sã razão e se apoie na convicção da consciência.
Diremos que a Fé de um homem pertence-lhe tanto quanto a sua Razão. Precisamos de uma fé, mas de uma fé robusta.
Fé em Deus – Exige-se aos candidatos à iniciação maçónica a declaração de sua fé em Deus. Aquele que negar a existência em Deus, diz Mackey, é negado o privilégio da iniciação, sendo o ateísmo uma desqualificação para a Maçonaria. “Este piedoso princípio, diz ele, distinguiu a Fraternidade desde o período mais primitivo, sendo uma feliz coincidência que a Companhia dos Maçons Operativos instituída em 1477, tivesse adoptado como sua divisa, o verdadeiro sentimento maçónico: “O Senhor é toda a nossa Fé”.
Valdemar Sansão – M:. M:.