sábado, 26 de novembro de 2011

Os ESSÊNIOS - Sua História e Doutrinas

Na primavera de 1947, dois pastores que guardavam seus rebanhos próximo do lugar em que o Qumrã deságua do mar Morto descobriram algumas ânforas que continham rolos de antigas escrituras. Essa primeira descoberta despertou o interesse de arqueólogos e estudiosos de persos países que, nos anos seguintes, se dedicaram à exploração sistemática da área.
O interesse despertado por esses manuscritos foi tanto maior pelo fato de se referirem a uma seita de judeus, chamados Essênios, que viviam numa área próxima de Qumrã e entre os quais, diz-se, Cristo teria passado sua juventude, até a idade de 30 anos. Outro fato intrigante é encontrar o justo meio-termo entre os que se mostram excessivamente amedrontados e os que se mostram excessivamente satisfeitos com a semelhança marcante entre algumas doutrinas e práticas do Cristianismo e do Essenismo.
Com a descoberta dos Manuscritos do Mar Morto o mundo aprendeu muito sobre a irmandade dos Essênios. Seu líder espiritual, o Mestre da Retidão ou Mestre Verdadeiro teve seu nome e identidade cuidadosamente ocultados por seus seguidores. É citado várias vezes no Velho testamento, mas seu nome real nunca aparece.
A importância desse Mestre é grande, já que conseguiu manter a coesão da seita em torno dos seus objetivos. Um deles, preparar o caminho do Messias. João Batista era da seita, o que reforça ainda mais a certeza que Jesus Cristo viveu e aprendeu com eles durante anos.

Voltando no tempo e através dos manuscritos, pudemos observar que os Essênios eram originários do Egito, e durante a dominação do Império Selêucida, em 170 A.C., formaram um pequeno grupo de judeus, que abandonaram as cidades e rumaram para o deserto, passando a viver às margens do Mar Morto, e cujas colônias estendiam até o vale do Nilo.
De costumes irrepreensíveis, moralidade exemplar, pacíficos e de boa fé, dedicavam ao estudo espiritualista, à contemplação e à caridade. Os Essênios suportavam com enorme força os maiores sacrifícios para não violar o menor preceito religioso. Procuravam servir à Deus, auxiliando o próximo, sem imolações no altar e sem cultuar imagens. Eram livres, trabalhavam em comunidade, vivendo do que produziam. Em seu meio não haviam escravos, fato comum para a época. Tornaram-se famosos pelo conhecimento e uso de ervas, entregando-se abertamente ao exercício da medicina ocultista, esse costume acabou levando os mesmos a serem chamados também de terapeutas.
Em seus ensinos, seguindo o método das Escolas Iniciáticas, submetiam os discípulos à rituais de iniciação, conforme adquiriam conhecimentos e passavam para graus mais avançados. Mostravam então, tanto na teoria quanto na prática, as Leis Superiores do Universo e da Vida, tristemente esquecidas na ocasião. Eram uma seita aberta aos necessitados e desamparados, mantendo inúmeras atividades onde a acolhida, o tratamento de doentes e a instrução dos jovens eram a face externas dos seus objetivos.
Os Essênios admitiam que Moisés foi quem deu a Lei, a Lei Única. Ele instituiu o monoteísmo, que viria a ser não somente o dogma fundamental das irmandades Essênias, mas também de toda a civilização ocidental.
A tradição dos Essênios pide a vida de Moisés em três períodos. No primeiro período de quarenta anos, durante os quais viveu como um príncipe do Egito, ele segui o caminho da tradição, adquirindo toda a educação e conhecimentos disponíveis naquele tempo. Estudou os rituais de Ísis, de Amon-Rá e de Osíris, os preceitos de Pta Hotep, o livro Egípcio dos mortos e as tradições carreadas do Oriente para o Egito, centro cultural daquela época.
No segundo período ele passou quarenta anos no deserto, seguindo o caminho da natureza, como fizeram muitos outros grandes gênios e profetas. Na imensidão do deserto, com sua solidão e silencio produziram-lhe grandes verdades interiores. Moisés descobriu a Lei Única, a totalidade de todas as leis. Constatou que essa Lei governava todas as manifestações da vida e governava o universo inteiro. Para ele foi o maior de todos os milagres descobrir que tudo opera debaixo da mesma lei. Em seguida, admitiu a idéia da totalidade de todas as leis. E a essa totalidade deu o nome de A Lei, escrita com “L” maiúsculo. Ele primeiro observou que o homem vive num universo dinâmico, que muda constantemente; as plantas e os animais crescem e desaparecem; as luas crescem e minguam. Não há nenhum ponto estático na natureza nem no homem. Ele viu que a Lei manifesta em perpétua mudança, e que, por trás da mudança, há um plano de Ordem Cósmica numa vasta escala. Para ele a Lei Única era eterna, indestrutível, era incapaz de ser derrotada. Uma planta, uma árvore, um corpo humano ou um sistema solar tem, cada qual, suas próprias leis, matemáticas, biológicas ou astronômicas. Mas o único poder supremo, a Lei Única, esta por trás de todas elas.
A Lei governa tudo que acontece no universo e em todos os outros universos, toda atividade, toda criação, mental ou física. Governa tudo o que existe em manifestação física, em energia e poder, em consciência, todos os conhecimentos, todos os pensamentos, todos os sentimentos, toda a realidade. A Lei cria a vida e cria o pensamento.
A soma total da vida em todos os planetas do universo foi designada pelos Essênios como o oceano cósmico da vida. E a soma total das correntes de pensamento no universo foi denominada o oceano cósmico do pensamento, ou consciência cósmica, na terminologia mais moderna.
O terceiro período da vida de Moisés, o Êxodo, começou quando ele decidiu dedicar o restante de seus dias a compreensão e aplicação da Lei, e à tarefa de levar a humanidade a harmonizar-se com ela. Ele reconheceu a enormidade da tarefa que impunha a si mesmo tentando fazer que não só as massas ignorantes, mas também os governantes presunçosos aceitassem a Lei. Acabou desistindo por encontrar enormes dificuldades perante a maioria e voltou-se para a pequena minoria, o povo escravizado e oprimido de Israel, na esperança de convencê-lo e fundar uma nova nação baseada inteiramente na Lei. Foi ele a única figura, em toda a história universal, que fundou uma nação nessas condições.
Os três períodos da vida de Moisés, em que ele descobriu a lei e sua manifestações, representam os três períodos em que se pode pidir a vida de quase todos os homens. O primeiro foi chamando o período da servidão, das trevas, da ignorância. O segundo corresponde ao deserto da vida do inpíduo, quando seus falsos valores caem por terra e ele nada vê senão o vazio à sua frente. É nesse período que o homem necessita da orientação interior, a fim de encontrar o caminho que o levará de volta à Luz, à Lei. O terceiro período, o Êxodo, é possível para todo homem. Há sempre a Luz que indica o caminho para o êxodo. Para Moisés esse período significou o inicio do caminho da intuição, o caminho onde se aprende a viver em harmonia com as leis da vida, da natureza e do cosmo.
A missão dos seguidores do Mestre Verdadeiro foi a de difundir a vinda de um Messias e nisto contribuíram quando da chegada de Jesus. Na verdade, os Essênios não aguardavam um só Messias, e sim, dois. Um originário da Casa de Davi, viria para legislar e devolver aos judeus a pátria e estabelecer a justiça. Esse Messias-Rei restituiria ao povo de Israel a sua soberania e dignidade, instaurando um novo período de paz social e prosperidade. Jesus foi recebido por muitos como a reencarnação deste Messias de sangue real. O outro Messias esperado nasceria de um descendente da Casa de Levi. Este Salvador seguiria a tradição da linhagem sacerdotal dos grandes mártires. Sua morte representaria a redenção do povo e todo o sofrimento e humilhação por que teria que passar em vida seria previamente traçado por Deus. O Messias-Sacerdote se mostraria resignado com seu destino, dando a vida em sacrifício. Faria purgar os pecados de todos e a conduta de seus atos seria o exemplo da fé que leva os homens à Deus. Para muitos a figura do pregador João Batista se encaixa no perfil do segundo Messias. Até os nossos dias, uma seita do sul do Irã, os Mandeanos, sustenta ser João Batista o verdadeiro Messias.
Vivendo em comunidades distantes, os Essênios sempre procuravam encontrar na solidão do deserto o lugar ideal para desenvolverem a espiritualidade e estabelecer a vida comunitária, onde a partilha dos bens era a regra. Rompendo com o conceito da propriedade inpidual, acreditavam ser possível implantar no reino da Terra a verdadeira igualdade e fraternidade entre os homens. Consideravam a escravidão um ultraje à missão do homem dada por Deus. Todos os membros da seita trabalhavam para si e nas tarefas comuns, sempre desempenhando atividades profissionais que não envolvessem a destruição ou violência. Não era possível encontrar entre eles açougueiros ou fabricantes de armas, mas sim grande quantidade de mestres, escribas, instrutores, que através do ensino passavam de forma sutil os pensamentos da seita aos leigos.
O silêncio eram prezados por eles. Sabiam guardá-lo, evitando discussões em público e assuntos sobre religião. A voz para um Essênio, possuía grande poder e não podia ser desperdiçada. Através dela, com diferentes entonações, eram capazes de curar doentes. Cultivavam ainda hábitos saudáveis, zelando pela alimentação, físico e higiene pessoal. O modo de vida dos Essênios lhes permitiam viver até a idade avançada de 120 anos, ou mais, e comentava-se que eles possuíam uma força e uma resistência extraordináriap
Simbolicamente os Essênios cultuavam a Árvore da Vida. Nos ensinamentos ocultos de Moisés ela era a Árvore do conhecimento no Jardim do Éden guardada por anjos. Os Essênios chamavam-lhe Árvore da vida. Aos conceitos primitivos da Árvore os Essênios acrescentaram os que os antigos escritores denominavam Angelologia. Essa ciência dos anjos teve sua origem entre os Essênios, para eles os seus anjos eram a força do universo. A Árvore da vida era representada por quatorze forças positivas, sete das quais eram forças celestes ou cósmicas, sendo as outras sete terrenas ou terrestres. Pintava-se a árvore como se ela tivesse sete raízes que desciam pela terra e sete galhos que se estendiam para cima, na direção dos céus, simbolizando ao mesmo tempo a relação do homem, com a terra e com o céu. O homem era pintado no centro da árvore, a meio caminho entre o céu e a terra.
O uso do número sete é parte integrante da tradição Essênia, transmitida às culturas ocidentais de várias maneira conhecidas, como por exemplo, os sete dias da semana. Cada raiz e cada galho representava uma força ou poder diferente. As raízes representavam forças e energias diferentes, ou seja: a Mãe Celestial, o Anjo da Terra, o Anjo da Vida, o Anjo da Alegria, o Anjo do Sol, o Anjo da Água e o Anjo do Ar. Os setes galhos representavam os poderes cósmicos, ou seja: o Pai Celestial e seus Anjos da Vida Eterna, do Trabalho Criativo, da Paz, do Poder, do Amor e da Sabedoria. Esses eram os anjos Essênios visíveis e invisíveis.
A posição do homem no centro da Árvore, com as forças terrenas debaixo dele e as celestes acima, também corresponde à posição dos órgãos no corpo físico. Os ductos gástricos e reprodutivo na metade inferior do corpo, por serem instrumentos de autopreservação e autoperpetuação, pertencem as forças terrenas. Já os pulmões e o cérebro, na metade superior do corpo, que são os instrumentos de respiração e do pensamento ligavam o homem às forças do universo.
Os Essênios praticavam comunhões todas as manhãs e todas as noites, com uma meditação diferente cada manhã sobre uma força terrestre diferente e cada noite sobre uma força celeste diferente, todos os dias da semana. Isso perfazia um total de quatorze comunhões durante cada período de sete dias.
Segue a relação dessas comunhões de acordo com o dia da semana, começando com as feitas no período da manhã.
Sábado pela manhã – A Mãe Terrena
O objetivo era estabelecer a unidade entre o organismo físico do homem e as forças nutritivas da terra.
Domingo pela manhã – O Anjo da Terra
Esse Anjo representava a geração, regeneração e consistia em criar uma vida sempre mais abundante.
Segunda-feira pela manhã – O Anjo da Vida
Era dedicada à vida, à saúde e à vitalidade do organismo humano e de todo o planeta, produzindo uma unidade dinâmica entre eles.
Terça-feira pela manhã – O Anjo da Alegria
Consistia em absorver alegria das belezas da natureza, o nascente, o poente, as montanhas, as flores, as cores, os aromas e assim por diante, era um dos meios pelos quais os Essênios atingiam a harmonia e a serenidade interna que tanto impressionavam os contemporâneos.
Quarta-feira pela manhã – O Anjo do Sol
Os Essênios meditavam sobre o sol como uma grande força viva da natureza terrestre, um manancial sempre presente de energia, sem o qual não haveria vida na terra, no oceano ou na atmosfera.
Quinta-feira pela manhã – O Anjo da Água
Entendiam que a circulação da água na natureza correspondia à circulação do sangue no corpo. Eles sabiam que seus alimentos tem por base, principalmente, a água, igualmente essencial a vida na terra.
Sexta-feira pela manhã – O Anjo do Ar
Tinha como finalidade dar ciência ao homem da unidade dinâmica entre o ar e a vida, que a respiração é o elo entre o organismo e o cosmo e onde há vida há respiração.
Passemos agora para as comunhões noturnas.
Sexta-feira à noite – O Pai Celestial
Essa era a comunhão central dos Essênios, voltada à totalidade das leis cósmicas e a compreensão de que o universo é um processo de criação mutua, em que o homem precisa desempenhar sua parte continuando a obra do Criador na terra.
Sábado à noite – O Anjo da Vida Eterna
Para os Essênios, o propósito do universo só pode ser a Vida Eterna, a imortalidade, que o homem realiza criando progressivamente a condições de seu avanço para os degraus mais e mais altos de sua evolução inpidual. Para eles não haviam limites para este progresso, uma vez que o cosmo tem um suprimento inesgotável de energias disponíveis ao homem.
Domingo à noite – O Anjo do Trabalho Criativo
Era dedicada a todas as grandes coisas criadas pelo trabalho humano, as obras primas da literatura, da arte, da ciência, da filosofia.
Segunda-feira à noite – O Anjo da Paz
Consistia na profunda intuição do homem em relação à paz dentro de si mesmo e com todo o universo infinito, para eles a paz era um dos tesouros mais preciosos do homem.
Terça-feira à noite – O Anjo do Poder
Os Essênios entendiam que o universo inteiro era como um oceano cósmico de vida, no qual correntes de poder estão sempre unindo todas as formas de vida em todos os planetas e ligando o homem a todos os outros organismos.
Quarta-feira à noite – O Anjo do Amor
Para eles o amor era o mais elevado sentimento criativo e sustentavam que um oceano cósmico de amor existe em toda a parte unindo todas as formas de vida, e que a própria vida é uma expressão de amor.
Quinta-feira à noite – O Anjo da Sabedoria
Eles acreditavam que o pensamento penetra todo o espaço e era a mais poderosa e elevada de todas as energias, que nunca se destruía e nunca se perdia.
Cada comunhão dentre as quatorze representava o equilíbrio entre o homem que a realiza e o anjo, ou energia, com quem ele comunga.
Antes de proferir as palavras da comunhão o Essênio repetia solenemente:
“Entro no Jardim eterno e Infinito com reverencia ao Pai celestial, à Mãe Terrena e aos Grandes Mestres, reverencia ao santo, puro e salvador ensinamento, reverência à irmandade dos eleitos”.
Para ser um Essênio, o pretendente era preparado desde a infância na vida comunitária de suas aldeias isoladas. Só se obtinha a qualidade de membro da irmandade após um período probatório de um ano e após três anos de trabalho iniciatório, seguindo de mais sete, em que se recebia o pleno ensinamento superior. Já adulto, o adepto após cumprir várias etapas de aprendizado, recebia uma missão definida que ele deveria cumprir até o fim da vida. Costumes da doutrina dos Essênios são ainda praticados hoje em dia em muitas formas: nos rituais dos maçons, como no castiçal de sete braços e na saudação “ a paz esteja contigo”, usada desde o tempo de Moisés. Vestidos com roupas brancas, ficaram conhecidos em sua época como aqueles que “são do caminho”. Foram fundadores dos abrigos denominados “beth-saida”, que tinham como tarefa cuidar de doentes e desabrigados de epidemia e fome. Os beth-saida anteciparam em séculos os hospitais, instituição que tem seu nome derivado de hospitaleiro, denominação de um ramo Essênio voltado para a prestação de socorro às pessoas doentes, ou seja fizeram obras que refletem até os dias de hoje.
O MESTRE VERDADEIRO
Os Essênios veneravam à misteriosa figura do Mestre verdadeiro, ou o Mestre da Retidão, que o saudavam como “o Homem”, e era reverenciado como profeta, sacerdote e rei. O que nunca se chegou a esclarecer, apesar dos esforços dos eruditos, é quem foi na realidade o Mestre Verdadeiro e quando viveu, uma vez que se admite historicamente a sua existência somente com os manuscritos do Mar Morto. O Mestre permaneceu envolto em profundo mistério; um esteio religioso e uma figura paterna que se esquivou de ser identificado graças a veneração que o manteve incógnito fora da ordem dos iniciados da irmandade, no entanto ele foi uma figura marcante para a época.
O referido Mestre emergiu do desenrolar de um conflito entre um hebraísmo puritano e um helenismo hedonista. Este conflito atingiu seu clímax no século II a. C., com a perseguição do monarca Selêucida, o que levou a profanação do Templo de Deus em Jerusalém, convertendo-o em santuário do Deus Olímpico. Fugindo dessa situação, os Essênios mudaram de país para terem liberdade de preservar a pureza da prática de sua religião. Encontraram refugio no deserto, onde se juntaram a eles o Mestre Verdadeiro e mais alguns seguidores. O Mestre impôs para os exilados um severo código de conduta judaica, propondo-lhes o juramento de uma Nova Aliança.
Fica então a pergunta: como a figura do Mestre Verdadeiro, cuja influência não é reconhecida até os dias de hoje? Como um homem assim conseguiu escapar da rede dos biógrafos? Não é preciso procurar longe a razão disso. Os Essênios constituíam uma sociedade fechada, que lidavam com mistérios e colocavam barreiras no caminho dos não-iniciados, usando disfarces e referencias incertas. Com certeza isso contribuiu para o favorecimento desse mito.
JESUS CRISTO – Dos 13 aos 30 anos
Filho de José, o carpinteiro, e de Maria, ambos Essênios de primeiro grau, Jesus passou a sua infância como as demais crianças, sobressaindo todavia, pela extrema bondade e inteligência. Sua vida é conhecida até os 12 anos e, posteriormente ao iniciar Seu apostolado. O período compreendido entre essas duas fases permaneceu ignorado, sem qualquer informação documentada. Segundo opinião de vários autores, teria Ele passado esse tempo entre os Essênios, um pequeno grupo de homens que viviam as margens do Mar Morto, e cujas colônias estendiam-se até o Nilo. No meio da corrupção que imperava, os Essênios conservavam a tradição dos Profetas e o segredo da Pura Doutrina. De costumes irrepreensíveis, moralidade exemplar, pacíficos e de boa fé, dedicavam-se ao estudo espiritualista, a contemplação e a caridade. Supõe-se que Jesus teria sido iniciado por eles. Consta que a imposição de mãos, tão empregadas nas sua curas, tenha sido aprendido com os Essênios. Completado o aprendizado entre os Essênios, submeteu-se ao batismo público de João Batista, para testemunhar um ato de humildade e respeito com o profeta que ousava enfrentar a ira do poder constituído, a fim de despertar o povo de Israel da letargia.
Eram dez os graus dos Essênios, sempre respeitando aprendizado e tempo, Jesus e João Batista atingiram o grau máximo com apenas 21 anos, levando em consideração que um Essênio comum só obtinha esse conhecimento por volta dos 70 anos, podemos notar o alto nível de progresso dos mesmos na seita.
Quase dois mil anos se passaram desde que o Filho do Homem ensinou o Caminho, a Verdade e a Vida para a humanidade. Ele trouxe saúde para os doentes, sabedoria para o ignorante e felicidade para os que haviam caído em desgraça.
Meus Irmãos para finalizar esse trabalho gostaria de deixar uma mensagem a todos nós Maçons desta Oficina, lembrando os ensinamentos dos Essênios e também da Lei Única falada tantas vezes aqui hoje: vamos nos unir em busca da perfeição, do equilíbrio, do estudo, da moral. Todas as nossas dificuldades advém do afastamento desses conhecimentos, vamos juntos darmos as mãos e fazermos desta Loja Maçônica uma verdadeira escola de aperfeiçoamento, nesse momento é preciso sermos mais práticos, objetivos e nos voltarmos aos verdadeiros ensinamentos da Ordem, um tanto esquecidos nos dias atuais.
Trabalho realizado por Marcos Antônio Gomes (marcos@shoppingdoescritorio.com.br), Ir.´. Homero em 09/03/2000 e pesquisado nos seguintes livros: Harpas Eternas, Os Ensinamentos dos Essênios, O Socialismo Religioso dos Essênios, Os Essênios, A Odisséia dos Essênios, O Caminho dos Essênios e pesquisas na Internet.

Uma Fábula de NATAL

Certo homem, chamado Mogo, costumava olhar o Natal como uma festa sem o menor sentido. Segundo ele, a noite de 24 de dezembro era a mais triste do ano, porque várias pessoas se davam conta de quão solitárias eram, ou da pessoa querida que havia morrido naquele ano.



    Mogo era um homem bom. Tinha uma família, procurava ajudar o próximo, e era honesto nos negócios. Entretanto, não podia admitir que as pessoas fossem tão ingênuas a ponto de acreditar que um Deus havia descido à Terra só para consolar os homens.
Sendo uma pessoa de princípios, não tinha medo de dizer a todos que o Natal, além de ser mais triste que alegre, também estava baseado numa história irreal - um Deus se transformando em homem.
Como sempre, na véspera da celebração do nascimento de Cristo, sua esposa e seus filhos se prepararam para ir à igreja. E, como de costume, Mogo resolveu deixá-los ir sozinhos, dizendo:
- Seria hipocrisia da minha parte acompanhá-los. Estarei aqui esperando a volta de vocês.
Quando a família saiu, Mogo sentou-se em sua cadeira preferida, acendeu a lareira, e começou a ler os jornais daquele dia. Entretanto, logo foi distraído por um barulho na sua janela, seguido de outro e mais outro. Achando que era alguém jogando bolas de neve, Mogo pegou o casaco e saiu, na esperança de dar um susto no intruso.


    Assim que abriu a porta, notou um bando de pássaros que haviam perdido seu rumo por causa de uma tempestade, e agora tremiam na neve. Como tinham notado a casa aquecida, tentaram entrar, mas, ao se chocarem contra o vidro, machucaram suas asas, e só poderiam voar de novo quando elas estivessem curadas.
"Não posso deixar essas criaturas aí fora", pensou Mogo. "Como ajudá-las?"
Mogo foi até a porta de sua garagem, abriu-a e acendeu a luz. Os pássaros, porém, não se moveram. "Elas estão com medo", pensou Mogo . Então, tornou a entrar em casa, pegou alguns miolos de pão, e fez uma trilha até a garagem aquecida. Mas a estratégia não deu resultado. Mogo abriu os braços, tentou conduzi-los com gritos carinhosos, empurrou delicadamente um e outro, mas os pássaros ficaram mais nervosos ainda, começaram a se debater andando sem direção, pela neve e gastando inutilmente o pouco de força que ainda possuíam. Mogo já não sabia o que fazer.
- Vocês devem estar me achando uma criatura aterradora - disse, em voz alta:
- Será que não entendem que podem confiar em mim? Desesperado gritou:
- Se eu tivesse, neste momento, uma chance de me transformar em pássaro só por alguns minutos, vocês veriam que eu estou realmente querendo salvá-los!


    Neste momento, o sino da igreja tocou, anunciando a meia-noite. Um dos pássaros transformou-se em anjo, e perguntou a Mogo:
- Agora você entende por que Deus precisava transformar-se em homem?
Com os olhos cheios de lágrimas, ajoelhando-se na neve, Mogo respondeu:
- Perdoai-me anjo.Agora eu entendo que só podemos confiar naqueles que se parecem conosco e passam pelas mesmas coisas pelas quais nós passamos.


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Gênesis 1

 

No princípio criou Deus os céus e a terra.

E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.
E disse Deus: Haja luz; e houve luz.
E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.
E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.
E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas.
E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi.
E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo.
E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca; e assim foi.
E chamou Deus à porção seca Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares; e viu Deus que era bom.
E disse Deus: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente está nela sobre a terra; e assim foi.
E a terra produziu erva, erva dando semente conforme a sua espécie, e a árvore frutífera, cuja semente está nela conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom.
E foi a tarde e a manhã, o dia terceiro.
E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos.
E sejam para luminares na expansão dos céus, para iluminar a terra; e assim foi.
E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e fez as estrelas.
E Deus os pôs na expansão dos céus para iluminar a terra,
E para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas; e viu Deus que era bom.
E foi a tarde e a manhã, o dia quarto.
E disse Deus: Produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente; e voem as aves sobre a face da expansão dos céus.
E Deus criou as grandes baleias, e todo o réptil de alma vivente que as águas abundantemente produziram conforme as suas espécies; e toda a ave de asas conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom.
E Deus os abençoou, dizendo: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei as águas nos mares; e as aves se multipliquem na terra.
E foi a tarde e a manhã, o dia quinto.
E disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie; gado, e répteis e feras da terra conforme a sua espécie; e assim foi.
E fez Deus as feras da terra conforme a sua espécie, e o gado conforme a sua espécie, e todo o réptil da terra conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom.
E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.
E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento.
E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento; e assim foi.
E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto.

A Catedral e o Aprendiz

A construção de uma edificação é algo que envolve muito trabalho, muito empenho, e sobretudo o domínio de técnicas precisas transmitidas por alguém, para quem o ofício já não tenha segredos, para outro alguém ignorante no ofício no qual se iniciou, e com um longo caminho na sua frente rumo à perfeição.
O ofício, qualquer um, precisa não só de quem tenha conhecimentos para nele atuar, mas também de certos utensílios essenciais à realização das tarefas.
A tarefa do Aprendiz começa, desde logo, por ser, a identificação desses utensílios: o que são, como se chamam, para que servem, quando se utilizam e finalmente como se utilizam.
O Aprendiz, em regra, alguém que pensaria ter conseguido o mais difícil, isto é, o ingresso no seio de uma comunidade especial, porque diferente de outras, constata ter de se empenhar, pela aprendizagem com uma entrega total, sob pena de, não merecer a confiança nele depositada para aceder ao conhecimento.
Estes quatro parágrafos são diretamente aplicáveis a qualquer um, a qualquer sociedade organizada, seja ela de caráter profissional, social, filantrópico, etc.
Na antiguidade, já os Romanos legislaram no sentido das profissões serem hereditárias, impedindo-se, desse modo, a extinção de algumas delas. Na Idade Média as profissões organizaram-se em Corporações ou ofícios, nos quais poucos tinham o ensejo de ingressar, tal a necessidade de cada corporação guardar ciosamente os seus segredos, os seus conhecimentos.
Tal aconteceu com os Pedreiros franceses, os Maçons, ou Arquitetos, responsáveis pelas construções de Catedrais.
Os seus ensinamentos só eram transmitidos a Aprendizes, sendo estes, homens de características especiais, a quem tinham sido reconhecidas capacidades de integrar uma comunidade tão ecléctica.
Essa comunidade era a Maçonaria operativa. Os Maçons eram então autênticos edificadores, construtores ou arquitectos dos mais belos monumentos que ainda hoje se podem admirar.
Construções sólidas, duradouras, quase intemporais, encerrando em si um saber acumulado, só desvendado ou acessível a muito poucos.
A Maçonaria, hoje, já não é operativa, mas sim filosófica.
O Aprendiz Maçon tem porém que percorrer o caminho da sua iniciação, assim como percorreu o caminho que a antecedeu, enquanto profano, livre e de bons costumes.
O templo, também conhecido por loja, é o espaço físico onde ele e os seus demais irmãos, uns Aprendizes, como ele, outros já Companheiros, outros ainda Mestres, se reúnem fraternalmente e em comunhão espiritual desenvolvem os seus trabalhos.
Essa é, porventura, a catedral da comunidade iniciática a que pertence. Aí é a fonte onde o Aprendiz saciará a sua sede de aprendizagem. Aí será onde uma mão amiga o amparará e guiará na senda do seu aperfeiçoamento.
Esse Templo é o lugar sacralizado orientado segundo a discrição bíblica do Templo de Salomão. Todos os templos maçonicos são iguais, contêm os mesmos signos visuais. Mas cada templo possui um espírito particular que caracteriza a respectiva assembleia de maçons.
É então aqui, no nosso Templo, que estamos a coberto da indiscrição dos profanos, onde não "chove", e onde nos sentimos seguros na senda da descoberta das verdades e dos mistérios da nossa congregação.
A Catedral que o Aprendiz procurará construir, então qual é ?
Encomendas como na Idade Média já não existem. A catedral do colectivo, o templo ou loja, essa está já construída, e a ser aperfeiçoada com o contributo de todos os irmãos, através da sua participação.
Verdadeiramente a Catedral que o Aprendiz terá de construir é a sua própria Catedral interior. De pedra bruta, o Aprendiz terá de desbastar o seu potencial interior, ainda disforme, e imperfeito.
Que a sabedoria do Oriente me ilumine, ao desbastar a minha pedra disforme, que a força não me falte, neste trabalho interior, e, no final, que a beleza seja seu apanágio, e a minha catedral estará pronta.
Que a minha postura, perante a vida, e os outros, seja tão recta quanto o é o esquadro; Que, enquanto Maçon, eu me mantenha solidariamente equidistante dos homens, tal compasso cujo desenho geométrico perfeito, simboliza, o maçon, na extremidade cujo movimento de rotação se opera sobre si, para desenhar o círculo. Que eu seja aprumado e me mantenha ao nível de os meus irmãos me considerarem digno de me considerar entre iguais, no seu seio. E tal como a colher do pedreiro alisa a superfície irregular, eliminando as suas imperfeições, assim espero, tal como ela, conseguir suprimir os meus, muitos defeitos, aperfeiçoando, o meu caracter.
Estes signos maçónicos, o esquadro, o compasso, o nível, o prumo a colher de pedreiro, serão os meus utensílios que comigo transportarei para usar no meu trabalho interior, para construir a minha Catedral Interior, na certeza que a Catedral de todos os meus irmãos será o somatório da catedral da cada um de nós.
Sei irmãos o longo caminho a ser percorrido no trilho da Maçonaria simbólica, constituída pelos 3 graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. O fim deste trilho apenas significará o início de um outro representado pelo Maçonaria Filosófica.
Como comunidade ecléctica que somos o reconhecimento entre nós é feito com sinais e palavras próprias, para que os profanos não se arroguem qualidades que não têm perante nós. E também para que de entre nós não invoquemos graus aos quais não acedemos ainda.
Isso só deverá ser possível depois dos nossos irmãos Mestres acharem que está chegada a altura. Será chegada a minha vez de ultrapassar os meus 3 anos maçónicos de idade ?